E o Aécio pariu o Bolsonaro – Assim terminou a irresponsável marcha dos coxinhas celerados. Por Davis Sena Filho
As pessoas são pessoas… Evidentemente. As sociedades, as nações e os países são compostos por pessoas. Lógico. As pessoas conseguiram superar muitos obstáculos em todas as eras passadas, que não foram e não são poucos, a partir
dos primórdios dos grupos humanos, que se tornaram sociedades complexas, que primeiramente eram coletoras, depois passaram a ser de caça e, posteriormente, tais aglomerações de seres humanos passaram a se estabelecer em territórios, a deixar de ser nômades, pois começou a se dar início à “domesticação” de animais e, principalmente, de plantas e grãos, sistema de plantio para alimentação em massa chamado de agricultura.
Não falarei sobre a proteção contra o frio ou o calor extremos ou sobre o enfrentamento das primeiras comunidades humanas em relação as intempéries do tempo e do clima, nem perderei tempo em afirmar, porque até mesmo os indivíduos humanos mais bárbaros e selvagens sabem e compreendem que não há solução para se viver em paz se as inúmeras sociedades não resolverem questões factíveis, a exemplo de promover o acesso das pessoas à moradia, à educação, à saúde, à segurança, ao emprego, ao consumo, ao saneamento básico (esgotamento sanitário e água potável) e à urbanização e as diferentes infraestruturas.
Quando governos populares e de carácteres distributivistas assumem o poder legitimamente e legalmente pela força das urnas e resolvem, a despeito de seus erros e acertos, efetivar todas essas questões acima colocadas em pauta, evidentemente que depois de um certo tempo e com a ascensão social e econômica das classes populares que haverão reações fortes e de conotações fascistas, porque as classes hegemônicas se sentem ameaçadas, não somente no que é relativo aos seus espaços, mas, principalmente, porque consideram que a melhoria de vida dessas pessoas vai retirar seus privilégios e benefícios conquistados através do tempo, quiçá dos séculos.
Entretanto, como o pensamento e a visão são curtas e estreitas e o egoísmo é largo e longo, grande contingente de pessoas, geralmente brancas e das classes médias tradicionais e ricas, resolveram ir às ruas, não por causa da indignação que causa a corrupção e muito menos porque estavam a ser prejudicadas em suas rotinas diárias. De forma alguma.
Esse rebanho histérico e desmiolado, propenso à lavagem cerebral midiática e ignorante quanto à história do Brasil e de suas correntes ideológicas e partidárias, que cooperou, e muito, para levar o País à bancarrota, com a destruição da economia, a entrega do patrimônio público e a perda de direitos trabalhistas e previdenciários pelo governo golpista e usurpador, que tomou de assalto o poder com seu apoio, na verdade não se importa com nada, a não ser em manter os privilégios e os benefícios que consideram direitos pétreos, bem como se sentiu “traído” por perceber que os mais pobres, a classe trabalhadora, organizada em sindicatos ou autônoma, estava a ocupar “seus” espaços, que na realidade não são seus e sim de toda a Nação brasileira.
Shoppings, acesso ao consumo de eletroeletrônicos, à passagens de avião, frequência em bares e restaurantes, compra de produtos em supermercados e feiras até então inacessíveis, compra da casa própria, ingresso nas faculdades públicas e privadas, acesso à moradia e à compra de roupas e de móveis e utensílios, dentre muitos outros benefícios à população, a exemplo de obras como a transposição do Rio São Francisco por parte dos governos trabalhistas e democráticos do Partido dos Trabalhadores são conquistas coletivas e inalienáveis.
Esses avanços e conquistas, nunca vistos antes no Brasil, a não ser no período do estadista gaúcho Getúlio Vargas, fizeram com que no Brasil houvesse, notadamente a partir de junho de 2013, uma “revolução” às avessas, típicas de quem dá tiros nos próprios pés ou se suicida, porque considera preferível viver em um País que não dá oportunidades, individualista, pobre e violento do que ter de conviver com pessoas que até pouco tempo eram meramente mão de obra barata e que estão vivas apenas para atender às demandas dos coxinhas, ou seja, os ricos e os da classe média branca historicamente universitária.
