O melhor do Brasil por Luis Nassif
A Internet
costuma ser palco de combates encarniçados de cunho ideológico. À direita e à
esquerda, zumbem o que chamo de "abelhas assassinas"- enxames de comentaristas
que invadem blogs, protestando contra opiniões contrárias.
Na quinta passada
ocorreu um fenômeno desses quando um colunista e blogueiro da "Folha de S.
Paulo" publicou uma nota taxando Lula de racista. Isso devido à afirmação do
presidente de que a mistura de raças gerou uma raça brasileira, com
características próprias de criatividade, inovação.
O blogueiro
acusou o presidente de racista e a afirmação de absurda, própria da ignorância
de Lula.
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O curioso nessa
história é que Lula – que não prima pelos estudos – acertou na mosca; e o
jornalista – que tem vários cursos acadêmicos – mostrou-se desinformado sobre
essa geléia geral, mistura de raça e de cor, que se pode chamar genericamente de
raça brasileira.
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Essa
flexibilidade, espírito cordato, capacidade de encontrar soluções fora o
convencional, era chamado algo depreciaiavemente de "jeitinho". Desde que a
economia começou a se abrir, a se modernizar, a implantar modernas ppráticas de
gestão, tornou-se um ativo dos mais relevantes. O trabalhador e o executivo
brasileiros, estão entre os mais qualificados do ambiente corporativo global.
Ainda há poucos
estudos sobre esse fenômeno. Na moderna sociologia mundial, considera-se que o
brasileiro caminha para ser o cidadão global por excelência, por sua capacidade
de conviver e mediar diferenças. Por aqui, Roberto da Matta já andou escrevendo
sobre isso.
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Sugiro ao nobre
colunista – que é da área de economia – conversar com multinacionais que
trabalham em plataformas com grupos de diversas nacionalidades. Visite as
instalações da IBM, sugira à Nestlé uma visita a esses centros. Se surpreenderá
ao se dar conta de que Lula estava coberto de razão nessa definição.
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Minha filha Luiza
participou de um desses grupos em Buenos Aires, em um projeto juntando
brasileiros, argentinos, uruguaios, chilenos e paraguaios, cada grupo com suas
idiossincrasias e rivalidades. O trabalho de conclusão de curso foi sobre essa
convivência. Passou um questionário a todo o grupo, perguntando o que achavam de
si e dos demais grupos.
Houve unanimidade
sobre a flexibilidade dos brasileiros, sua capacidade de se adaptar aos mais
diversos ambientes e ser um fator de equilíbrio. Uma das cenas narradas chegou a
ser hilária. O brasileiro pegou a mão de um argentino e um uruguaio que estavam
quebrando o pau, e disse: "Repitam comigo: amigos! Amigos!". A refrega terminou
em uma gargalhada e na pacificação.
A entrevista com
o chefão geral do projeto – um sino-americano, sediado nos Estados Unidos –
confirmou a percepção geral, sobre esse papel do brasileiro no ambiente
corporativo.
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Se quiser
criticar Lula por suas declarações, há muitas delas que são prato cheio. Se
quiser praticar esse prato gasto de falar mal do Brasil, há muitos temas a serem
desenvolvidos.
Mas quando alguém
disse que o melhor do Brasil é o brasileiro, não considere como ufanismo tolo. A
afirmação está correta.
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