Aldeia Nagô
Facebook Facebook Instagram WhatsApp

FHC desce a linha em Lula por Paulo Willian

3 - 4 minutos de leituraModo Leitura

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez novo movimento para
assumir a linha de frente da oposição ao governo Lula e artigo no
último domingo (01/11), nos jornais "O Globo" e "O Estado de S. Paulo"
desceu a lenha em Lula…


Segundo FHC, o petista comete
"transgressões cotidianas". Atropela a lei e os "bons costumes". Faz
uma aliança de natureza política autoritária, unificando sob verbas
públicas os interesses do Estado, de sindicatos, dos movimentos
sociais, dos fundos de pensão e das grandes empresas. Alerta para o
risco de subperonismo. E sapeca um novo conceito político-sociológico:
"autoritarismo popular".

Em meio a uma oposição sem discurso, com
potenciais candidatos ao Palácio do Planalto que não desejam atacar
Lula, FHC cumpre o papel de tentar desgastar um presidente, que, com
sua alta popularidade, tentará eleger como sucessora a ministra da Casa
Civil, Dilma Rousseff.

FHC, porém, esquece o passado. No seu
governo, os fundos de pensão das estatais foram usados politicamente
para a formação de consórcios privados que arremataram empresas
públicas. O Estado, naqueles anos, atuou no limite da
irresponsabilidade, como disse Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-diretor
da área internacional do Banco do Brasil que ficou muito rico nos anos
FHC.

A aliança com o PFL, hoje DEM, não difere muito da firmada
pelo PT com o PMDB, em nome de um realismo político que sacrifica a
ética.

O petista é mais desabrido ao abraçar figuras de biografias suspeitas? Sim.

Mas o tucano nomeou um procurador-geral da República que ficou conhecido como engavetador-geral da República.
O
procurador-geral é o único que pode pedir abertura de investigação e de
processo penal contra o presidente da República. FHC não se arriscou
com as seguidas nomeações de Geraldo Brindeiro. Lula escolheu o mais
votado da categoria. E viu um deles denunciar a existência de uma
organização criminosa em seu governo.

Houve tentações no governo
Lula, mas ele nunca cruzou a linha que separa a democracia do
autoritarismo. Já o tucano mudou, com apoio popular, a regra eleitoral
no meio do jogo, obtendo a possibilidade de disputar a reeleição em
1998.
Resumindo: FHC exagerou. E, quando isso acontece, costuma ser bom para o atacado.

O
tucano parece que está chateado com o eleitor que votou
democraticamente em Lula, um presidente que tem seguido à risca o que
prometeu. "Autoritarismo popular" soa meio golpista e demófobo. Não é
algo à altura do ex-presidente.
Também não compreendeu.

Lula tem
sido beneficiado por aqueles que o subestimam. Muitos críticos não
compreendem o fenômeno Lula. Por isso, falham ao criticá-lo. Não
conseguem formular uma crítica pertinente. Resultado: Lula nada de
braçada na política.

Desde uma frase que a empresária e atriz Ruth
Escobar disse ter ouvido de Arnaldo Jabor, na eleição de 1994, não
havia uma declaração tão exemplar do preconceito e da incompreensão de
certa elite em relação a Lula. Em entrevista ao jornal "O Estado de S.
Paulo", Caetano Veloso disse: "Marina é Lula e é Obama ao mesmo tempo.
Ela é meio preta, é cabocla, é inteligente como o Obama, não é
analfabeta como o Lula, que não sabe falar, é cafona falando,
grosseiro".

Crédito histórico

A frase
que Ruth disse ter ouvido de Jabor em 1994, quando FHC e Lula
disputavam a eleição presidencial que seria vencida pelo tucano, foi a
seguinte: "’Nesta eleição, temos duas opções: votar em Jean-Paul Sartre
ou escolher um encanador".

Artigo publicado originalmente em http://mostrandoaface.blogspot.com

Compartilhar:

Mais lidas