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Domingueiras LXII. Por Sérgio Guerra

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Enquanto a Lava-Jato segue buscando elementos que reforcem sua “profunda convicção”, agora voltada para o “sítio de Atibaia”, depois de ter concluído o processo, já previsto, do “tríplex”, cujo objetivo é a “condenação de Lula”, também previamente anunciada, o governo

Temer vive sua “via crucis” de trapalhadas, seja na vã tentativa de conseguir maioria para aprovar as mudanças da Reforma da Previdência Social, ou na também infrutífera tentativa de dar posse a filha de Roberto Jeferson, a famosa Cristiane Brasil, como ministra do Trabalho, mesmo sendo esta condenada por questões trabalhistas, pelo não cumprimento de suas obrigações como empregadora.

Deste modo, a crise do Rio de Janeiro, aparece como um ótimo pretexto para fuga destes 2 problemas intermináveis, na medida em que a “Intervenção na Segurança Pública e Sistema Penitenciário do Rio de Janeiro” serviu como uma alternativa para ocupar a mídia com uma pauta aparentemente mais positiva, pois os dois episódios anteriormente citados, só se prestavam para desgastar ainda mais a imagem pública do presidente golpista, a esta altura beirando o zero de aceitação popular.

Por outro lado, apesar da insistente negação presidencial, o caráter “militar da intervenção”, reforça a ideia de uma incompetência generalizada das autoridades civis, posto que as forças armadas tem sido, cada vez mais frequentemente convocada para atuar em funções civis, como as obras de transposição Rio São Francisco, do combate à epidemia de dengue, literalmente “para matar mosquito com tiro de canhão” (?), para assumir a administração das escolas públicas, até em governos petistas como o da Bahia, e agora para tentar resolver os problemas da Segurança Pública e do Sistema Prisional do Rio de Janeiro.

Tudo isto como se os militares fossem um exemplo de eficiência em sua área de atuação específica, como por exemplo no controle de nossas fronteiras, por onde entra um mundo de armas para as quadrilhas de todo o país, e de drogas que fazem do Brasil um dos maiores entrepostos desta maldita mercadoria para todo o mundo, especialmente os EUA e a Europa, só para início de conversa. Aliás, é impressionante a admiração e quase idolatria dos setores autoritários e da nossa classe dominante pelos militares, que são chamados a intervir em todas as nossas grandes crises. Podemos tranquilamente dizer que “já vimos este filme e não gostamos do final”.

Deste modo, a tentativa de apresentar uma solução miraculosa para o falido Estado do Rio de Janeiro, especialmente com a presença da nossas “gloriosas forças armadas”, pode garantir ao presidente golpista e seu grupo político uma melhor imagem política, que lhe permita, pelo menos, ocupar uma posição de auxiliar em uma candidatura e assim “defender o seu legado” e assegurar um melhor papel em nossa frágil e pequena história republicana, carente de expressivas lideranças de direita, posto que a esquerda, tem pelo menos Lula, que ocupa, disparadamente, e assim ficará por muito tempo ainda, posto que as suas “condenações” lhe confere, cada vez mais, um ar de vítima que lhe amplia, de muito, a admiração e o voto popular.

De qualquer forma, vale o registro que estas são expectativas e situações momentâneas e que neste nosso Brasil, mutante e volátil, tudo pode ser alterado com muita velocidade, posto que as posições eleitorais e políticas, fruto de nossa curta história democrática, tendem a mudar muito rapidamente, e onde se elege, tanto pela direita ou esquerda, vide os últimos presidentes eleitos e até “impichados”, que vão de Collor, Fernando Henrique a Lula/Dilma.

Assim, estas eleições, de 2018, cada vez mais nos fazem lembrar as de1989, quando se acreditavam nos nomes tradicionais das lutas democrática, Ulysses, Brizola e Covas, e terminou dando no 2º Turno os jovens e novos, Collor e Lula, com a ressalva de que dentre os atuais candidatos, nenhum ainda parece representar o atual eleitorado, salvo Lula e sua cada vez mais complicada candidatura. De qualquer forma, podemos dizer que estas eleições, como é regra geral no Brasil, salvo os fenômenos Lula/Dilma e as reeleições, serão surpreendentes. Quem viver, verá!

25/02/2018.

Sérgio Guerra
Licenciado, Mestre e Doutor em História
Professor Adjunto da UNEB,.DCH1 Salvador.
Conselheiro Estadual de Educação – BA.
Colunista Político Semanal do Portal Mais Bahia.

Presidente do Instituto Ze Olivio  IZO

Cronista do site “Memorias do Bar Quintal do Raso da Catarina”.

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