Domingueiras LXXII. E os outros? Por Sérgio Guerra
A prisão do ex-presidente Lula, em Curitiba, virou uma marca histórica de militância, não só pela demonstração de resistência que transformou a sua entrega a Polícia Federal em um momento inesquecível das lutas populares, pois
para aqueles que esperavam as fotos do ex-presidente humilhado e cabisbaixo, os registros cinematográficos de sua apresentação carregado nos braços do povo e sua saída apoteótica do seu sindicado de origem, mesmo contra a vontade dos metalúrgicos, se tornaram imagens consagradoras da sua liderança democrática e popular.
Por outro lado, o acampamento, a peregrinação e as manifestações em Curitiba, marcadas pela presença de populares, senadores, outros políticos de vários países e até um Premio Nobel, fizeram desta cidade uma referência democrática e reconhecida da esquerda mundial, ao ponto de incomodar até os seus carcereiros, ora transformados em “carteiros” das “mensagens de apoio e solidariedade ao ex-presidente”, o que, conforme seus carcereiros/carteiros, tem atrapalhado seu trabalho cotidiano o que os tem levado a pedir a transferência do mais famoso prisioneiro do mundo para que a vida do prédio da Polícia Federal desta cidade volte a ter seu funcionamento normalizado.
Ao mesmo tempo, a farsa montada sobre o triplex de Guarujá, apontado como sendo “ex quase futura” propriedade do presidente Lula e razão de sua condenação, começada ser desmoralizada pelo aparecimento de notas fiscais de compras de materiais de sua reforma, realizadas muito curiosamente em Curitiba, como se na região da Grande São Paulo não houvesse que o pudesse fazer. Além de que a ocupação deste famoso imóvel pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, seguida de vídeos, rapidamente viralizados na internet, demonstraram que o “luxuoso triplex”, não contém os famosos equipamentos milionários que tanto justificaram a açodada condenação e imediata prisão do presidente Lula.
Enquanto isto, os outros “indiciados” nos vários processos por corrupção, ativa/passiva e formação de organizações criminosas, continuam as suas chicanas e gincanas judiciais, pois são transferidas das várias instancias judiciais, como se estivessem a brincar de pega-esconde, pois com a simples renúncia ou afastamento do cargo para concorrer, ou não, a novas eleições, serve de pretexto para transferência para novos fóruns onde começam uma nova via crucis que levam dezenas de anos até serem concluídos (?), quando não extintos por “perda de objeto” ou algo semelhante.
Desde modo, uma simples consulta aos mais básicos e elementares sites de busca com os nomes dos políticos mais famosos da situação, alguns ora recolhidos para escapar da curiosidade e do jornalismo investigativo, nos dará uma rica “folha corrida judicial”
de Eduardo Azeredo, Aécio Neves, todos os ministros/políticos centrais do governo Temer, seus amigos e aliados mais próximos, e nesta semana foi incluída a família presidencial golpista. Tudo isto sem contar com a origem do dinheiro que banca o Instituto FHC criado nos dias finais de seu governo com arrecadação de dinheiro em reunião no palácio presidencial, no final de seu exercício no cargo. Vale à pena uma breve pesquisa, neste feriadão de 1º de maio.
Por fim, chegado de curta viagem, no momento em que escrevo estas mal traçadas linhas, acompanho no noticiário a existência de um novo atentado à bala, desta vez, ao “acampamento de Curitiba” e com feridos, e só espero que não seja atribuído mais uma
vez aos próprios petistas, como no caso da última “Caravana de Lula”, no mesmo estado do Paraná, nem que um delegado que venha a considerar como “atentado”, não seja destituído do cargo, após ser chamado pelo governador do mesmo estado de “esquerdopata”.
Sérgio Guerra
Licenciado, Mestre e Doutor em História
Professor Adjunto da UNEB,.DCH1 Salvador.
Conselheiro Estadual de Educação – BA.
Colunista Político Semanal do Portal Mais Bahia.
Presidente do Instituto Ze Olivio IZO
Cronista do site “Memorias do Bar Quintal do Raso da Catarina”.