Mestre Bimba. Por Eurico de Jesus
A transcendência da obra do Mestre Bimba é de fundamental importância no processo de compreensão e valorização do legado afrodescendente no conjunto dos elementos que ajudaram na construção de uma identidade brasileira.
Antes do Mestre Bimba existia ”capoeira”, depois do Mestre Bimba passou a existir a Capoeira Regional, como o resultado de uma metodologia desenvolvida por ele mesmo estabelecendo uma diferença de estilo com a até então capoeira tradicional, hoje rebatizada como Capoeira Angola cujo representante emblemático foi o saudoso Mestre Pastinha.
O método criado pelo Mestre Bimba, fruto da sua mente inteligente, racional e visionária, acendeu inicialmente a fogueira da polêmica para logo depois acender a tocha, a chama, o farol que iluminou os novos caminhos que conduziram a capoeira em direção ao futuro de braços dados com a modernidade, transpondo fronteiras físicas, culturais e étnicas.
Com a iniciativa do Mestre Bimba a capoeira foi aceita na sociedade brasileira, depois de um escuro período de ilegalidade, se expandiu pelo Brasil e conquistou o mundo, beneficiando inclusive a capoeira tradicional, a Capoeira Angola.
Hoje a capoeira está presente em mais de 160 países e goza de muito boa saúde.
A capoeira é plástica, é polifacética, é arte, é luta, é defesa pessoal, é condicionamento físico, é acrobática, é ginástica, é música, é dança, é esporte, é instrumento de resgate e inserção social, ademais de servir como mecanismo de divulgação da cultura brasileira e do nosso idioma, o português.
A capoeira é.
Se o Sr. Manoel dos Reis Machado tivesse nascido em outro país, certamente seus dirigentes e sua gente teriam mandado erguer uma estátua maior que a estátua da Liberdade em louvor e reconhecimento por sua inestimável contribuição para o seu país e para a humanidade.
Eurico de Jesus é Bailarino, Artista Plástico e Capoeirista