Aldeia Nagô
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Lembranças de uma certa ditadura. Por Fábio Nogueira

2 minutos de leituraModo Leitura

…Lilian Morais tem uma invejável contribuição à cultura e às artes visuais. Como militante feminista, usa seu talento para retratar, em cores fortes e até chocantes, o que muitos tentaram esconder nos porões da ditadura. Ao contrário dos que falam em “ditabranda” e exaltam a tortura do regime de exceção de 64, não houve nada de brando na violência que foi praticada contra os inimigos do regime. Principalmente, contra mulheres, já historicamente vulnerabilizadas.

Os torturadores não hesitaram em estuprar, espancar, mutilar, assassinar e tentar silenciar mulheres que tiveram suas vidas interrompidas ou foram brutalmente perseguidas. Para a produção de suas obras, Lilian Morais mergulhou na pesquisa a partir do depoimento das vítimas, inquéritos, processos e certidões de óbito dessas mulheres vítimas da ditadura.
As obras de Lilian são uma investida contra a misoginia e o ódio de Bolsonaro e seus apoiadores às minorias. É um grito terrífico de cores, imagens e presenças, ocultados do conjunto da sociedade. Sem dúvida, a falta de um acerto de contas com o passado contribuiu para que uma mórbida nostalgia dos anos de chumbo ganhasse adeptos em nossa sociedade contemporânea.

Enquanto na Argentina e Uruguai torturadores a serviço da ditadura foram punidos com cadeia, no Brasil, a Comissão da Verdade conseguiu, a duras penas, que as circunstâncias dos crimes fossem esclarecidas e algumas famílias e vítimas fossem indenizadas. Algo muito, muito longe do ideal. Não se anistia torturadores. Não se passa pano para assassinos que praticaram crimes em nome do Estado e se ocultam atrás de suas patentes, posições oficiais e relações de favorecimento.

As dores retratadas nas obras de Lilian Morais dialogam com as da própria artista… “
@professorfabionogueira

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