Aldeia Nagô
Facebook Facebook Instagram WhatsApp

O meu intelectual predileto e amado “puxou o carro” por Lula Miranda

2 - 3 minutos de leituraModo Leitura

Faleceu, em Brasília, o poeta e amigo Marçal Barreto.

Teve um AVC, foi internado e, na sequência, teve duas paradas cardiorrespiratórias.

Curiosamente, tinha se mudado para Brasília, faz cerca de 2 anos, mais ou menos, para cuidar da mãe que enfrentava problemas de saúde. Mas era um autêntico e legítimo “itapuanzeiro”.

O destino, suas ironias e surpresas.

A morte é uma cilada. A morte é uma “roubada”. Já deve ter dito algum poeta.

Ninguém esperava que o poeta “partisse” tão cedo.

“Marçal partiu” – dizia o áudio do amigo em comum, o músico e, também poeta e compositor, Beto Batinga, que Selene May me repassou.

Fiquei estupefato, triste de não conseguir dormir à noite. É preciso velar e prantear os nossos mortos.

Marçal era da minha geração. Como eu, amava os livros, a filosofia e a literatura. Conversávamos, comumente, sobre os livros e autores que marcaram nossas vidas: Mário Faustino, Fernando Pessoa, Torquato Neto, Jorge Amado, Deleuze, Cioran, Borges, os irmãos Campos etc. Ele era fissurado na Odisseia de Homero.

Marçal lançou o seu primeiro livro, “Entre Vias”, em abril de 2019, já aos 60 anos.

Ainda bem. Assim você pode comprar o livro, e conhecer um pouco melhor o poeta, sua semeadura, sua lavra.

Falava com ele, praticamente todos os dias, pelo WhatsApp.

Bem que estava estranhando seu silêncio por esses dias…😔

Marçal era um grande intelectual baiano à margem das academias. Filho do artista plástico Solon Barreto, amigo de Fred Souza Castro e de tantos outros intelectuais e artistas soteropolitanos, amigos do seu pai. Lembro-me de um episódio, que ele me contou, em que Glauber Rocha chegou no ateliê de Solon no Pelourinho, com o espalhafato costumeiro, pra “fumar um” e “tomar umas e outras”.

Sempre que ia a Salvador fazia questão de encontrá-lo.

Uma vez, fui visitá-lo em sua casa em Itapuã. Ele estava numa fase de cultivar bonsai. Fiquei bobo de ver como aquele homem que, aparentemente, não tinha muito talento e vocação para cuidar das coisas ordinárias da vida, conseguia cultivar plantas tão sensíveis e que demandavam tantos cuidados.

O poeta podia não ter talento e vocação para uma vida ordinária, mas ele tinha um grande talento e vocação para uma vida extraordinária.

Era uma criatura amorosa.

O poeta Marçal Barreto Barreto “saiu de cena”.

Palmas para Marçal!👏👏👏

Que sua/nossa Mãe Stella de Oxóssi o receba, com seu sorriso acolhedor, no Orun.

Do seu (e)terno amigo Lula

Compartilhar:

Mais lidas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *