Escola Afro-brasileira Maria Felipa realiza contação do livro “Educando Crianças Antirracistas” com a escritora Bárbara Carine, vencedora do Prêmio Jabuti
Há alguns meses, as encruzilhadas cariocas anunciam a chegada ao Rio de Janeiro da Escola Afro-brasileira Maria Felipa, primeira instituição educacional infantil afro-brasileira cadastrada no Ministério da Educação, com um ensino afro-referenciado, decolonial e antirracista. Para abrir os caminhos, a fundadora da Escola e escritora afrodiaspórica Bárbara Carine – ganhadora do Prêmio Jabuti, em 2024, com o livro “Como ser um educador antirracista”, na categoria Educação – realiza no próximo dia 07 de dezembro a contação de história do livro infantil “Educando Crianças Antirracistas”.
A publicação é uma proposta didática de enfrentamento às situações recorrentes de racismo que têm crescido nos espaços escolares de todo o Brasil e do mundo. Nesta obra, a pequena Kieza convida seus novos coleguinhas da Escola dos Sonhos para conhecerem os princípios de convivência escolar a partir das bases do afeto, do cuidado, da positivação de si e do outro, bem como da equidade e da humanização coletiva.
“Tudo isso em linguagem leve, afetiva e efetiva voltada para a educação antirracista da estudantada da escola básica na sua primeira infância. Que todes aprendam com Kieza a construir um espaço escolar mais saudável para as nossas crianças”, explica Bárbara Carine, reconhecida nas redes sociais pela sua irreverência e falas racializadas no perfil @uma_intelectual_diferentona, que conta com cerca de 550 mil seguidores.
A Escola
Com o compromisso à ancestralidade africana e indígena, a Escola que segue as diretrizes das leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que torna obrigatório o ensino das histórias e culturas afro-indígenas, está localizada no bairro Vila Isabel e será espaço para mais de 300 crianças. A instituição tem realizado plantões de matrículas para 2025, primeiro ano letivo da Maria Felipa na capital carioca. E, no dia 07 de dezembro, os pais que desejem matricular filhos e filhas terão descontos especiais nas mensalidades.
Com turmas que vão do infantil ao fundamental e uma educação trilíngue (brasileiro, inglês e libras), a Escola – criada em 2017 por Bárbara Carine, no processo de adoção de sua filha, uma criança negra -, tem como sócia a empresária e dançarina Maju Passos, e, no Rio de Janeiro, se junta a elas a atriz Leandra Leal. A unidade carioca receberá toda a metodologia decolonial criada nos últimos 06 anos em Salvador.
A instituição surge para promover uma educação escolar que estivesse fora dos marcadores historiográficos eurocêntricos e subalternizados de existências não-brancas. E essa promoção está em toda organização didático-pedagógica da Escola Maria Felipa, a começar pelas turmas que são nomeadas por um reino/império africano, sendo eles, Império Inca (G2 – 02 anos), Reino Daomé (G3 – 03 anos ), Império Maia (G4 – 04 anos), Império Ashanti (G5 – 05 anos) e Reino de Mali (1° ano fundamental).
Dentro da sua metodologia, a Escola desenvolve uma série de outras atividades didática-pedagógicas afroreferenciadas, como “Afrotech – Feira de Ciência Africana e Afrodiáspórica”, “Mariscada – Mostra artístico-cultural decolonial”, “Formatura no Quilombo”, “Decolônia de Férias” (ações durante o período de férias escolares), “Festival artístico educacional Avante Maria Felipa”, entre outros.
Bárbara Carine diz estar muito feliz pela projeção que a Escola Afro-brasileira Maria Felipa tem alcançado no país, para além dessa chegada no sudeste, fisicamente e estruturalmente como escola. “É raro vermos uma instituição educacional ter mais de 100 mil seguidores no Instagram. Pesquisadores e pesquisadoras do país realizam trabalhos e investigações de graduação, mestrado e doutorado em torno da nossa escola. É algo muito pioneiro e singular, o que faz ter essa valorização, mas infelizmente isso não reverbera em autossustentação econômica”.
Adote
Em Salvador, a Escola Afro-Brasileira Maria Felipa realiza desde o primeiro ano da sua existência a ação de responsabilidade social “Adote um Educande”, para oportunizar um ensino emancipador para crianças negras e /ou indígenas em situação de vulnerabilidade social. Todo o valor arrecadado é destinado ao custeio de bolsas de estudos e dos materiais didáticos pedagógicos e aconselhamento psicológico a cada criança contemplada.
O projeto se estende para a unidade do Rio de Janeiro. Com inscrições abertas até 30 de novembro, o edital irá oferecer bolsas estudantis de 50% e 100%. Os interessados devem enviar toda a documentação exigida para o e-mail secretariarj@escolamariafelipa.com.br – carta sobre situação financeira com justificativa para a criança ser contemplada, comprovantes de renda e residência, documentos de identificação de crianças e pais (conferir toda documentação no edital disponível no perfil @escolamariafelipa ou no link https://drive.google.com/drive/mobile/folders/1lbxUTi3THZt2Ut3sxNsU8UEi0eFEuGu9?usp=sharing).
Serão contempladas crianças provenientes de famílias atravessadas por desigualdades raciais e por atravessamento de gênero. A EMF, que carrega o nome de Maria Felipa, mulher preta, combatente importante na Independência do Brasil ba Bahia, é um projeto que transforma sonho em realidade ao construir um espaço escolar que resgata os conhecimentos ancestrais combatendo o eurocentrismo e a colonialidade do ser, do poder e do saber, inovando a educação com uma metodologia decolonial e afrocentrada, voltado a todas crianças.
Serviço
O quê – Escola Afro-brasileira Maria Felipa | Bárbara Carine faz contação de história do livro “Educando Crianças Antirracistas”
Quando – 07 de dezembro, a partir das 08h
Onde – Avenida 28 de setembro, 118 – bairro Vila Isabel