O boicote brasileiro ao pré-sal por Luis Nassif
Times – mais importante jornal de negócios do planeta – publicou ampla
matéria
sobre o início da produção do pré-sal.
O jornal estranhou o pouco
destaque na mídia e no próprio Blog da Petrobras. Interpretou como
cansaço do
país pelo excesso de loas ao pré-sal.
Do lado da Petrobras,
provavelmente
o correspondente se esqueceu de mencionar que a empresa está em fase de
silêncio
– imposto pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), devido ao próximo
lançamento de ações da empresa. Mas entendeu as limitações eleitorais,
para
explicar o discurso mais moderado do governo.
Aí, se estende
sobre a
maneira como a grande imprensa praticamente ignorou o episódio. Alertou
para a
"complacência que ameaça o Brasil". Diz que, depois dos sucessos dos
últimos
anos, "muitos brasileiros dão a impressão que o trabalho já está feito. A
colheita do pré-sal já está depositado. Mesmo a descoberta de 4,5 mil
milhões de
barris no campo de um novo chamado Franco maio foi recebida com
indiferença".
Nada a ver com a opinião pública em geral e com a
opinião
dos especialistas em particular. Mas com um vício recorrente que tirou
toda a
objetividade de alguns grandes jornais.
Do lado da mídia, a
cobertura foi
incompreensível. Pouco se falou do início da exploração. Mas O Globo
saiu-se com
uma manchete escandalosa, informando que enquanto na Europa se reduz a
exploração na plataforma marítima, devido ao acidente da British
Petroleum no
Golfo do México, no Brasil se acelera.
De repente, passa-se a
acusar o
Brasil de pretender se beneficiar de suas próprias riquezas naturais,
sem
informar que, no caso da Europa, o recuo na produção marítima se deveu
ao
esgotamento de suas jazidas, apenas isso.
Acusou-se a Petrobras
de
ignorar o acidente da BP, como se a falha fosse dela, não da BP. Há anos
a
Petrobras possui um sistema de válvulas automáticas, que impediriam
qualquer
tipo de acidente similar ao que ocorreu com a BP.
Lá, por questão
de
economia, as válvulas eram manuais. Quando ocorria algum problema no
poço, não
fechavam automaticamente a saída do petróleo. Pela tubulação vinha então
aquele
fato de petroleo e fogo. Para salvar-se, os operadores fechavam
repentinamente
as válvulas, fazendo com que a explosão se desse na entrada do
petróleo.
O clima eleitoral parece ter contaminado toda a
cobertura.
Qualquer notícia positiva para o país é escamoteada, com receio de que
possa
beneficiar um dos candidatos. Joga-se vergonhosamente contra o país,
forçando
manchetes para prejudicar o lançamento das ações da Petrobras, como se o
que
estivesse em jogo fossem apenas as próximas eleições, não a construção
do futuro
do país, com esse presente dado pelos céus.
"Acusa-se" o país de
pretender se beneficiar do pré-sal! O que esse povo pretende? Que se
abra mão de
uma riqueza que poderá alavancar o bem estar de todo brasileiro?
É
um
clima irrespirável, que não terá continuidade após as eleições. Aí, será
necessário um grande pacto entre as novas lideranças da oposição e o
próximo
governo, visando blindar os interesses do país do jogo político
rasteiro.
Artigo
publicado
originalmente em www.luisnassif.com.br