Personalize as preferências de consentimento

Utilizamos cookies para ajudá-lo a navegar com eficiência e executar determinadas funções. Você encontrará informações detalhadas sobre todos os cookies em cada categoria de consentimento abaixo.

Os cookies categorizados como “Necessários” são armazenados no seu navegador, pois são essenciais para ativar as funcionalidades básicas do site.... 

Sempre ativo

Os cookies necessários são necessários para ativar os recursos básicos deste site, como fornecer login seguro ou ajustar suas preferências de consentimento. Estes cookies não armazenam quaisquer dados de identificação pessoal.

Não há cookies para exibir.

Os cookies funcionais ajudam a executar determinadas funcionalidades, como compartilhar o conteúdo do site em plataformas de mídia social, coletar feedback e outros recursos de terceiros.

Não há cookies para exibir.

Os cookies analíticos são utilizados para compreender como os visitantes interagem com o site. Esses cookies ajudam a fornecer informações sobre métricas como número de visitantes, taxa de rejeição, origem do tráfego, etc.

Não há cookies para exibir.

Os cookies de desempenho são usados ​​para compreender e analisar os principais índices de desempenho do site, o que ajuda a oferecer uma melhor experiência de usuário aos visitantes.

Não há cookies para exibir.

Os cookies publicitários são utilizados para fornecer aos visitantes anúncios personalizados com base nas páginas que visitou anteriormente e para analisar a eficácia das campanhas publicitárias.

Não há cookies para exibir.

Aldeia Nagô
Facebook Facebook Instagram WhatsApp

O fracasso da esquerda na batalha ideológica nas redes sociais. Por Manuel Castells

3 - 4 minutos de leituraModo Leitura

Publicado originalmente no La Vanguardia e no DCM (Brasil)

O problema da esquerda, no âmbito internacional, é a sua difícil adaptação a sociedades em plena transformação no ecológico, no tecnológico, no cultural e no político. E se apega a marcos mentais, ideologias e táticas que não se conectam com a maioria das pessoas. Em particular, com os jovens, que sempre foram os atores da mudança social.

A vitória de Trump marca uma mudança de época que vai além dos Estados Unidos, porque em torno da sua liderança se constituiu um bloco histórico que inclui a maioria da classe operária branca, Wall Street, o Vale do Silício (pela primeira vez) e uma maioria de homens brancos, incluindo profissionais, que se veem questionados em seu patriarcado e alarmados pela imigração.

No entanto, os democratas continuam disputando a magnitude dessa vitória, ainda que o trumpismo ganhou o voto popular, esmagadoramente o Colégio Eleitoral e obteve a maioria na Câmara dos Representantes e no Senado, além de controlar a Suprema Corte. Muitos mitos foram quebrados.

Kamala Harris gastou o dobro de Trump na eleição, chegando a 1,5 bilhão de dólares em poucas semanas. As feministas descobriram que o direito ao aborto não importava para a maioria e que 62% das mulheres brancas não universitárias votaram em Trump.

A guinada social para a extrema direita é uma tendência mundial. Fenômenos semelhantes estão ocorrendo em todo o mundo, com uma classe política crescentemente deslegitimada e classes populares que se sentem marginalizadas pelos vencedores da globalização e que desconfiam das instituições políticas nacionais e internacionais.

É a hora dos antissistemas de extrema direita. Como explicar que um cara como Milei tenha sido eleito com 56% dos votos? Ou a força de um golpista como Bolsonaro, contido a duras penas por Lula e um corajoso Supremo Tribunal? Ou a natureza efêmera da vitória presidencial de Boric no Chile, quando se tentou aprovar uma Constituição utópica rejeitada por 60%. E a hegemonia de Orbán na Hungria e de seus correligionários na Eslováquia e talvez na Romênia. Com Meloni governando na Itália, Le Pen ameaçando na França, a extrema direita pujante na Escandinávia e a AfD podendo condicionar o futuro governo democrata-cristão na Alemanha.

Na Espanha, Pedro Sánchez resiste porque existe uma social-democracia com raízes históricas, mas à sua esquerda vão se fragmentando as forças da mudança que persistem em afirmar valores louváveis com pouco apoio social no momento, enquanto lutam entre si. É que a transformação social não se declara, pratica-se, vencendo a batalha das mentes, com paciência, falando com os cidadãos, intervindo nas redes, no espaço de comunicação do nosso tempo, construindo essa hegemonia cultural sem a qual a aceleração da mudança termina em fracasso.

O vanguardismo progressista foi respondido por uma coalizão anti-woke que distorceu um termo que fazia alusão ao despertar da consciência das pessoas. Nada substitui políticas sociais e econômicas em prol das pessoas, autêntica marca da esquerda. Ainda que se não resolve o problema da moradia, perde a credibilidade entre os jovens. Mas não basta se isso se mistura com uma revolução cultural confusa que não se conecta com a vivência majoritária dos cidadãos. Não é só a economia, estúpido. É a ideologia e a ética para voltar a acreditar em uma política que, hoje, é percebida como um jogo cínico de poder e manipulação.

Confiar tudo ao Estado é esquecer que o público costuma ter uma conotação de burocracia e corrupção. As redes sociais não são as culpadas pela derrota da esquerda, mas, sim, a incapacidade da esquerda de vencer nas redes a batalha dos valores de uma nova sociedade, ao mesmo tempo em que reafirma a proteção social do Estado de bem-estar social.

Manuel Castells é sociólogo espanhol

Compartilhar:

Mais lidas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *