Aldeia Nagô
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Nunca vi tamanha barbaridade. Por Nelson Pretto

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Tenho uma história de mais de 40 anos dedicado à educação com grande ativismo político, sem nunca, no entanto, ter feito política partidária. Saliento que considero a militância partidária de fundamental importância, mas terminei dedicando essa minha militância ao partido da educação, da cultura, da ciência e tecnologia.

Ao longo de todos esses anos nunca vi barbaridade maior do que a proposta – e o pior, aprovada em 1º turno – dessa tal PEC 241.

Como conselheiro da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) destaco um trecho da carta enviada em 10 de outubro pp. a todos os deputados federais, onde dizemos claramente que “reduzir os investimentos públicos em educação, ciência, tecnologia e inovação vai na contramão dos objetivos de se efetivamente tirar o Brasil da crise. A experiência mundial nos mostra que, sem investimentos consistentes e permanentes em educação, ciência, tecnologia e inovação, não há desenvolvimento econômico.”

É incrível como a imprensa tem entrado nessa onda e não consegue perceber o risco e o absurdo de um governo que, tendo entrado pelas portas dos fundos para completar um mandato, se proponha a tomar decisões que afetarão os próximos 20 anos. 20 anos! Não estamos falando de um ou dois anos, serão 20 anos de não investimento em áreas absolutamente fundamentais.

Claro que perto da PEC241, as demais questões são menores, mas ao mesmo tempo não deixam de nos preocupar. Uma delas, com certeza, é a absurda proposta de reforma do ensino médio que, além de tudo, é feita via Medida Provisória. Precisamos formar amplamente nossos jovens e não meramente prepará-los para os exames nacionais ou internacionais (ENEM, PISA, Prova Brasil….) ou para a ocupação de carreiras técnicas, inclusive, com baixa qualificação, justo por conta dos cortes nos investimentos futuros. Não há dúvida de que toda a educação brasileira precisa de grande transformação, e por isso mesmo, investimentos. Essa tem sido, como você bem conhece, minha labuta e minha luta!

Esse meu e-mail é quase um desabafo, mas eu não poderia ficar calado frente aos absurdos que estou vendo. Como militante da educação, cultura, ciência e tecnologia se calado ficar, me considerarei um traidor de tudo que venho defendendo em sala de aula (oppss, tem a Escola sem Partido! Será que poderei me manifestar?!) ao longo de todos esses anos de profissão.

Nelson Pretto é professor da FACED/UFBA

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