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Lídice e a importância de uma candidatura. Por Walter Takemoto

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Walter-Takemoto

Sou daqueles que consideram que nesse momento político que atravessamos, de estado de exceção e do encarceramento da principal liderança política do nosso país, sem provas e para manter os efeitos do golpe por anos, o

processo eleitoral, que nem mesmo sabemos se ocorrerá na normalidade democrática representativa e burguesa, não é a prioridade para quem milita e luta no cotidiano das ruas.

Nossa prioridade é organizar, formar e mobilizar os trabalhadores e o povo pobre, estar em todos os locais possíveis, realizar as ações mais simples, mas acima de tudo não permitir que a “normalidade” dos meios de comunicação tome conta das vidas das pessoas.

Dito isso, quero dizer que entre aqueles que comandam as decisões no campo institucional aqui na Bahia se negocia a formação da chapa que irá concorrer ao senado.

Uma vaga já está decidida, e será ocupada por J. Wagner, e é indiscutível.

A questão toda é quem será o outro candidato, ou a outra candidata.

De um lado, aqueles que continuam apostando na “força” das alianças amplas, reproduzindo a política do “coração de mãe”, onde sempre cabe mais um, independente do que representou no passado e continua representando no presente, prefere ter ao lado de J. Wagner um representante que amplie a possibilidade de votos nas eleições, de tempo na televisão, de controle de votos na assembléia, de apoios de prefeitos, enfim, a manutenção da política de alianças da governabilidade e da maioria, que no âmbito do congresso resultou no golpe e na perda de apoio popular quando mais precisávamos.

Do outro lado, temos Lídice da Mata, primeira mulher eleita prefeita de Salvador e senadora pela Bahia. Mesmo sendo dirigente de um partido que nos últimos anos esteve sob forte influência de uma maioria aliada aos golpistas, a Lídice manteve nos principais momentos da luta contra o golpe coerência política e teve atuação importante na defesa da Presidenta Dilma e dos direitos dos trabalhadores. Muitas vezes contrariando posição do seu partido, o PSB.

E a mesma coerência se mantem nesse momento em que continuamos lutando contra o golpe, e agora pela liberdade do Lula e por seu direito de ser candidato.

E a defesa da presença da Lídice na eleição para o Senado representa, ainda, afirmar que nesse momento é fundamental a nossa tarefa de construir um amplo movimento de unidade das forças democráticas e populares, unificando os movimentos sociais, populares, sindicais e partidos de esquerda. E Lídice representa setores importantes que militam nesses movimentos, ao contrário do outro candidato que parece ser o preferido do governador da Bahia.

Importantes lideranças políticas do PT, como os senadores Gleisi e Humberto, manifestaram apoio à Lídice. Os defensores do outro candidato utilizando a imprensa tentam desqualificar esse apoio, chegando ao ponto de um jornal publicar que Lídice teria cometido um deslize com o vídeo pois “Gleisi é queimada inclusive no PT”.

Sabemos muito bem que a imprensa no país, e não é diferente aqui na Bahia, é controlada pelo poder econômico de poucas famílias, ou então é a imprensa de quem paga mais. Triste é ver que aqueles que em tese lutam contra o golpe utilizam essa mesma imprensa para fazer o jogo palaciano e atacar quem está ao nosso lado.

Não é possível que a militância do PT não aprendeu com o que foi o processo para definir se o partido teria ou não candidato a prefeito em Salvador. Ou não aprendeu que a mesma militância que se cala sobre uma decisão importante como a definição da chapa ao senado que o PT irá apoiar seja decidida por uma minoria, desconsiderando a luta fundamental nesse momento que é derrotar o golpe e libertar o Lula. E essa é uma questão chave: os poucos que podem querer impor a exclusão da Lídice, podem ser os mesmos que tratam a luta contra o golpe e a defesa do Lula como secundárias.

Defender a candidatura da Lídice é afirmar que queremos que na Bahia e no Brasil nosso esforço seja para fortalecer a unidade dos que lutam cotidianamente contra o golpe e em defesa do Lula.

Nada menos do que isso.

Lula Livre!
Lídice no Senado!

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