Durante os dias 09 e 11 de outubro de 2019 foi realizado na cidade de Salvador o III SEMINÁRIO GRIÔ: CULTURAS POPULARES, IDENTIDADES E RESISTÊNCIA, na Universidade Federal da Bahia com um olhar para valorização da Cultura Popular no país. Diante do momento político vivenciado no Brasil, os cerca de 300 participantes do evento, vindos de todas as regiões do país, entre eles mestres e mestras das Culturas Populares como Lia de Itamaracá, Mestre Bule Bule, Bernardino Kiriri, Mestre Nô,
Mestra Janja entre outros, viram a necessidade de se posicionar redigindo então o MANIFESTO DA BAHIA em defesa da Cultura Popular em suas diversas matrizes e características.
O documento exige a implementação de POLÍTICAS PÚBLICAS e iniciativas visando a sua valorização e continuidade através das novas gerações, além da urgência de uma legislação que garanta a proteção às Culturas Populares, seus saberes e fazeres. Outra pauta prioritária é a garantia da educação formal como direito universal tendo as CULTURAS POPULARES nas ESCOLAS e UNIVERSIDADES brasileiras como temática transversal através da presença de mestres e mestras, artistas populares, brincantes e demais protagonistas nesses espaços.Mais informações: 99327-5880 (Professor Pedro Abib)
Segue manifesto na integra:
MANIFESTO DA BAHIA
Reunidos na cidade de Salvador-BA entre os dias 09 e 11 de outubro de 2019 na Universidade Federal da Bahia, um público estimado em 300 pessoas participantes do III SEMINÁRIO GRIÔ: CULTURAS POPULARES, IDENTIDADES E RESISTÊNCIA vindos de todas as regiões do Brasil e de países vizinhos, entre mestres e mestras das culturas populares, lideranças indígenas e quilombolas, artistas e educadores populares, lideranças comunitárias, brincantes, professores e professoras das redes pública e privada, estudantes, pesquisadores e amantes das culturas populares vêm a público se manifestar sobre os seguintes pontos:
1. Exigimos das autoridades de todas as esferas governamentais, o devido respeito e reconhecimento das CULTURAS POPULARES enquanto expressão da diversidade, da ancestralidade, da memória, da identidade, da oralidade, da ritualidade, dos modos de vida de luta e de existência do povo brasileiro, a partir da implementação de POLÍTICAS PÚBLICAS e iniciativas que garantam a sua valorização e continuidade através das novas gerações.
2. Exigimos que os legisladores nos âmbitos municipal, estadual e federal reconheçam os MESTRES E MESTRAS DAS CULTURAS POPULARES como detentores de saberes e fazeres tradicionais, ancestrais e comunitários a partir de LEIS, como a lei 11.645/08, o Estatuto da Igualdade Racial, as Políticas de Salvaguarda do Patrimônio Imaterial, o projeto de lei 1176/2011 e o projeto de lei 1786/2011 – Lei Griô Nacional sistematizada por mais de 750 mestres e mestras griôs do Brasil, em tramitação no Congresso Nacional, garantindo a sobrevivência, a valorização e a transmissão desse legado às gerações futuras.
3. Exigimos das autoridades competentes uma política educacional que garanta o investimento público na EDUCAÇÃO básica, afirmando seu caráter laico, universal, gratuito, de qualidade e socialmente referenciado, garantindo também a liberdade de pensamento que deve caracterizar uma educação comprometida com uma formação humana plena.
4. Exigimos das autoridades uma política educacional que garanta o financiamento da UNIVERSIDADE PÚBLICA e GRATUITA acessível a todos os segmentos da população brasileira em sua diversidade e seus reais interesses, desempenhando seu papel social caracterizado pelo pensamento crítico e autonomia na sua gestão
5. Exigimos das autoridades competentes a promoção de programas educacionais garantindo a presença das CULTURAS POPULARES nas ESCOLAS e UNIVERSIDADES brasileiras como temática transversal e também através da presença de mestres e mestras, artistas populares, brincantes e demais protagonistas nesses espaços, como forma de fortalecer os processos de construção de identidades, desenvolvimento da sensibilidade, do sentido de pertencimento e solidariedade dos estudantes, essencial na construção de um país livre, soberano e com justiça social. Salvador, Bahia outubro de 2019