Aldeia Nagô
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Mídia e Política: Murdoch e Merval por José Dirceu

3 - 4 minutos de leituraModo Leitura

O jornalista e membro da Academia Brasileira de Letras, Merval Pereira, resolveu
colocar a carapuça.


Como o seu forte não é a política, para não dizer outra
coisa, assumiu abertamente neste final de semana, em seu artigo "Obsessão", que
a mídia – depois de ofender Lula com uma série de adjetivos e tentar me
desqualificar, e depois que os jornais perderam a centralidade na formação da
opinião pública – continua sendo um "contra poder", citando um conhecido
jornalista espanhol, José Luis Cebrian, diretor do El País.

A questão é
exatamente essa: a fusão do controle da opinião pública com o poder, a busca
desenfreada da mídia em agir sobre os governos, substituindo o Parlamento e os
partidos. Os jornais têm procurado desmoralizá-los de todas as formas. Assim,
quando Merval fala em "contra poder", ele sabe do que está falando. E quando
coloca a carapuça no caso Murdoch, sabe mais.

No Brasil, a mídia – em
particular, as Organizações Globo – atua a pretexto de combater a corrupção no
estilo do velho udenismo, para mudar as políticas dos governos eleitos de forma
legítima e democrática. No entanto, quando não alcançam seus objetivos, tentam
derrubar os governos e o fazem abertamente.

Ação política

Não se
trata somente de métodos ilegais na busca de informações, como estamos
assistindo na Grã Bretanha e, tudo indica, em todo império de Murdoch. Mas nos
referimos à ação política – pública e secreta – dos donos de jornais e de seus
principais articulistas, que operam e articulam ações políticas de oposição
contra governos, pressionam os poderes da República, particularmente os do
judiciário.

Isso, sem falar em seus métodos ilegais, como a violação do
sigilo e segredo de justiça; o acesso a informações de investigações e a
inquéritos, por meio de policiais a serviço desses jornais; a busca de
informações junto a servidores públicos e funcionários de empresas privadas, por
lei proibidos de prestar essas informações, resguardadas pelo sigilo bancário,
fiscal e, o mais violado, telefônico.

Mas a violência maior que a mídia
pratica é a política, como agora fica evidente no papel da cadeia FOX de
Murdoch, a favor do partido Republicano dos Estados Unidos, e cuja ação e
operação nos Estados Unidos também começam a ser investigada pelas autoridades
federais norte-americanas.

O outro lado da moeda

A atuação e a
ação dos jornais, rádios e TVs, além da manipulação da informação – abertamente
a favor de determinados partidos e lideranças -, resumem o outro lado das
atividades ilegais do grupo Murdoch, que Merval procura esconder atrás da
acusação de que queremos controlar a mídia ao propor sua regulação.

Essa
mesma regulação temida por Merval existe na Grã Bretanha e nos Estados Unidos –
daí a facilidade com que as autoridades locais passaram a investigar o grupo
Murdoch, sem que fossem acusadas de querer controlar a imprensa ou de violar a
liberdade de expressão. Pelo contrário, a intervenção da polícia e da Justiça
foi exigida em nome da manutenção da credibilidade da regulação e das
fiscalização dos códigos de conduta e de ética do jornalismo na Grã Bretanha.

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