Aldeia Nagô
Facebook Facebook Instagram WhatsApp

O PT e a corrupção por Wilson Gomes

3 minutos de leituraModo Leitura
Wilson_Gomes2

Desculpem, amigos petistas, mas a associação entre PT e corrupção, na percepção do público, nunca foi tão alta quanto agora.

Atingiu o ápice na última eleição, ao se tornar a principal trincheira argumentativa da oposição. E vem sendo alimentada desde então, de forma continuada, seja pelo interminável escândalo da Petrobras, seja pelo recall do Mensalão, continuamente revirado e atiçado, de forma que dá a impressão de que se trata de um escândalo único e contínuo. Duvidam disso? Façam um teste simples: busquem PT + corrupção em qualquer mecanismo de busca, depois repitam a operação com o nome de outros partidos ou de outras instituições. O PT vence de longe. De fato, crescentemente, para a opinião pública, o partido é o “dono” da corrupção.

Impressões, percepções, opiniões públicas não são tudo, mas decidem apoio ou oposição popular, cooperação ou revolta do cidadão, e votos.

Claro, se pode sempre culpar a mídia, e esse é o comportamento automático de qualquer partidário político quando se vê em maus lençóis na opinião pública. Neste caso se pode parar a leitura deste post por aqui e consolar-se com teorias da conspiração editorial contra o PT, que reduzirá o seu nível de angústia, mesmo à custa do autoengano. O autoengano tem o seu valor, reconheço. Se alguém duvida que tenha existido os fatos do escândalo do Mensalão ou que a corrupção público-privado tenha feito uma festa de décadas na Petrobras, quem sou eu para quem convencer-lhe de alguma coisa?

Por outro lado, cresce cada vez mais o número dos que defendem que o PT e o seu governo sejam, de fato, os mais corruptos da história ou que tenham inventado a corrupção. Alguns fazem isso em busca de lucro político, uma vez que acham que esta é a única brecha por onde podem vencer o seu principal (e superior) adversário no campo eleitoral: e, nesse caso, importa muito pouco se acreditam no que dizem do PT, da cultura política ou das práticas institucionais brasileiras, o que importa são as vantagens decorrentes da associação entre petismo e corrupção. É o caso de Aécio, do DEM, dos nanopartidos de direita, por exemplo. Outros, em geral neófitos com muita entrega emocional à política e pouca cultura e informação sobre instituições políticas ou sobre a história política do Brasil, encontram uma razão de existir na missão de denunciar o monoproblema nacional (a corrupção) e de fazer prosélitos para o fármaco universal (a erradicação do PT). Num país em que clientelismo, patrimonialismo, fisiologismo, nepotismo – e outros ismos da mesma catadura – têm feito parte do conjunto normal de expectativas que os brasileiros têm a respeito do funcionamento das instituições políticas e do Estado, as teses de que o PT é o mais corrupto ou de que eliminado o petismo estaria eliminada a corrupção só prosperam por ignorância, irrealismo, estupidez ou por interesse próprio.

Se nem a mídia nem os meros fatos explicam tudo, o que explica a associação entre PT e corrupção? Aguardem o próximo episódio.

Compartilhar:

Mais lidas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *