Bigod ilustra cartilha infantil no Projeto Tessituras do saber: patrimônio, memória e identidade
O projeto Tessituras do saber: patrimônio, memória e identidade lança ciclo de ações sobre educação patrimonial, coordenado pela cientista social e administradora, Adriana Cerqueira e conta com a participação da Mestre em Cultura e Sociedade, Historiadora, Pedagoga, Especialista em História e Cultura Baiana, Magnair Barbosa e da Mestre em Estudos Étnicos e Africanos, Cientista Social e Especialista em metodologia de Ensino sobre Estudos Étnicos e Africanos, Nívea Alves Santos, na elaboração das duas cartilhas.
Contemplado no Prêmio Jaime Sodré de Patrimônio Cultural, da Fundação Gregório de Mattos, Prefeitura de Salvador, por meio da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, com recursos oriundos da Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo, Governo Federal, a proposta foi idealizada a fim de contribuir no processo de entendimento sobre o que é patrimônio cultural, por meio de um e-book para o público
adulto, uma cartilha voltada para o público infanto-juvenil, com ilustração do grafiteiro Bigod, que conseguiu com arte e maestria, representar os bens patrimonializados da cidade em desenhos que mostram de maneira lúdica, impressionando pela representação fidedigna dos reais, e uma live de lançamento, que vai apresentar todo material.
A ideia principal é disseminar informações, a partir de conceitos e delimitações sobre patrimônio cultural, com linguagem leve e acessível. Para ilustrar essa linha de pensamento, foram listados e catalogados todos os bens culturais patrimonializados na cidade do Salvador, até 2020, por meio da Lei Municipal nº 8.550/2014 e os meios de preservação cultural.
O objetivo é que qualquer cidadão, de todas as idades, seja capaz de promover essa identificação e, na sequência, o (re)conhecimento do que vem a ser um bem cultural, para depois despertar, em cada pessoa, atitudes e consciência de cidadania e, consequentemente, valorização e preservação desses bens.
A partir do dia 18/05, a cartilha/e-book para adultos estará disponível gratuitamente no Instagram @cavalo_marinho_sociocultural e no site da FGM.
No dia 20/05, às 19h, no Youtube da FGM, acontece a live de lançamento, para apresentar as cartilhas e contará com a participação de Adriana Cerqueira, Magnair Barbosa e Nívea Alves Santos.
Já dos dias 24 a 28/05, acontece a distribuição gratuita das cartilhas infantis, nas unidades escolares da rede municipal de ensino, com cronograma e logística alinhados com a Secretaria Municipal da Educação (SMED), inclusive escolas localizadas na Ilha de Maré e em comunidades quilombolas.
Tessituras do Saber: patrimônio, memória e identidade
Adriana Cerqueira, proponente do projeto, acredita que “a proposta atende as linhas de ação, formação e memória, tendo em vista a necessidade de conhecimento acerca das definições em torno do patrimônio cultural, campo delimitado que requer instrução a fim de que seja possível reconhecer os seus conceitos, sentidos e significações, por meio de uma orientação técnica, com linguagem mais acessível para o cidadão soteropolitano.”.
Cerqueira alerta para a importância de “desmistificar a ideia de que patrimônio cultural é assunto apenas para estudiosos e pesquisadores. Falar de cultura, identidade, patrimônio, referências culturais, saberes, memória coletiva, oralidade, diversidade cultural, preservação, monumentos, salvaguarda, são questões de cidadania e podem promover uma mudança no comportamento de cada pessoa, desde como olham para a cidade em que vivem, como o cuidado com cada bem que entenderá ser algo que tem um motivo para estar ali e registra parte da história desse lugar e da construção de quem somos. É nossa história, ali.”.
Magnair Barbosa explica que “é muito importante envolver o público infanto-juvenil e despertar nessas crianças o interesse, por meio da informação. O conhecimento é capaz de promover uma verdadeira transformação, alcançando uma parte da população que vai crescer reconhecendo, não apenas os patrimônios culturais da cidade, como identificando em cada um desses bens, a sua própria história, sua identidade, o sentimento de pertencimento. E, isso, com certeza, firma base de um povo mais ativo em defesa dos seus direitos e conscientes dos seus deveres. A educação eleva!”.
