Direita raivosa adere em peso ao #naovaitercopa por Miguel do Rosário
O óbvio aconteceu. A direita, ávida por acontecimentos que possam trazer instabilidade às eleições deste ano, decidiu prestar apoio aos movimentos que protestam contra a realização da Copa do Mundo.
O editorial do Estadão de hoje, comentado por nosso amigo blogueiro Miro Borges, presidente do Instituto Barão de Itararé, não deixa margem de dúvida: a primeira “bala de prata” disparada contra Dilma serão manifestações contra a Copa do Mundo, que já estão sendo infladas por grupos de extrema-direita, aí incluindo verdadeiros sociopatas que defendem até mesmo intervenção militar americana no Brasil, como se vê na imagem montada por um delirante analfabeto funcional (acima).
Há movimentos autênticos que protestam contra a Copa, ou que pretendem usar a visibilidade do evento para exibirem demandas sociais importantes, mas a infiltração de grupelhos fascistóides, alguns inclusive ricamente capitalizados (como os movimentos anticorrupção, que tem patrocínio de amplos setores da elite), além da presença de facções partidárias ansiosas por factóides que possam atingir o governo, nos fazem temer riscos de violências. O apoio de uma mídia com um lamentável histórico golpista e sem nenhuma preocupação social já garante, de antemão, a inevitável manipulação das notícias.
Preparem-se.
Estadão adere ao “não vai ter Copa”
Por Altamiro Borges, em seu blog.
O oligárquico jornal Estadão, historicamente um dos veículos mais raivosos contra qualquer tipo de manifestação popular, parece que resolveu aderir ao movimento “Não vai ter Copa” – desencadeado nas redes sociais por uma série de movimentos, alguns com propósitos diametralmente opostos. Em editorial nesta sexta-feira (24), o jornalão pede “cautela” ao governo no enfrentamento dos protestos já agendados. Ele reconhece que as manifestações podem prejudicar a imagem da presidenta Dilma Rousseff, inclusive nas eleições de outubro próximo, mas “teoriza” candidamente que isto faz parte da democracia. Haja cinismo! A mídia golpista é, realmente, muito ardilosa!
No editorial intitulado “O governo, a Copa e a rua”, o Estadão já começa fustigando o governo. “Para blindar o projeto de reeleição da presidente Dilma Rousseff – e tão somente por isso – o Planalto, com o PT a tiracolo, busca um plano que detenha o eventual alastramento pelo País dos prováveis protestos contra a realização da Copa. Teme-se um clima de crispação social capaz de contaminar as urnas de 3 de outubro, nada menos de 115 dias depois da final de 13 de julho. A extensão desse período parece indicar que os receios palacianos são exagerados: é tempo demais para que os presumíveis protestos continuem crepitando a ponto de abrasar a conquista de um segundo mandato por Dilma”.
Para o jornalão, o temor do governo com um possível “replay dos dias de junho” é exagerado. O jornal até observa que “foi a absurda repressão policial a uma marcha de protesto em São Paulo contra, entre outras coisas, o aumento das passagens de ônibus, que propagou as passeatas pelo País inteiro”. Ele só deixa de mencionar que no dia em Geraldo Alckmin acionou a PM contra os manifestantes, com cenas de selvageria e truculência, o próprio Estadão havia publicado um editorial exigindo maior repressão. O governador tucano apenas atendeu ao pedido da mídia!
O jornal afirma que o primeiro ensaio desta jornada, “sob a hashtag #naovaitercopa”, ocorrerá neste sábado, 25 de janeiro, data do aniversário da cidade de São Paulo. E, de forma bastante estranha, até elogia a convocação do protesto. “Diferentemente dos primeiros ativistas de junho que, antes de tudo, queriam era falar, ou melhor, exclamar – daí a mistura desencontrada de demandas que levavam consigo e a inexistência de comando único que as enfileirasse -, os anti-Copa têm uma agenda focada nos direitos dos grupos sociais que teriam sido ou poderão ser ignorados em razão do campeonato. Por exemplo, famílias desalojadas, ambulantes e moradores de rua removidos”.
Ao final, o jornalão serrista – o mesmo que apoiou a violenta expulsão dos moradores do Pinheirinho e que justificou a recente ação da polícia contra os moradores da Cracolândia – dá seus conselhos. “Se o Estado recorrer à mão pesada para garantir a paz pública e a realização dos jogos, Dilma poderá se reeleger do mesmo modo – afinal, a massa dos seus eleitores quer é participar da festa da Copa -, mas a imagem da presidente e do País sofrerá no exterior. O caminho mais sensato para o governo é o da cautela. Isso significa achar o ponto de equilíbrio entre preservar a ordem e deixar aberta a válvula do protesto para prevenir uma reação em cadeia”. Que lindo!