Demandas que se resumem em servi-los e servi-los, e só… Sem, contudo, terem os trabalhadores ou as pessoas das classes mais baixas o direito de esbarrar com as “madames” ou os “senhores” mequetrefes de índoles rastaqueras nos mesmos espaços que a pequena burguesia esnobe, preconceituosa e analfabeta política frequenta. Durma-se com um barulho desse.
Trata-se de boçalidade e perversidade, de ignorância e arrogância sem parâmetros e limites, porque nunca se viu nada assim no Brasil, nem nos movimentos golpistas e de direita pré 1964 perpetrados pelos coxinhas daquela época. A estupidez campeou solta e fagueira pelas quatro regiões do País, principalmente nas regiões Sul e Sudeste, onde a burguesia e a pequena burguesia se mobilizaram com mais afinco, pois moradoras de estados industrializados, principalmente em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e São Paulo.
Os golpistas coxinhas saíram às ruas, mas não contavam com a desmoralização moral e política do senador tucano e golpista-mor, Aécio Neves — o megadelatado da Lava Jato. O playboy do eixo Rio-BH, que não aceitou sua derrota eleitoral para Dilma Rousseff, e disse, na tribuna do Senado e pelos porta-vozes da imprensa de mercado mais corrupta e golpista do planeta, a já célebre frase: “Vamos obstruir todos os trabalhos legislativos até o país ‘quebrar’ e a presidente Dilma ficar incapacitada de governar. Sem o Poder Legislativo, ela não consegue aprovar nada contra a crise e o desemprego e fica muito mais fácil de derrubá-la”.
Logo depois o golpista megadelatado [Dilma Rousseff até hoje não é acusada de corrupção e nem de constar em lista de corruptos, corruptores e ladrões do dinheiro público] e conhecido também como “Mineirinho” ou “Chato” afirmou em convenção do PSDB, o principal partido de direita do País, que não perdeu a eleição para um partido, mas sim para uma organização criminosa, que, de acordo com ele, é o PT.
Só que tem um problema, que é elucidativo, grave e importante. Aécio Neves é parente de indivíduos que tiveram construídos aeroportos em suas terras, nas Minas Gerais. Além disso, o Mineirinho ou Chato está a ser investigado no que tange à construção da Cidade Administrativa em Belo Horizonte, bem como é acusado de ser o chefe do esquema de propinas e desvio de recursos públicos oriundos de Furnas, que redundou no escândalo da Lista de Furnas.
E não para por aí: Aécio Neves, o sujeito que apaga incêndios com gasolina, é acusado inúmeras vezes no âmbito da Lava Jato, no que concerne à Odebrecht, mas ainda existem escândalos ligados a ele, segundo os varões de Plutarco do MPF e da PF, no que é relativo à construtora Andrade Gutierrez, historicamente ligada ao PSDB, especialmente o mineiro.
Todavia, há notícias, acusações e delações de que Aécio Neves estaria envolvido com outros esquemas, no que se refere a inúmeras empreiteiras, além do já “morto” e “enterrado” Mensalão do PSDB, que não deu em nada, pois o mensalão que vale repercutir e punir é o do PT, pois a lógica cínica e hipócrita é demonizá-lo e criminalizá-lo para que a direita pudesse novamente tomar o poder. E voltou por intermédio de um golpe de estado terceiro-mundista, bananeiro e cucaracha, mas violento.
E aí cara pálida, você que está a ler este artigo, afirmo-lhe ainda mais: Aécio Neves — o Golpista das Minas, pois das Gerais ele não quer nem saber — deu um tiro que saiu pela culatra, porque a partir de junho de 2013, quando iniciaram os protestos de direita que somente acabaram com a deposição de uma presidente eleita, trabalhista e honesta em agosto de 2016, os coxinhas analfabetos políticos e os grupos organizados e extremados à direita, a exemplo do MBL, Vem pra Rua e Revoltados Online, começaram a radicalizar o processo de embate político e viabilizaram o protagonismo político e golpista da extrema direita.
