Coletivo Carrinho de Mão lança projeto “Feito à Mão” de dança, literatura e acessibilidade para crianças
Pensar sobre as mãos, substantivo feminino, membros superiores do corpo humano, é resgatar uma trajetória de evolução da espécie humana, que através das habilidades de pinçar e segurar objetos, possibilitam as mais diversas expressões e criações: mãos que constroem casas, que desenham, que criam tecnologias, que comunicam, que andam. Trazendo todas essas possibilidades para a
expressão artística, o Coletivo Carrinho de Mão, que desde 2019 se entende enquanto coletivo mas que desde 2010 produz espetáculos que atentam para a acessibilidade, promove junto a Giro Planejamento Cultural o projeto “Feito à mão”, pesquisa que relaciona dança, acessibilidade e a criança, uma série de vídeos de ações performativas que exploram as “Mãos como imagem” e as “Mãos como encontro”. Os vídeos estão sendo lançados como desafios durante os meses de julho e agosto, através do Instagram (@feitoamao_danca) e do TikTok (@feitoamao_danca). O objetivo maior, além de estimular a criação artística das crianças, é impulsionar elas e seus responsáveis a criar conteúdos audiovisuais em resposta, que serão utilizados como material de pesquisa para a criação de um vídeo-espetáculo do coletivo Carrinho de Mão. Todo o conteúdo postado terá audiodescrição e/ou tradução em libras, além de legendas acessíveis para todo o público.
Os desafios audiovisuais foram criados por integrantes do Coletivo Carrinho de Mão, composto por Cintia Santos, Edu O, Lucas Valentim, Nei Lima e William Gomes em parceria com os artistas convidados Elinilson Soares, Anderson Santana, Sibele Bulcão, Evandro Bispo, Aldren Lincoln e Jéssica Damasceno. São pílulas de 30 segundos que se relacionam com dois temas: “Mãos como imagem” e “Mãos como encontro”. O primeiro eixo consiste em proposições criativas que abordam os símbolos, signos, representações, traduções e outras possibilidades imagéticas. “Acredito que Feito à Mão seja um marco aqui em Salvador porque estamos pensando a acessibilidade desde a escrita do projeto, promovemos formação em Libras e audiodescrição para a equipe, temos pessoas com deficiência física, auditiva e visual em par de igualdade com as pessoas sem deficiência do projeto. Isso é muito importante porque não é uma acessibilidade pensada para depois, é construída a todo tempo e com pessoas com deficiência ocupando diversos espaços com autonomia e participação ativa”, afirma Edu O, artista da dança, performance, teatro, escritor e professor de dança.
O segundo eixo, que compreende as mãos como encontro, é trabalhado como ambiente de afeto: carinho, briga, raiva, tensão, etc. Também serão realizadas ações performativas tal qual uma dança de mãos dadas, que vai convocar a replicação nas redes sociais, para que outras pessoas possam reproduzir suas próprias versões do vídeo.
ESTÍMULO À EXPRESSÃO ARTÍSTICA DAS CRIANÇAS: esta ação de vídeos do “Feito à mão” tem como objetivo ampliar o máximo possível o alcance do projeto. Além da difusão ampla nas redes sociais e no YouTube, as pílulas serão encaminhadas diretamente para instituições específicas, como escolas e espaços que desenvolvem trabalhos com crianças surdas localizadas em diversas localidades da cidade de Salvador, com o intuito de cultivar uma relação duradoura com estes lugares. A acessibilidade é elemento fundamental do projeto, já que desde a sua criação o Coletivo Carrinho de Mão compreende a importância de uma arte feita para o maior número de pessoas possível, com todas as suas pluralidades.
DESDOBRAMENTOS DO PROJETO: o “Feito à Mão” realizou oficinas de criação em dança com crianças que geraram desenhos, imagens e movimentos. Tudo isso inspirou a criação de poesias escritas e poesias surdas. A partir disso, o projeto também prevê outros desdobramentos artísticos, com previsão de lançamento a partir da segunda quinzena de agosto. O primeiro deles é a exibição de um vídeo-espetáculo “Feito à mão”, que será acessível com audiodescrição e Libras. A ideia é criar uma dramaturgia que explora as ferramentas do audiovisual – e não apenas uma performance gravada. O vídeo será disponibilizado gratuitamente durante 15 dias. Também está previsto a criação de um livro de poesia feito à mão por crianças com e sem deficiência. A obra terá uma tiragem de 1.000 exemplares. Para compartilhar um pouco sobre o processo criativo, a equipe do projeto vai participar de uma live no Instagram do projeto (@feitoamao_danca).