Aldeia Nagô
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O brasileiro está mais esperto. Por Claudio Guedes

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Claudio_Guedes

Vejo a importante pesquisa do Datafolha sobre o apoio ou não do povo às privatizações e, confesso, fui um pouco surpreendido. Surpresa boa, o que é raro nos dias de hoje.

O que a pesquisa diz?

“Sete em cada dez brasileiros se opõem à privatização de estatais, aponta levantamento do Datafolha.

A maioria (67%) da população também vê mais prejuízos que benefícios na venda de companhias brasileiras para grupos estrangeiros.

A oposição a privatizações predomina em praticamente todos os recortes analisados —por região, sexo, escolaridade, preferência partidária e aprovação à gestão Temer.

O único cenário em que a ideia é aceita pela maioria é entre aqueles com renda superior a dez salários mínimos por mês, dos quais 55% se disseram favoráveis.” (Folha/UOL, 26/12).

Apesar de toda catilinária diária da grande mídia – controlada por quatro ou cinco famílias muito ricas – das inúmeras vantagens do setor privado gerir tudo no país, o brasileiro, do mais culto ao mais ignorante, do mais pobre até o que possui renda mensal até 10 SM, rechaça a venda das grandes estatais. Mesmo entre os mais ricos, os com renda acima de 10 SM mensais, o único corte onde a maioria apoia às privatizações, a maioria é estreita – apenas 55% revelam apoio.

Por que o bombardeio diário da mídia – quase uníssono – não conquistou os corações e as mentes dos brasileiros para a tese de que o setor privado tocando tudo é o melhor para o país?

Acho que são várias as razões, mas uma é a predominante, e tenho meu palpite: o brasileiro conhece o setor privado no país é sabe que ele, em geral, é atrasado, egoísta e possui compromisso muito limitado com o comunitário e o social. Em geral, nossa elite privada só pensa na acumulação primária de capital e patrimônio. Tudo em benefício dos donos do capital.

Para este brasileiro médio é melhor que Petrobras, Eletrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica fiquem com o governo, e suas ações e seus resultados sejam apropriados pelo conjunto da sociedade, do que transferir as empresas para o usufruto privado de poucas famílias – CSN, por exemplo – ou grandes grupos privados – CESP, CPFL, Banespa, COELBA, por exemplo.

Este resultado é um “tapa na cara” da grande maioria dos jornalistas das pautas econômicas da imprensa escrita e televisiva. Mostra que o brasileiro médio está ficando um pouco mais esperto e não vai se deixar enganar pelo discurso falacioso do neoliberalismo. O discurso que lhe promete uma terra de felicidade mas que, na verdade, esconde políticas que buscam excluir os poucos direitos sociais que ele conquistou em décadas de lutas.

Claudio Guedes é Empresário e Professor

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