Cada gente esquisita nessa tal de flip. Por Luiz Antonio Simas
Elegi os cinco melhores – e elegantes – comentários ao texto do UOL sobre minha fala na Flip. A quantidade de gente do tipo “maluco do comentário” que sai xingando na internet é uma coisa incrível.
Já sabia disso desde que o jornalzinho do Malafaia publicou um texto meu pedindo que me respondessem e os fiéis do sujeito me xingaram de tudo. Cheguei a ser – em um comentário delirante – exorcizado virtualmente.
Na Flip, em certo momento, pouco mais de 4 minutos de um debate de uma hora e meia, falei da umbanda (a pergunta era sobre um texto do Lima Barreto a respeito das crenças populares suburbanas) e disse, evocando tempos mais tolerantes , que as giras de Seu Sete da Lira misturavam a Ave Maria de Gounaud e curimbas (exemplifiquei com um pequeno ponto). Bastou entrar a umbanda na roda – essa coisa de bárbaros incultos – e sobrou pra mim. Piorou porque confessei ter bebericado uma cachacinha de Paraty antes de começar o debate (oferecida gentilmente pelos organizadores).
– luiz antonio simas é um sujeito INÚTIL!
– quero saber o nome do cônego que permitiu essa patacoada.
– devia ser condenado e preso por vilipêndio.
– cada gente esquisita nessa tal de flip.
– cruz credo!
O campeão, para mim, é o “cruz credo”. Em segundo, o do sujeito que defende minha prisão por vilipêndio. O “cada gente esquisita” também é interessante. O do inútil talvez esteja com a razão e o cônego não tem nada com isso.
A macumba é a mais tolerante, inclusiva e original invenção brasileira para se mirar o mundo. E ela é afro-ameríndia: pajelança , jurema, omolocô, cristianismo popular, catimbó, mundo virado em encantaria , subversão da morte e da dor em alegria, dança, festejo e liberdade.
Talvez por isso esteja sendo devastada. É demasiadamente sofisticada para tempos boçais.