Aldeia Nagô
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Estadão esconde a conexão Serra-Alstom por Miro

4 - 6 minutos de leituraModo Leitura

A blindagem
midiática
de proteção ao presidenciável José Serra chega a ser ridícula. O jornal O
Estado
de S.Paulo da semana passada teve a caradura de publicar a manchete
"três
executivos da Alstom são presos no Reino Unido" e não escreveu sequer
uma linha
sobre as relações da multinacional com a cúpula do PSDB. Registrou
somente que
os três foram acusados de subornar "funcionários públicos brasileiros".
Nada,
nadinha, sobre os milionários contratos com os governos tucanos de São
Paulo
(Covas, Alckmin e Serra) e com o presidiário demo do Distrito Federal
(Arruda).


US$ 6,8 milhões de
suborno

Na ocasião, o
Departamento de Investigação de Fraudes Financeiras da Grã-Bretanha
informou que
foram presos em Londres três dirigentes do conselho de administração da
empresa
francesa Alstom "sob a acusação de pagamento de propina". A nota oficial
do
governo britânico registrou ainda que a multinacional é suspeita de
subornar
políticos para vencer contratos internacionais, nos quais estão
incluídos os
firmados com o Metrô de São Paulo. Ela também cita "lavagem de dinheiro"
e
outros esquemas ilícitos, num escândalo de enormes dimensões que abala a
Europa.

Segundo repercutiu o
jornal Wall Street Journal, há suspeitas de que U$ 6,8 milhões teriam
sido pagos
pela Alstom para ganhar o contrato de US$ 45 milhões de expansão do
Metrô
paulistano. Os recursos percorriam sinuoso caminho para despistar a
fiscalização. Eles saiam da sede da Alstom, na França, eram transferidos
para
seu escritório em Rugby, no Reino Unido, e passavam por duas empresas do
Uruguai, a Leraway e a Gantow, antes de chegar ao seu destino
final.

Tentativas de abafar
o caso
Caso a mídia
brasileira fosse minimamente imparcial, a bombástica notícia teria forte
impacto
na ambição presidencial dos demotucanos. Mas, por motivos
político-eleitorais,
ela prefere omitir o grave episódio. A denúncia aparece em notinhas nos
jornalões e nem é registrada pelas emissoras "privadas" de TV. Tudo é
feito para
abafar o caso, repetindo a estratégia adotada pelos serristas de São
Paulo, que
mantêm na geladeira pedido antigo de abertura de Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) para averiguar a sinistra relação entre a Alstom e os
governos
tucanos.

As provas do crime
são fartas. A prisão dos três executivos é apenas um desdobramento
natural das
investigações em curso. Em reportagem recente, intitulada "Lamaçal sobre
trilhos", a revista CartaCapital revela que "o Ministério Público
Federal de São
Paulo recebeu documento enviado por um executivo com detalhes sobre o
caminho
sinuoso do esquema de propinas das empresas Alstom e Siemens para
políticos no
Brasil". Obras do Metrô do DF, governado por José Roberto Arruda, o
"vice-careca" de José Serra hoje na cadeia, são citadas explicitamente
no
documento.

Arruda, Serra e a
maquete da Alstom
A mesma Alstom
firmou
contratos com os governos tucanos de São Paulo para obras do Metrô. Em
julho
passado, antes da explosão do "mensalão do demo", o próprio Arruda
visitou a
fábrica da multinacional no interior paulista para assinar um novo
contrato.
Serra, que gosta de inaugurar maquetes, esteve no local para prestigiar
seu
"vice-careca" e para desfilar com um trenzinho. Na sequência, em agosto,
a
Justiça determinou o seqüestro dos bens de oito demos-tucanos acusados
de
receberem propinas da Alstom – entre eles, Jorge Fagali e Robson
Marinho.

Segundo as
investigações feitas na Suíça, Fagali, ex-secretário de Transportes
Metropolitanos, teria o equivalente a US$ 10 milhões em contas secretas
no país.
As autoridades locais já teriam bloqueado US$ 7,5 bilhões. Já Robson
Marinho,
que foi secretário de governo de Mário Covas e hoje é conselheiro do
Tribunal de
Contas do Estado, teria cerca de US$ 1 milhão nos bancos da Suíça.
Manuscrito em
francês, apreendido pela polícia, descreve o pagamento de "comissões" e
registra
as iniciais R.M – o que reforça a suspeita do envolvimento de Robson
Marinho.

Ordens para não
publicar nada
Outra investigação,
desta vez do Ministério Público Estadual, propôs uma ação por
improbidade
administrativa contra três ex-diretores da Companhia Paulista de Trens
Metropolitanos (CPTM) e integrantes do Consórcio Ferroviário
Espanhol-Brasileiro
(Cofesbra), composta pela Alstom, Bombardier e Ferrocarriles. A
promotoria
apontou fraude à lei de licitações no sexto reajuste do contrato de
2005, de R$
223 milhões. Segundo o MPE, houve aumento de 73% no valor original da
suspeita
negociata, o que extrapola em muito o limite permitido por lei.

Apesar das
evidências, a mídia insiste em ficar calada. Segundo o jornalista
Rodrigo
Vianna, do excelente blog Escrevinhador, um relatório da Polícia Federal
"já
chegou às mãos de bons repórteres de São Paulo, que receberam dos
jornais ordem
de não publicar nada sobre o caso – que chegaria perto de determinado
candidato
a presidente da República". Ainda segundo o blogueiro, nesta mesma
investigação
"o nome de um destacado líder tucano aparece associado ao de um
jornalista (?)
que gosta de usar chapéu… Os dois, pelo que indica planilha apreendida
pela
PF, teriam 50 mil razões para tratar muito bem uma construtora que está
sob
investigação".

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