Barbosa afirma ainda que “pensar, elaborar e desenvolver uma cartilha impressa, voltado ao público infanto-juvenil trouxe um desafio natural: como falar de maneira instigante, para um público que tem tudo aparentemente fácil no mundo virtual? Como eu sou apaixonada pela área de patrimônio cultural, falar sobre o assunto não era o problema. Encarado o desafio e com a parceria de Bigod, que desenhou os bens e os personagens de maneira tão fidedigna e ao mesmo tempo, lúdica, vendo a cartilha diagramada e ilustrada, tudo ali, a sensação não foi de missão cumprida e sim de: sim, eles vão amar! E, com isso, a certeza de que estamos no caminho certo e podemos colaborar para que esses jovens se reconheçam em cada página e, depois, nas ruas, nos bairros, no próprio seio familiar, nos grupos que fazem parte , identifiquem que aquilo tudo é real e simbolizam partes da nossa história.”.
Já Nivea Alves, traz que “fazer parte do projeto foi deveras interessante por contribuir de forma efetiva para o conhecimento em torno de um tema tão caro e por vezes esquecido pela sociedade, que é o patrimônio cultural. Esse patrimônio que é vivenciado por toda a sociedade, mas por vezes não valorizado da forma como deveria ser. Então foi para mim a oportunidade de compartilhar informações e contribuir para a valorização e preservação desses bens culturais tão caros para a sociedade como um todo.”.
E, para quem pergunta o que os interessados podem esperar, Nivea responde que a todo o material pretende “abrir um leque de conhecimento acerca da construção de políticas públicas para a preservação e salvaguarda do patrimônio cultural e de que forma a sociedade pode atuar enquanto agente para promover a valorização e proteção desse patrimônio.”.
Bigod, fala que ilustrar a cartilha infantil “foi muito divertido! A gente que é grafiteiro, tem esses monumentos de cabeça, pelos desenhos, pelas curvas… lugares que a gente pode pintar e, aí, tem que saber se é tombado ou não. Fazer essas ilustrações, desses monumentos que ficam em meu caminho, locais que passo e vejo, foi bom demais! Saber que a capoeira foi considerada imortal, que nossos ícones aqui da Bahia são patrimônio histórico, alguns até reconhecidos mundialmente. Isso me deixou muito feliz.”
Bigod precisou criar e dar vida a três personagens infantis, que perpassam por toda obra. A inspiração, para ele, vem do dia a dia: “criar os três personagenzinhos, que são a cara dos meninos aqui da quebrada, aqui da comunidade. Eu vejo cada um deles aqui, por aqui, com a curiosidade e a vontade de querer saber por onde eu estava, por onde andei, ‘pintou onde? Pintou o que hoje?’, por causa do grafite. Eu trago muito para a ilustração, aquilo que eu vivo com o grafite, aquilo que eu vivo na rua. Quando eu vi que a Pedra de Xangô não tinha desenho, que os terreiros não tinham desenho, coisas das nossas raízes que não têm desenho… são só fotos e a oportunidade de ilustrar tudo isso foi muito importante, os bens tombados, até o imaterial, como a capoeira.”.
Ele ainda afirma que “para a gente, como artista da terra, é muito forte, desenhar aquilo que a gente viu desde pequeno e que nem sabia se era tombado ou não. Tudo isso que a gente vive, que a gente respira, a capoeira, a história, o axé, a Bahia. Isso inspira e retroalimenta a gente. Os desenhos vão para fora, para o mundo, mesmo a gente estando aqui, e fica o registro da parte da história contada por um artista da terra, a gente tem esse papel de mostrar, com as palavras e com o desenho, o que antes era só a casa grande, a nossa realidade!”
SERVIÇO
O que: Disponibilização da cartilha/e-book Tessituras do saber: patrimônio, memória e identidade, para adultos
Quando: 18/05
disponível gratuitamente no Instagram @cavalo_marinho_sociocultural e no site da FGM
O que: Live de lançamento do projeto sobre Educação Patrimonial Tessituras do saber: patrimônio, memória e identidade e contará com a participação de Adriana Cerqueira, Magnair Barbosa e Nívea Alves Santos
Quando:20/05, às 19h
Onde:Youtube da FGM
O que: Distribuição das cartilhas infanto-juvenisTessituras do saber: patrimônio, memória e identidade, com ilustração de Bigode folhetos, orientando os professores do fundamental II, da rede municipal de ensino, usarem sala com os alunos
Quando:24 a 28/05
Onde: unidades escolares, com cronograma e logística alinhados com a Secretaria Municipal da Educação (SMED), incluindo escolas localizadas na Ilha de Maré e em comunidades quilombolas
Foto: Paulo Telles