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Domingueiras LXV. Por Sergio Guerra

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Apesar do quase absoluto silêncio das mídias nacional e locais, realizou-se mais uma edição do Fórum Social Mundial, desta vez, a primeira em Salvador. Assim, tivemos a oportunidade de ver e participar deste grande evento, dos que

acreditam que “um outro mundo é possível” referenciado especialmente pela sustentabilidade, igualdade social e garantia efetiva da cidadania e do exercício pleno dos direitos humanos. E quem perdeu deve aguardar pela próxima edição deste grande evento nos anos seguintes.

Por outro lado, esta semana ficará marcada pelo brutal assassinato da vereadora Marielle Franco, do PSOL, do Rio de Janeiro, socióloga, moradora da periferia, bolsista da PUC/RJ, que se destacou pelas lutas em defesa dos direitos humanos, das “minorias” étnicas, sociais e sexuais, além das vítimas da violência policial. Curiosamente, uma das primeiras conclusões dos inquéritos policiais foi a de que as balas que a mataram, bem como ao seu motorista, tem origem na Polícia Federal, de onde teria sido roubado em episódio mal esclarecido, posto que o Correio da Paraíba, não assume que tal episódio teria acontecido em sua agência, nem se tem registro policial de tão grave incidente.

Por outro lado, o Ministro da Segurança Pública declarou que já existem mais de 50 inquéritos sobre assassinados e chacinas realizados com este lote de munições, repito, roubadas da Polícia Federal, o que nos coloca apreensivos sobre a apuração deste bárbaro atentado contra a toda a democracia, posto que ao atingir uma personagem de destaque da luta em defesa dos direitos humanos, tanto que foi eleita com a 5ª maior votação na cidade do Rio de Janeiro, se manda uma mensagem clara do que deverá se desdobrar em novos tristes episódios, especialmente, ao se efetivar a sua impunidade, como parece se delinear neste caso, como em inúmeros outros.

Ao mesmo tempo, continuam em destaque na grande mídia as ações violentas e tiroteios entre as tropas da intervenção militar no Rio de Janeiro e as organizações criminosas, enquanto no Congresso Nacional seguem as votações sobre o Sistema Único de Segurança Pública, que com mais de 30 anos de atraso, parece que enfim, será constituído. Enquanto isso, as organizações criminosas parecem já ter construído o seu Sistema Único de Criminalidade, que vem funcionamento regular, eficiente e competentemente, graças a dificuldades das autoridades políticas em estabelecer regras gerais e unificadas para o funcionamento de um sistema policial, minimamente prático e eficaz.

Nesta semana, de novidade, apenas, a não confirmação da “prisão de Lula durante o Fórum Social Mundial”, que vinha sendo fartamente anunciado pelas redes sociais, mas que para alguns observadores mais argutos, como eu próprio, não tinha nenhuma possibilidade de ocorrer, posto que neste momento de presença de mais de 50.000 militantes de organizações não governamentais de todo o mundo, a covarde justiça brasileira, não se arriscaria a tal empreitada, que deverá se dar em um período de baixa das mobilizações sociais, como fim de semana, feriadões ou recesso estudantil, exatamente para evitar as mobilizações e protestos que certamente ocorrerão.

Assim, entre tiroteios e condenações de Lula, o Brasil vai levando sua vidinha medíocre, no aguardo de uma eleição, cada vez mais indefinida, posto que seu único candidato com ampla aceitação popular e rejeição das zelites, caminha cada vez mais para ter sua postulação impedida, salvo melhor juízo, se houver um surto de autonomia, honestidade e independência de suas altas cortes. O que, diga-se de passagem, é altamente duvidoso. Quem viver, verá!

18/03/2018.

Sérgio Guerra

Licenciado, Mestre e Doutor em História

Professor Adjunto da UNEB,.DCH1 Salvador.

Conselheiro Estadual de Educação – BA.

Colunista Político Semanal do Portal Mais Bahia.

Presidente do Instituto Ze Olivio  IZO
Cronista do site “Memorias do Bar Quintal do Raso da Catarina”.
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