Aldeia Nagô
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O país parado. Por Claudio Guedes

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Claudio_Guedes

Muitas pessoas tecem complexas teorias sobre o movimento dos caminhoneiros e a paralisação que ganhou enorme adesão no país.

Uma coisa são as motivações do movimento, outra coisa são os oportunistas que tentam, como sempre, faturar em cima de movimentos deste tipo.

É preciso separar as coisas, usando a inteligência, infelizmente matéria rara no Brasil da “manada”, dos “indignados”, dos linchadores.

O movimento dos caminhoneiros, os chamados independentes, os que de fato começaram o protesto, possui como motivações centrais os aumentos abusivos de combustível, diesel, pela Petrobras, e a forma de reajuste diário de preços posta em vigor pela atual gestão da estatal.

Por quê?

Porque a conta deles não fecha. Com o aumento do insumo principal do setor de transportes, o combustível, muito acima da inflação, os preços dos fretes ficaram defasados e os caminhoneiros não conseguem repassar os aumentos de custo. Consequência: menos reais livres na mão do proprietário do caminhão no fim de semana e/ou no fim do mês. 
E também porque com a prática do reajuste diário no preço do combustível é muito difícil ao caminhoneiro fechar o valor do frete e não ter prejuízo.

A origem da situação caótica que o país passa neste instante é inequívoca: uma politica inapropriada, conduzida por um gestor incompetente, que só pensa na lucratividade da empresa que dirige, sem levar em conta que esta empresa é praticamente monopolista na produção de combustíveis consumidos no país.

Nome da empresa: Petrobras. Nome do gestor: Pedro Parente.

Pedro Parente é um quadro do PSDB, tucano muito próximo de FHC, que após deixar o governo há 16 anos, passou a gerir grandes empresas privadas e a assessorar bilionários brasileiros na gestão de suas fortunas.

Na Petrobras ele seguiu essa cartilha: o importante é a empresa ser lucrativa, não importam os métodos. Escolheu o caminho mais fácil: alinhou os preços de venda com os do mercado internacional, reajustes diários de acordo com a cotação do dólar, para uma empresa com custos em moeda nacional, com produção em campos e refinarias nacionais.

Claro que a fórmula é sempre vencedora.

O que faltou? Combinar com o país, com os consumidores dos combustíveis. Por que estes iriam aceitar, sem protestar, pagar a conta da “eficiência” forjada por uma manobra que os penaliza. Por quê?

Os protestos contra essa política vinham crescendo, estourou pelos caminhoneiros porque o dinheiro começou a sumir mais rapidamente dos bolsos deles. Apenas por isso.

Agora, como todo movimento de protesto, principalmente dada a dimensão que alcançou, transformou-se em um movimento político. E este é território fértil para oportunistas e vigaristas, que tentarão se aproveitar das circunstâncias para ocuparem espaços.

É preciso estar atento para esses movimentos, mas sem fazer uso de teorias conspiratórias mirabolantes. Pensar, pensar e avaliar a situação antes de elaborar fantasmas super-dimensionados e conspirações fantásticas.

A análise concreta da realidade objetiva é sempre um caminho melhor.

E, como base na análise apropriada, buscar um posicionamento seguro.

O movimento é duro revés para a política do governo Temer – formado a partir de uma aliança entre o MDB corrupto e os tucanos oportunistas. Aumenta o isolamento do governo da sociedade, demonstrando que ambos – MDB e PSDB – não possuem credibilidade, nem competência, para dirigirem a nação.

Claudio Guedes é empresário e professor

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