Ninguém é de ninguém. Mas você é de você mesmo! Por Rosana Braga
Essa idéia de que a gente tem uma alma gêmea a ser
encontrada, uma pessoa que vai nos completar e nos tornar inteiros faz
sentido,
é verdade!
No entanto, sinto que existem alguns detalhes a serem
esclarecidos
sobre esse assunto…
Muitas pessoas passam a vida acreditando que enquanto não
encontrarem essa tal metade, não podem ser inteiramente felizes, completamente
realizadas ou que sua existência jamais fará pleno sentido.
Isso não é exatamente uma verdade. O fato é que amar é um privilégio e uma
oportunidade maravilhosa de nos tornarmos pessoas mais evoluídas e satisfeitas.
Mas somos seres absolutamente completos. Nascemos dotados de todas as
ferramentas que precisamos para sermos felizes, independentemente de com quem
estamos, onde e quando estamos…
A felicidade é uma escolha pessoal, um dom que desabrocha de dentro de cada um,
um exercício diário, uma busca que se faz só. Viemos ao mundo para uma missão
que só pode ser realizada por nós mesmos e por isso nascemos únicos, singulares
e individuais.
As pessoas com quem nos relacionamos, as que escolhemos para amar são nossas
companheiras de jornada, são presentes e facilitadores que Deus nos enviou para
tornar nossa caminhada mais leve e prazerosa. Mas não são, nunca, de forma alguma,
a nossa felicidade, a nossa realização, a essência de nossa vida.
Percebo que, muitas vezes, entorpecidos por um sentimento genuíno de amor,
confundimos o que somos com o que o outro é. Atribuímos a nossa felicidade e a
nossa razão de existir ao outro e perdemos a referência de nosso real valor.
Assim, passamos a acreditar que sem o outro não poderíamos nos sentir tão bem,
que sem o outro toda a beleza e toda a alegria estariam perdidas, como se tudo
de bom (e de ruim também) não existisse – antes de em qualquer outro lugar –
dentro de nós mesmos!
É isso: tudo o que somos, sentimos e vemos, tudo o que entendemos como mundo é
reflexo do que temos dentro da gente. Assim, se somos felizes ao lado de alguém
que amamos é porque nos tornamos capazes de sentir felicidade e de amar. E se
somos tristes e insatisfeitos, também é porque estamos exercendo nossa
capacidade de sentir tristeza e de não nos satisfazermos com o que temos.
Dessa forma, creio que está mais do que na hora de compreendermos que podemos,
sim, nos tornar melhores através do amor que trocamos com alguém, mas que não é
o outro que nos faz melhores e sim nós mesmos que nos permitimos crescer e ser
melhor.
Ninguém é de ninguém porque não somos coisas. Somos pessoas e pessoas são
eternamente ímpares. É o que cultivamos e alimentamos em nós que nos faz ser
como somos. A única pessoa que temos e por quem realmente somos responsáveis é
a gente mesmo.
Portanto, sugiro que você comece a se apropriar de sua felicidade como mérito
seu, assim como de suas tristezas e insatisfações. E a partir de então, poderá
abrir mão das pessoas, desapegar-se, compreender que o amor que você sente por
alguém não torna esse alguém seu, mas apenas um companheiro de aprendizagem e
de importantes descobertas.
E na mesma medida, poderá exercer todos os seus dons e suas capacidades a fim
de tornar a sua vida e a das pessoas que caminharem ao seu lado pela longa
estrada da vida muito melhor, mais inteira e, sem dúvida, mais verdadeira!