Os coxinhas recolheram-se às suas insignificâncias e como cúmplices da bagunça em que virou o Brasil e do golpe de estado, agora estão, ignorantemente, a usar suas panelas para cozinhar e esperar o rabo de foguete que vai atingi-los no que diz respeito à previdência, aos direitos trabalhistas e ao acesso pleno ao consumo. Afinal, essa gente pode até ser analfabeta política e incrivelmente egoísta e alienada, mas não chega a ser tão burra ao ponto de não perceber que sua vida piorou em todos sentidos.
Porém, não importa, pois, como já relatei nos primeiros parágrafos, não importa nada que não seja que os pobres e os empregados das classes médias e ricas não invadam suas praias. Ponto. Este é o cerne da questão. É isto, e nada mais do que isto. Qualquer outra questão que exista para ter ocorrido o golpe não importa tanto. Como dizia um amigo meu: “Não me venha com churumelas”.
Aécio está com 10% ou menos nas pesquisas, e foi superado pelo deputado fascista, Jair Bolsonaro, que, diga-se de passagem, odeia o PSDB, assim como afirmou certa vez que deveriam fuzilar o grão-tucano emplumado Fernando Henrique Cardoso — O Neoliberal Golpista I. Verdade. Basta pesquisar na internet.
Contudo, o ódio do Bolsonaro é seu chamariz eleitoral. Com a deposição de Dilma e a campanha insidiosa e fascista por parte de redes de televisões como a Globo, a facilidade que a internet proporciona para que fascistas e fascistoides vomitem suas sandices e preconceitos, o nome de Jair Bolsonaro se tornou congruente àqueles que estavam há décadas em seus armários cheios de esqueletos e sentimentos abjetos, sórdidos e atrozes.
Não somente os fascistas e pulhas da velha geração, mas também das gerações mais novas, que se criaram em plena democracia, com inflação baixa e acesso a quase tudo no que diz respeito às oportunidades de se desenvolver materialmente e financeiramente, mas não espiritualmente, como compravam, sem sombra de dúvidas, suas ações nas ruas e suas palavras e imagens repercutidas em internet, televisões, jornais, revistas e rádios.
Fim dos tempos! O “Plínio Salgado”, o Integralista menos culto, completamente insensato e mal educado, além de violento e preconceituoso, está à frente de Aécio Neves porque “líder” e “ídolo” de setores da sociedade que hoje se sentem representados, porque fascistas sempre existiram, mas agora eles aparecem sem um mínimo de vergonha e ponderação, porque Aécio Neves, irresponsável como foi e ainda o é, abriu a Caixa de Pandora.
Para esclarecer melhor, o negócio é o seguinte: quando se abre espaço, ele é logo ocupado. Ou seja, quando um povo ou parte dele, a mais poderosa e conservadora, rasga a Constituição, manda para o espaço a democracia e o Estado de Direito e permite que se derrube uma presidente legítima, legalmente eleita e constitucional, nada pode florescer e vingar.
Golpe é crime! Quem comete crime é criminoso, mesmo se tal delinquente não tiver noção do momento histórico e o discernimento da realidade do que está a fazer e proporcionar. Aécio Neves está a pagar caro por sua vaidade, ambição, irresponsabilidade e covardia. Paga caro por seu ódio atávico e arrivista. Bolsonaro cresce, mas tem pouca chance de vencer as eleições de 2018, pois nem a direita “moderada” e o centro querem o fascismo para o Brasil. Fascistas são fascista e não se doem para perseguir e oprimir aqueles que os apoiaram. Fascismo é ódio; e Aécio Neves é um dos pais dele no Brasil. E o Aécio pariu o Bolsonaro. É isso aí.
Artigo publicado originalmente em http://www.brasil247.com/pt/colunistas/davissena/284417/E-o-A%C3%A9cio-pariu-o-Bolsonaro—Assim-terminou-a-irrespons%C3%A1vel-marcha-dos-coxinhas-celerados.htm