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Manual do perfeito midiota – 67: Ele não é um inocente útil, mas um militante ativo. Por Luciano Martins Costa

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Até mesmo boatos grosseiros e mentirosos, cuja origem pode ser detectada em minutos, recebem tratamento de verdade verdadeira nesses núcleos da midiotice

Um jornalista experiente, pesquisador respeitado, pondera que a expressão “midiota” é muito forte e inadequada, porque, no fundo, quem ainda lê jornais está contribuindo para a manutenção da indústria da comunicação dedicada ao jornalismo. Aquilo que ainda chamamos de imprensa.

Concordo absolutamente com sua opinião.

“Midiota” é uma expressão forte e inadequada, uma vez que o leitor de jornais e espectador assíduo do noticiário deveria, por isso mesmo, ser uma pessoa bem informada, com senso crítico desenvolvido e uma consciência social madura.

Acontece que a realidade criada pela degeneração da imprensa hegemônica nos últimos anos tem produzido exatamente o contrário: uma classe média urbana desinformada, preconceituosa, reacionária e covarde.

Nos comentários de sites noticiosos mantidos pelas principais empresas de mídia, o estilo predominante é o da grosseria, da falta de imaginação e da fé cega e estúpida em tudo que se produz nessas redações.

Até mesmo boatos grosseiros e mentirosos, cuja origem pode ser detectada em minutos, recebem tratamento de verdade verdadeira nesses núcleos da midiotice.

Grupos de militantes ultraconservadores, organizados e financiados por fontes facilmente identificáveis, se dedicam a distribuir factoides e versões distorcidas de notícias dúbias produzidas pelos grandes jornais, e mesmo jornalistas experientes dão repercussão a essas invencionices.

A coisa chegou a tal ponto que até a conservadora V*ja se viu compelida a publicar em seu site uma nota desmentindo que a ex-primeira dama Marisa Letícia recebia pensão de R$ 68 mil mensais como ex-funcionária fantasma do Senado Federal. Mesmo com a publicação do desmentido também no UOL, segue se expandindo essa mentira pelas redes sociais.

No final da semana, um grupo de jornalistas historicamente ligados ao antigo Partido Comunista Brasileiro se empenhava em dar publicidade a uma enxurrada de opiniões e manifestações desonrosas em relação à falecida ex-primeira dama, com base numa interpretação bisonhamente distorcida de um depoimento de seu marido, o ex-presidente Lula da Silva.

Ninguém pode adivinhar o que irá brotar das investigações em curso contra o sr. Lula da Silva, mas pessoas com alguma educação política não deveriam se dedicar a essa prática.

Se bem seja necessário pontuar que o Partido Comunista Brasileiro e seus descendentes representam hoje uma das faces mais reacionárias do conservadorismo.

Agora, uma questão: por que o UOL, cujos editores sabem que esse e outros boatos são invenções com propósito político, mantém em sua rede de blogs e revistas digitais tais publicações que sabidamente são mantidas por grupos fascistas interessados em minar a combalida democracia brasileira?

A resposta é simples e se refere também à questão levantada pelo jornalista sobre a conveniência de chamar de “midiota” o leitor típico dessa mídia degenerada: o midiota não é um inocente útil – ele é um militante ativo desse programa de retrocesso que ameaça levar o Brasil de volta a 1932.

Luciano Martins Costa é Jornalista, mestre em Comunicação, com formação em gestão de qualidade e liderança e especialização em sustentabilidade, além de autor de vários livros

Foto: EBC

Foto: EBC

Artigo publicado originalmente em http://brasileiros.com.br/2017/03/manual-perfeito-midiota-67-ele-nao-e-um-inocente-util-mas-um-militante-ativo/

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