Aldeia Nagô
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Mãos Limpas: Itália ruma para o cemitério. E o Brasil da Lava a Jato?, por Romulus

4 - 5 minutos de leituraModo Leitura
Luis_Nassif

No post “Xadrez de um Supremo que se apequenou – II”, comentando um livro italiano sobre a escalada do neofascismo na Itália pós “Mãos Limpas”, Nassif transcreve:

“E ainda os cortes na despesa pública relativamente à saúde e educação, a agressão aos sindicatos, precarização do trabalho e, portanto, das condições de vida de milhões de pessoas. Enfim, o projeto de desconstituição, manifestou-se nas propostas de lei destinadas a reduzir a liberdade de imprensa em matéria de interceptações e de direito de greve”.

E, depois da transcrição do livro, Nassif se pergunta:

Alguma semelhança com o Supremo e com o Brasil de Temer?

– Toda, Nassif!

*

O trágico, para a maioria da população, é que, contrariamente ao que quer fazer crer o lobby da finança e do 1%, o resultado econômico e social dessa liberalização selvagem e desse arrocho é desastroso.

Resultado 1

Crescimento econômico pífio – isso quando há crescimento. Sempre na rabeira da Zona do Euro.

Pouco antes da crise financeira de 2008, a Espanha, em feito histórico, estava em vias de passar o PIB da Itália!

Resultado 2

Jovens: ou desempregados ou em “CDD” – contrato de duração determinada (temporários).

Pulam de um para outro, sem nenhuma garantia trabalhista, estabilidade ou perspectiva de crescimento profissional.

Resultado 3

Como ter filhos assim?

Dias atrás via na TV francesa reportagem sobre a explosão de protestos de jovens italianos a esse respeito.

A despeito se sua vontade de serem pais e de constituírem família, apontavam para a precariedade de sua situação laboral como o impeditivo para terem filhos.

Uma das entrevistadas se exasperava:

– Pensar em filho como, se o meu contrato de trabalho dura menos que uma gravidez?!

*

E o que lhes restava então?

O êxodo migratório, que os empurra há anos para áreas da União Europeia com melhores perspectivas, no Norte.

[Nota: inclusive, aqui na Suíça, isso resultou, entre outros fatores, na aprovação em referendo da suspensão do acordo de livre trânsito de mão de obra com a UE.
Os Cantões que deram a maior votação a essa iniciativa do SVP (sigla em alemão), o partido populista de extrema direita, foram os dois italianos (acima de 90%!), diante do afluxo de jovens “primos” ao sul da fronteira alpina em busca de empregos]

A Itália se torna, pouco a pouco, um país fantasma.

Hoje está ainda no estágio de país-asilo geriátrico:

– Muitos velhos, agraciados com a idade avançada que lhes proporciona o estilo de vida mediterrâneo;
– Cada vez menos nascidos; e
– Desaparecimento dos jovens em idade produtiva, que vão tentar fazer suas vidas em outras sociedades.

Pois é…

*

Linha do tempo

Depois da fundação de Roma na Idade Antiga, do Renascimento nos séculos XV e XVI e do Ressurgimento no XIX, eis que chega o estágio “país asilo geriátrico”.

Antessala para o último:

– “País cemitério”!

*

Reportagem a esse respeito, da época dos protestos:


“Suicídio demográfico”: taxa de natalidade desaba há 20 anos.

“20 anos”??

Que “coincidência”!

Justamente a idade da Operação “Mãos Limpas”!

*


Contrassenso: como buscar crescimento econômico com uma população que não para de envelhecer?

*


Desenvolvimento travado pelo êxodo cada vez maior das “forças vivas” (!) do país. Dos 100 mil ~diplomados~ que partiram para o estrangeiro em 2014, a metade era de mulheres com menos de 40.
Ou seja: as que fazem, abrigam e parem (novos) bebês!

*

Salve-se quem puder

Na Europa ainda resta aos jovens, ao menos, a opção de migrar para o Norte.

E no Brasil?

Será possível para 200 milhões fazer como no Amapá e migrar também para a “Europa”, cruzando o rio que separa o Estado da Guiana ~Francesa~?!

Aviso a quem se animar:

Há uma ponte cruzando o rio que separa os dois países.

Foi construída, como não poderia deixar de ser, por iniciativa de Lula, com o seu olhar voltado também para o Sul e para os vizinhos.

(FHC combinara com Jacques Chirac uma ponte, mas evidentemente não colocou nem mesmo a pedra fundamental. rs)

Contudo, o afluxo de amapaenses em busca do salário mínimo de EUR 1.150,00 da França já resultou num aumento considerável no patrulhamento da fronteira.

[Fronteira essa – saibam vocês para o próximo quiz de que participarem – que é a maior fronteira terrestre da França.
Sempre tem essa pergunta em quiz por aqui…]

*

Brasil rumo ao cemitério?

O pior é que, dada a demofobia da nossa elite, tenho certeza de que veem o colapso na natalidade e o êxodo de jovens como uma externalidade (ultra) positiva da política de arrocho.

– “Querido” 1%, saiba que não é bem assim, não…

Os pobres sempre foram pressionados por dificuldades econômicas e mesmo assim constituíram suas famílias.

O custo de criação do indivíduo (mais) elevado, com escola particular, plano de saúde, curso de inglês, etc., é em outro lugar da sociedade:

– Quem vai sumir demograficamente é, grosso modo, a classe média tradicional! E os brancos!

*

Não deixa de ser uma vingancinha mais que merecida da Senzala, não é mesmo?

E aí, quem sabe quando os números chegarem a 9 para 1, não haverá a nossa “Revolução Haitiana” (tardia)?

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