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Brincando de primeiro de abril. Zuggi Almeida

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Zuggi_Almeida

Em 1º de abril de 1964, uma mentira foi transformada na mais dura, sinistra e torpe realidade que permaneceu por 25 anos acinzentando a vida do Brasil.

Sob, o pretexto de combate ao avanço comunista nas instituições nacionais, a elite finanaceira e política do país contando com o apoio da mídia tradicional possibilitou que as Forças Armadas retirassem da presidênia da Républica, o civil João Goulart e implantasse uma Ditadura Militar que perdurou até o ano de 1985.
As verdades reveladas das atrocidades cometidas nos porões da ditadura, as torturas praticadas contra mães diantes dos seus filhos, os estupros, os choques elétricos nas partes genitais, as mortes e os desaparecimentos de corpos são atestados vivos que o regime militar e seus representantes praticaram os mais diversos tipos de crimes contra a humanidade. Isso é real.

A mentira sempre esteve presente nos atestados de óbitos emitidos por legistas envolvidos nas torturas, nas negações das prisões praticadas contra opositores do regime, nos artigos publicados pela grande imprensa ou nos confrontos armados que mascaravam as execuções puras e simples de cidadãos. A verdade ficou pra revelar 434 militantes mortos ou desaparecidos – só 33 corpos foram encontrados; os mais de 8.000 indígenas assassinados, os casos de loucuras de torturados e os suicídios praticados por aqueles que sofreram as violências dos cárceres.

Hoje, 1º de abril de 2019, após 55 anos, a mentira mais uma vez é protagonista de um período nebuloso da história política nacional. A mesma elite política e financeira, lá de 1964 ( lembram-se?), com representantes daquela velha imprensa da mesma época assumiu o controle do poder através de um golpe derrubando mais um presidente eleito de forma democrática, a petista Dilma Rousseff e trazendo a reboque, o valoroso Exército Brasileiro da primeira hora.

O argumento: de novo, “a tal da ameaça comunista” andava perturbando as tradições e a tranqulidade da família brasileira e foi preciso fazer outra intervenção, porém, adequada aos novos tempos tecnológicos onde é possível substituir um tanque de guerra por um computador para o devido convencimento das massas.

A mentira retorna, agora, maquiada e triunfante sob o formato das ”fake news” , prende o Lula e elege um obtuso representante das Forças Armadas como presidente da República Federativa do Brasil. Tudo nos conformes, inclusive através do voto popular manipulado ( dessa vez, a mentira conseguiu superar ela mesmo), vide, as declarações do capitão eleito que afirma que nem ele acreditava na própria vitória. Isso é real.

Agora, o Bolsonaro querer negar que houve a Ditadura Militar no Brasil ?

Ele deve estar brincando de Primeiro de Abril !

* zuggi almeida é um escritor e roteirista baiano.

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