O espaço urbano não é meramente um espaço de trânsito e contemplação, através da arte é possível recriar a experiência na cidade, interferindo nos roteiros cotidianos dos transeuntes. O projeto Poética das Interfaces: Salvador, Urbano-Digital, do artista Jovan Mattos,  espalhou  QR codes pela cidade que permitem o acesso a conteúdos artísticos inéditos, através do celular.

Foram realizadas diversas intervenções, em médio e grande formato, utilizando a técnica do estêncil para intervir nos muros, postes e tapumes do centro de Salvador. 

O artista nos convida a refletir sobre a dimensão sensível do uso da tecnologia, explorando outras possibilidades de interação com o universo virtual. O código QR possibilita que um “grafismo”, por exemplo, te direcione para um endereço eletrônico que pode abrigar conteúdos como vídeos e GIFs — um recurso que vem sendo utilizado em diversos contextos. O projeto se apropria deste dispositivo como uma interface para refletir sobre o que existe de “não-mecânico” em torno da comunicação contemporânea, incorporando ficções e narrativas subjetivas ao que é corriqueiro, entre o espaço físico urbano e o espaço virtual das redes.

“Tanto a arte como o desenvolvimento tecnológico são pilares fundamentais para melhoria de vida de uma sociedade. Usando elementos da nossa cultura soteropolitana e do cotidiano, associado à elementos da cibercultura, como simbologias gráficas universais típicas da internet ou referências aos dispositivos móveis como o computador e seus componentes – o projeto busca criar uma poética que vai do local ao global, da rua ao universo virtual”, comenta o artista. 
Os bairros do Canela, Barris, Santo Antônio além do Carmo, Barbalho e Garcia receberam as intervenções artísticas de Jovan Mattos, possibilitando que os moradores e trabalhadores que se deslocam pelo centro, possam experimentar novos modos de transitar e ocupar o espaço público. Vale o destaque para a intervenção realizada no muro do ICEIA – Instituto Central de Educação Isaías Alves, no Barbalho, medindo 6m² e intitulada “Labirinto da Praça”. Para a realização dos conteúdos artísticos, houve a colaboração das artistas Lea Felicitas Blachfellner (Áustria) e Fritzi Hannah Harreck (Alemanha). 
O projeto tem apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultural do Ministério do Turismo, Governo Federal.
Jovan Mattos – Jovan Mattos é soteropolitano, nascido em 1983. É formado pela Escola de Belas Artes da UFBA em 2003 e atualmente está vinculado ao programa de pós-graduação em Artes Visuais desta mesma instituição. Produziu performances, desenhos e vídeos ao longo dos últimos anos. Ganhou o prêmio principal do Salão Regional de Artes Plásticas da Bahia em 2007, em Feira de Santana, com o trabalho “Boa noite Carlos Gomes”.

A escultura foi exposta posteriormente no MAM (Museu de Arte Moderna) e no teatro Vila Velha. O trabalho foi muito marcante na sua produção, trazendo a pedra portuguesa e a vida do centro de Salvador para sua poética. Em 2008 ganhou o Prêmio Aquisição na Bienal do Recôncavo com o trabalho “Minérios”. Assinou em 2010, junto ao professor David  Iannitelli, o cenário do espetáculo “Mobius” do GDC (Grupo de Dança Contemporânea) da UFBA. Fez uma breve formação técnica e passou dois anos trabalhando em empresas de engenharia como desenhista e modelador de tubulações industriais. Foi convidado em 2013 pelo artista Vinícius S/a para participar da residência artística” kulturamt” em Frankfurt, Alemanha. Em 2014 ganhou o edital  do “Setorial de Artes Visuais” do Estado da Bahia com a exposição “Minérios” que contou com a participação de Edgard Oliva, Rosa Bunchaft, Erivan Morais e Umeru Bahia.