Festival Salvador Capital Afro finaliza programação reforçando protagonismo negro na economia criativa
O último dia do Festival Salvador Capital Afro (FSCA), nesta sexta-feira (8), celebrou intensamente a diversidade e a riqueza da economia criativa negra, com uma programação que trouxe oficinas, painéis e showcases de música e audiovisual, consolidando a proposta do festival de promover trocas culturais e impulsionar talentos negros no cenário artístico.
Pela manhã, as atividades voltadas para as artes visuais e turismo criativo atraíram profissionais e novos artistas, com oficinas e discussões sobre estratégias de inovação. Na Sala Nelson Maleiro, a oficina “Técnicas de Organização de Portfólio”, conduzida pelo artista visual Mulambö, orientou artistas visuais na construção de portfólios eficazes para apresentação no mercado. Durante o workshop, Mulambö guiou os participantes em um passo a passo sobre as diversas abordagens para a construção de um portfólio, enfatizando a importância de adequar a apresentação dos trabalhos a cada tipo de projeto. Para o facilitador, “foi uma troca muito interessante, que tinha uma galera das artes visuais, da música e da moda. Essa troca de experiências foi muito importante, porque cada um traz a sua visão de como apresentar o próprio trabalho. Então a gente pôde traçar um panorama bem interessante e mostrar várias possibilidades para cada tipo de conteúdo que foi apresentado.”
A oficina trouxe ainda um momento de análise crítica para os participantes, como relatou Erick Dorea, integrante da banda Favela Atômica, ao destacar a relevância do feedback recebido: “Foi muito importante essa imersão aqui no Festival Salvador Capital Afro. Hoje mesmo participei da oficina de portfólio, tive a oportunidade de ver atualizações e também de receber feedback do meu material. Foi uma chance de enxergar onde posso melhorar e corrigir para futuras apresentações”.
Simultaneamente, na Sala Harildo Deda, o talk sobre “Criação de produtos inovadores para o turismo a partir de linguagens artísticas” foi palco de uma troca produtiva entre Jimmy Filmeiro, Viviam Caroline e Emerson Dindo, sob a mediação de Joice Santos.
Para o subsecretário de Cultura e Turismo e coordenador do Programa Salvador Capital Afro, Walter Pinto, o festival é uma celebração construída por diversos agentes ao longo do tempo, e que simboliza uma grande entrega para a cidade: “A compreensão do que significa esse momento vem da presença e da contribuição de uma série de atores sociais e institucionais que, ao longo do tempo, ajudaram a construir e fortalecer essa entrega tão simbólica para Salvador. Graças a diversas pessoas e movimentos que construíram essa trajetória, pavimentamos o caminho para o Salvador Capital Afro.”
À tarde, o festival reuniu mulheres negras artistas visuais em um painel de compartilhamento de experiências, no Espaço Cultural da Barroquinha, com Nadia Taquary, Jess Vieira e Rebeca Carapiá, mediadas por Cintia Guedes, aprofundando as reflexões sobre os desafios e conquistas no cenário artístico. No segmento musical, a imersão em música eletrônica afrodiaspórica foi comandada por DJ Anaïs B e Jordi Amorim, conectando DJs e beatmakers às raízes afro-diaspóricas da música eletrônica. Paralelamente, Rayane Brum abordou estratégias de lançamento digital para artistas em uma masterclass no Café Nilda Spencer, trazendo orientações para o mercado de distribuição digital.
Para a diretora de Cultura de Salvador e coordenadora do festival, Maylla Pita, as três linguagens principais — artes visuais, música e audiovisual — permitiram que o festival alcançasse ainda mais impacto, promovendo o “culturismo” e o turismo cultural: “Com as três linguagens prioritárias deste ano, conseguimos transversalizar o afroempreendedorismo e promover o que chamamos de ‘culturismo’, pois é esse turismo cultural que sustenta a economia da nossa cidade. É fundamental reconhecer o papel, o talento e a potência das pessoas que estão construindo essa rede e contribuindo para a visibilidade de Salvador no mundo.”
O festival culminou com apresentações musicais no Pátio Iyá Nassô, encerrando as atividades com showcases que incluíram DJ Lunna Montty, Eloah Monteiro, DJ Gug e a emblemática performance do bloco afro Malê Debalê.
Créditos: CS Produção Audiovisual