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O ciúme alimenta ou destrói o amor? Por Rosana Braga

4 - 5 minutos de leituraModo Leitura

Há quem diga que o ciúme é tempero pro amor. Outros, porém, afirmam que
ele é o veneno! Eu, particularmente, diria que depende da dose! Em
excesso, não há amor que resista. Realmente, a relação definha e perde
muito quando um dos parceiros (ou os dois) se deixa consumir por este
sentimento tão polêmico. Mas, uma pitadinha de ciúme (sempre
acompanhado de bom senso e, principalmente, de bom humor) pode trazer
mais romance e paixão para os casais.


Além disso, eu não seria ingênua a ponto de dizer que é preciso eliminar com o ciúme. Não acredito que isso seja possível, absolutamente! Quando estamos vivendo uma relação que nos faz feliz, a tendência é que desejemos prorrogar ao máximo essa sensação, fazendo tudo o que estiver ao nosso alcance para manter a pessoa amada ao nosso lado. E, de preferência, que ela só tenha olhos para nós!
Até aí, tudo muito bom! O problema é quando a relação começa a ficar uma chatice por causa do excesso de ciúme (que pode ser melhor entendido por insegurança, medo de perder, falta de auto-estima e possessividade).

Assim, podemos observar muitas relações sem qualidade, sem entrega e sem amor verdadeiro e, mesmo sem tudo isso, encharcada de ciúme! A questão que fica é: o casal está com medo de perder o quê, se o que eles têm alimentado está mais para uma "brincadeira" de amor?!

Então, já que não dá para eliminá-lo – mesmo porque acredito ser um sentimento humano, compreensível e até justificável – minha sugestão é que aprendamos a lidar com ele; que encontremos o equilíbrio: nem se martirizar por sentir ciúme da pessoa amada, nem perder o pé da situação e começar a alucinar!

Convenhamos: quem já sentiu ciúme alguma vez (cerca de 95% da população mundial) sabe que a imaginação, nessa hora, rola solta! Conseguimos imaginar as situações mais cabeludas, horrorosas e até "impossíveis" de se acreditar. Somos capazes de encontrar justificativas plausíveis para todas as nossas desconfianças e, em questão de segundos, transformamos a pessoa amada em traidora, falsa, mentirosa, entre outros adjetivos desagradabilíssimos.
Quando você se encontrar no meio dessa "loucura mental", lembre-se de recuperar o senso de realidade. Respire fundo e concentre-se em você. Lance mão de sua inteligência e comece a diferenciar o que é fato do que é exagero de sua parte. Tente analisar a questão friamente e espere até que possa conversar com a pessoa.

O ideal é que os parceiros reservem um espaço na relação para falarem sobre o que estão sentindo. Creio que o que mais nos machuca não é o que acontece, mas o que imaginamos que possa acontecer. No entanto, devemos levar em conta que aquilo que fica somente no pensamento ganha um tamanho muito maior do que tem de verdade! 

No momento em que verbalizamos nossas fantasias, nossos medos e nossas desconfianças, nós mesmos podemos perceber o quanto tudo estava tão maior dentro da gente. 

Quando a fantasia passa para o plano real, quando ela se transforma em palavras, geralmente retoma seu tamanho verdadeiro e aí fica bem mais fácil resolver a questão. O problema é que a maioria das pessoas ou nem admite que está com ciúme ou não fala sobre o que está sentindo e pensando. E, assim, consumida por esses pensamentos que vão crescendo e tomando conta de todos os demais sentimentos que existiam antes, passa a agir de forma agressiva e irônica, fazendo acusações que mascaram o seu medo de perder a pessoa amada.

Portanto, sugiro que o ciúme não seja um bicho-papão correndo atrás do amor. Mas que ele seja o que é: um sentimento que deve ser cuidado, sobre o qual deve ser conversado. Assim, juntos, um poderá esclarecer as desconfianças do outro sem julgá-lo como louco ou qualquer "coisa" do gênero.

E lembremos: quem está sentindo ciúme, está literalmente sofrendo. Um mínimo de carinho e acolhimento é necessário num momento como esse. Ainda mais porque estamos falando da pessoa amada…

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