‘Custo por quilômetro do BRT de Salvador é duas vezes maior que do Rio de Janeiro’, dispara Marta
A vereadora Marta Rodrigues (PT) disse, nesta sexta-feira (9), que a suspensão da licitação das obras do BRT pela Justiça só corrobora as denúncias feitas por ela sobre a subjetividade, falta de informações concretas e de estudos para a idealização do projeto. No entanto, ela pontua ainda problemas mais graves envolvendo o projeto: prevê a construção de quatro elevados somente no trecho 1, indo na contramão do que pregam arquitetos e urbanistas, prevê tamponamentos de rios e possui um valor exorbitante que distoa do que foi gasto com BRTs em outras capitais do país.
Segundo a vereadora, o BRT de Salvador tem o custo mais caro por quilômetro, se comparado com o mesmo modal em Rio de Janeiro, Fortaleza, Recife e Belém. Enquanto um quilômetro do BRT da capital baiana custa R$150.683.873,096 – o trecho 1 custa R$ 376.709.682,74 e tem apenas 2,5 km – no Rio de Janeiro o quilômetro custou R$ 70.343.078,99. Lá, o BRT tem 28 quilômetros e teve investimento de R$ 1.969.606.211,94. “Ou seja, além de ser um BRT calça curta, tem um valor questionável. São muitos problemas nesse projeto”, pontuou.
Em Belém, são 20 quilômetros de BRT com gastos de R$ 583.310.528,10, o que dá R$ 26.915.526,40 o km/custo. Em Fortaleza, foram 17,4 quilômetros ao custo de R$ 145.038.193,45,o que dá R$ 8.335.528,36 o km/custo. Já em Recife, foram gastos R$ 197.700.000,00 para a construção de 15 quilômetros, ou seja, R$ 13.180.000,00 o km/custo. Os dados foram obtidos nos sites de transparência dos municípios.
Ainda conforme a vereadora, enquanto centenas de cidade estão demolindo seus elevados – a exemplo do Rio de Janeiro, que implodiu a Perimetral, no centro da cidade – Salvador pretende gastar cerca de 204,5 milhões para a construção de quatro elevados somente no trecho 1 do BRT. “É um contrassenso. O elevado se insere na lógica urbana do século 20, que privilegiava o automóvel e a construção de vias expressas e alternativas viárias. Tem soluções mais viáveis e com impacto menores”, acrescentou.
Segundo o documento da OAS, “os termos do edital, no qual já chamava a atenção para a subjetividade nos critérios de julgamento e esperava ver sanada essa irregularidade, tendo requerido, inclusive, a alteração de procedimentos para melhor transparência do certame, no entanto a referida impugnação ainda não foi apreciada”.
Transparência – Em abril, Marta apontou para o fato da licitação para a execução do trecho 1 do BRT não disponibilizar os 18 anexos existentes e ainda cobra a quem solicitasse os dados, uma taxa de R$ 100 a ser paga, conforme a divulgação, presencialmente na Sucop. Os anexos se referem a questões importantes para o conhecimento da população, como o termo referência, o detalhamento do objeto, com a extensão em quilômetros do trecho licitado, critério de avaliação e pagamento; minuta do contrato; dentre outros.