Aldeia Nagô
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Como combater a corrupção por Luis Nassif

3 - 4 minutos de leituraModo Leitura

Em sua carta de demissão do Ministério
da Agricultura, Wagner Rossi denuncia a onda de escândalos que se
abateu sobre ele. É um documento para se ler e refletir.


Durante
semanas foi exposto a denúncias diárias. Seu rosto tornou-se capa da
Veja, com retoques para que parecesse um desses vilões de filmes de
Batman.

Segundo
a carta, auxiliares dele foram procurados por repórteres com propostas
típicas do estilo Murdoch: seriam poupados de denúncias se topassem
denunciar o chefe. Em nenhum momento foi-lhe dado direito de resposta.

Ficaram
expostos família, filhos, amigos. Seus netos passaram a ser
discriminados na escola. Enquanto não pedisse demissão, não cessaria
esse suplício.

Ele
atribui a campanha a José Serra, segundo ele único político capaz de
utilizar a revista "Veja" e a "Folha" para esses ataques. A intenção
seria política: destruir a aliança com o PMDB que garante a
tranquilidade política do governo Dilma Rousseff.

Nesses
festivais de denúncias, jamais há a intenção de resolver problemas
estruturais, eliminar vazamentos, corrigir desvios. Alguns veículos
dependem fundamentalmente de denúncias para obter sobrevida editorial,
intimidar adversários. Interessa passar a ideia de que a corrupção é
endêmica, existe por toda a parte e que os veículos são os guardiões da
moralidade.

O
caminho para se corrigir desvios existe e é frequentemente deixado de
lado porque não rende matérias e foge ao objetivo de usar as denúncias
politicamente.

O
primeiro passo é identificar os setores vulneráveis, aqueles em que é
mais pulverizada a distribuição de recursos. Fazem parte dessas áreas
críticas a Funasa, o DNIT, a Conab, os convênios públicos. Recentemente,
o jornal "O Globo" publicou boa matéria sobre essas áreas críticas.

O
segundo passo é mudar os processos internos desses órgãos,
parametrizando – isto é, definindo parâmetros para cada processo, seja a
assinatura de um contrato, um convênio ou a compra de um produto.

A
partir daí, informatizam-se os processos e passa-se a ter controle
sobre a situação, identificando responsáveis por liberações, comparando
preços, mapeando o fluxo de liberação dentro de cada ministério.

Assim
que assumiu o governo, Dilma encomendou ao empresário Jorge Gerdau um
trabalho visando a parametrização dos processos na Funasa. A
constituição da Câmara de Gestão tem por objetivo a identificação dessas
áreas críticas.

Ontem
palestrei em um Seminário da Secretaria de Finanças de Fortaleza. O
Secretário Alexandre Cialdini é presidente da Associação dos Secretários
de Finanças de Capitais. Recentemente, recebeu relatório do Banco
Mundial considerando que o Brasil como um todo – governos federal,
estaduais e municipais – tem um dos modelos mais transparentes de
informações do setor público.

Agora,
tem que se avançar na implantação de procedimentos nas áreas críticas
das administrações públicas em geral. E, principalmente, tem que se
montar na sociedade civil observatórios capazes de trabalhar esses dados
e produzir alertas.

Com isso se acabará com a indústria da corrupção – uma praga que beneficia apenas corrompidos, corruptores e denunciadores.

Artigo publicado originalmente em www.luisnassif.com.br

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