Ataque às artes tem como objetivo esconder reais problemas do brasil. Por Márcia Tiburi
Em um depoimento publicado no Facebook, na página dos Jornalistas Livres, a escritora e filósofa Marcia Tiburi ressalta que “a postura que muitas pessoas vêm tendo em relação às artes não é apenas a falta de conhecimento. é uma postura
antiética, imoral e uma postura que mistifica a má fé”. A afirmação é uma crítica direta ao patrulhamento que tem levado ao fechamento e cancelamento de exposições e peças teatrais, além da difamação de artistas por parte de uma parcela ultraconservadora da população.
Para ela, o que vem acontecendo com as artes no momento “é significativo”. “O real motivo que levou ao fechamento da mostra “Queermuseu” em Porto Alegre é político. O que movimentos tais como o MBL (Movimento Brasil Livre) querem é publicidade neste momento. Em termos bem simples é o que você chama de querer aparecer, é o que se busca em um momento onde a política foi transformada em pura publicidade. Quando você não tem conteúdo, não entende nada de política, nem de sociedade, nem de economia e nem de arte é melhor jogar com a mistificação”, analisa.
“Eu gostaria de sugerir que nesse momento em que o Brasil é levado à histeria política e ao caos, que as pessoas pudessem voltar a si e buscar uma abordagem mais razoável”, diz Marcia. “Arte é algo que faz bem, melhora a sensibilidade, a inteligência, o agir no mundo”, completa. No vídeo, a filósofa destaca que recentemente uma obra foi recolhida de uma exposição pela polícia depois que deputados registraram uma ocorrência contra uma obra cujo título é “Pedofilia”.
“Qual foi o raciocínio que os deputados do Mato Grosso do Sul (que pediram o confisco de obra da exposição “Cadafalso”, da artista Alessandra Cunha, em Campo Grande) tiveram? Eles viram o título e, por indução, entenderam que a obra era pedofilia, que ao invés de questionar, ela incitava. Na verdade, se vocês virem a pintura, é até uma obra ingênua, que remete à solidão e ao abandono da criança quando se encontra numa situação de abuso”, observa.
“A televisão vem vendendo opiniões baratas junto com movimentos que brincam com a nossa ingenuidade. Não sejamos os otários que compram ideias prontas só por que parecem baratas ou fáceis de digerir. Fiquemos atentos, a nossa alma vale muito e tem muita gente, desde sempre, tentando capturá-la”