Aldeia Nagô
Facebook Facebook Instagram WhatsApp

Contra a universidade, a favor do capital. Por Dante Luchessi

3 minutos de leituraModo Leitura
Dante_Lucchesi

Primeiro MEC tentou retaliar três universidades brasileiras – UFBA, UFF e UnB – com um corte de 30% do seu orçamento, com base em argumentos genéricos e

falaciosos, como a queda nos indicadores, quando todas as pesquisas isentas indicavam uma melhora na performance das três universidades. Na verdade, era um ataque a universidades que têm promovido manifestações contra o fascismo e em defesa da diversidade e das liberdades democráticas. Nada a estranhar em um desgoverno que vive da arbitrariedade e das fake news. Recentemente, Bolsonaro disse que as universidades brasileiras produzem pouca pesquisa, e o pouco que se produz era produzido por universidades privadas. A realidade é que as universidades públicas brasileiras são reconhecidas internacionalmente por sua produtividade e 95% da pesquisa produzida pelas universidades brasileiras é produzido pelas universidades públicas.
Mas a retaliação do MEC era ilegal e inconstitucional, pois desrespeitava os princípios da autonomia universitária e da impessoalidade na gestão pública. Então, o MEC recuou e voltou a atacar, estendendo o corte de 30% a todas as universidades. Com requinte de crueldade, anunciou que o corte poderá ser suspenso, se a reforma da previdência for aprovada.
Com a reforma da previdência, o governo ultraliberal quer retirar um bilhão da aposentadoria dos trabalhadores para entregar ao mercado financeiro e fazer da previdência um grande negócio para os empresários, com o chamado regime de capitalização. Portanto, trata-se mais uma medida contra os trabalhadores e a favor do capital.
As universidades já estão asfixiadas com o violento corte de verbas resultante da PEC aprovada no governo golpista de Michel Temer, que congelou os gatos com educação e saúde por 20 anos – um absurdo que não é feito em nenhum país civilizado do mundo. Mais uma medida contra a população e a favor do capital, pois o dinheiro “poupado” pelo governo com essa PEC “do fim do mundo” tem sido usado para alimentar a orgia da especulação financeira, bancada por juros estratosférico que só o governo brasileiro pratica, para favorecer o capital.
Então, o MEC recua de uma retaliação arbitrária para avançar contra todas as universidades públicas, buscando inviabilizar seu funcionamento, para “justificar” os projetos de privatização que pululam na mente dos que dirigem o atual Ministério da Deseducação, que também quer transformar a educação em um grande negócio, para favorecer o capital.
E aproveita para chantagear a sociedade. Se a reforma que acaba com a previdência pública não for aprovada, as universidades publicas serão inviabilizadas. Ocorre que a atual gestão do MEC tem se caracterizado por voltar sempre atrás em suas medidas estapafúrdias, o que não lhe confere qualquer credibilidade de que vai cumprir a promessa.
O governo Bolsonaro reafirma seu firme propósito de destruir todo o aparato civilizacional brasileiro, buscando instaurar uma sociedade retrograda, autoritária e regida pela lei da selva do capitalismo mais insano e voraz.
Recentemente, Bolsonaro anunciou a intenção de um decreto que permite aos latifundiários assassinar trabalhadores rurais que invadirem suas fazendas, porque segundo Bolsonaro, “o direto a propriedade é sagrado”. Com este decreto, o direito à propriedade estará acima do direito à vida.
No atual governo fascista e ultraliberal é assim: o conhecimento, a diversidade e a própria vida devem ser sacrificados para satisfazer o apetite voraz e infindo do capital.

Dante Luchessi é professor da UFF

Compartilhar:

Mais lidas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *