Espetáculo celebra a África em contos e músicas
Na semana em que se comemora o Dia da África (25 de maio), o continente fundamental para a formação do povo brasileiro recebe uma bela homenagem no palco. O espetáculo Contos de Azeviche segue em cartaz, sexta e sábado,19h30, no auditório do Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO/UFBA), no Dois de Julho, Centro de Salvador.
As apresentações são gratuitas e destacam a rica contribuição cultural do continente africano. Em destaque, os saberes e mitologias da África compartilhados por meio dos contos e da musicalidade que dão base ao espetáculo.
Contos de Azeviche é resultado de intensa pesquisa sobre a cultura africana, em especial a música e o teatro negros, coordenada pelo professor da Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia, Érico JosÉ, responsável pela encenação, baseada em contos afro-brasileiros que valorizam a riqueza cultural de origem africana.
O elenco é formado por estudantes pesquisadores da UFBA que atuam, cantam e tocam instrumentos em cena: as atrizes Juliete Nascimento e Lailane Dorea; os atores Matheus Cardoso e Victor Edvani; e as musicistas Emillie Lapa e Natalyne Santos, que além da direção musical da peça, criaram canções originais, executadas ao vivo, por elas próprias, durante o espetáculo. A produção e co-encenação é de Ana Paula Carneiro.
Canções e ritmos
“A dramaturgia já sugeria músicas, então, analisamos os textos existentes nessa dramaturgia e musicamos. Identificamos logo de cara ritmos de orixás, como ijexá. Depois começamos a pensar em outros ritmos, como maracatu, funk, jongo e também malinke, dos povos africanos mandigas, um dos grupos étnicos mais musicais do continente”, explica Emillie Lapa, que é cantora, compositora, instrumentista e aluna especial do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas (PPGAC/Ufba).
Dividindo a direção musical com Emillie Lapa, Natalyne Santos é licenciada em Teatro pela Ufba e mestranda em Artes Cênica pela PPGAC/Ufba. Natalyne conta que, além das canções autorais, foram selecionadas músicas tradicionais afro-brasileiras para compor o espetáculo. “Trabalhamos arranjos, melodia e harmonia. Propomos também uma canção do saudoso maestro Sérgio Souto, que casou lindamente com o processo”, revela.
Os instrumentos utilizados em cena são o djembé, escaleta, agogô, e os instrumentos de efeitos como caxixi, apito e pau de chuva.
Editais de Pesquisa
“Além de levar os resultados das práticas e pesquisas da universidade para fora dos muros da Escola de Teatro da UFBA, o espetáculo contribui para a visibilidade e valorização das culturas africanas e afro-brasileiras”, pontua Érico JosÉ, que já dirigiu espetáculos como “A Hora da Estrela”, “Morte e Vida Severina” e “Trançados de Memória de uma Atriz-Brincante” , entre outros.
O encenador explica que o projeto Contos de Azeviche foi contemplado pelos editais ProCeao Ufba 1/2017 ePibiArtes 2017/2018, o que proporcionou que toda a equipe aprofundasse uma pesquisa sobre as heranças africanas para a arte e a cultura brasileiras.
Desde setembro de 2018, elenco e diretores adentraram no universo da cultura negra, pesquisando sobre temáticas como a mitologia dos orixás, os ritmos negros e toda a riqueza da performance africana que agora ganham a cena por meio do espetáculo Contos de Azeviche. O projeto inclui ainda apresentação em um terreiro de candomblé e uma biblioteca comunitária.
SERVIÇO
Contos de Azeviche fica em cartaz dias 24, 25 e 31/05 e 1º/06 (sextas e sábados), 19h30, no Auditório Milton Santos do Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO/Ufba), no Dois de Julho, Centro de Salvador; e dias 07 e 08 de junho, 20h, no Cine Teatro Cachoeirano, na cidade de Cachoeira. Todas as apresentações serão gratuitas, com debates ao final de cada sessão.
Ficha Técnica
Encenação, adaptação de texto, preparação corporal, e iluminação: Érico JosÉ
Co-encenação, Produção, análise de texto: Ana Paula Carneiro
Contos de Raul Longo, Eliane Brum e Reginaldo Prandi
Direção Musical, composições inéditas e musicistas: Emillie Lapa e Natalyne Santos
Elenco: Juliette Nascimento, Lailane Dorea, Matheus Cardoso e Victor Edvani
Programação Visual: Heraldo de Deus
Operação de luz: Telma Gualberto
Assessoria de Imprensa: André Luís Santana
Figurino: Ana Paula Carneiro e Érico JosÉ
Costureira: Sarai Reis
Maquiagem: Lailane Dórea
Adereços: Gael Lira e Ana Paula Carneiro
Fotografia: Heraldo de Deus e Diney Araújo
Músicas
Músicas de Jongo
Mestre Jefinho do Tamandaré e Amendoim.
Aie Ntooto Nilé
Sérgio Souto