Aldeia Nagô
Facebook Facebook Instagram WhatsApp

Os Bandidos estão vencendo. Por Laerte Braga

8 - 10 minutos de leituraModo Leitura

("EU FALO SETE LÍNGUAS LULA NEM CONSEGUE

FALAR PORTUGUÊS CORRETAMENTE" –
FHC) 


Fernando Henrique
Cardoso tinha a obrigação, exatamente por falar sete línguas além do português e
ter todos os títulos que tem, de ser o melhor presidente dentre todos os
presidente ao longo de toda a história passada, presente e futura do Brasil. Foi
o pior, foi o governo mais corrupto de todos os tempos.

Tancredo Neves tinha aversão a FHC. Quando eleito presidente, em
1984, começou a ser bombardeado por "amigos" do homem das sete línguas para que
o escolhesse ministro. A conversa era por esse terreno. Aval da esquerda (putz!)
ao governo. Um intelectual respeitado internacionalmente para abrir portas.
Esses golpes típicos de tucanos.

Tancredo não embarcou na canoa. Sabia que era furada. 

FHC vendeu seu peixe a Itamar Franco, mistura de sou, mas não sou
e que pensa que algum dia foi presidente da República. Descolou sua candidatura
planejada em Washington e em Wall Street, nas costas do Plano Real. Tentou antes
ser ministro de Collor para "salvar" o governo e o projeto neoliberal do caçador
de marajás. Covas não deixou.

Quando foi escolhido ministro das Relações Exteriores de Itamar
havia comunicado aos amigos que seria candidato a deputado federal em 1994. Não
iria tentar a reeleição para o Senado. As pesquisas mostravam que não seria
reeleito e não queria ficar sem mandato.

Tratou de azeitar o caminho e é célebre a frase, já ministro da
Fazenda, célebre pela cretinice, dita aos formuladores do Plano Real (Brizola no
debate entre candidatos em 1994 disse que "esse plano vem de longe") que temiam
a reação de Itamar: "deixem Itamar comigo, eu o convenço".

Convencer Itamar é o mais fácil. Basta ajoelhar e dizer que o dito
está assentado à direita do Pai. Não precisa mais nada e FHC sabia disso, tanto
que, presidente, tratou de dar-lhe um pontapé preciso no traseiro
presunçoso.

E romper o trato (é especialista nisso, não tem palavra e nem
caráter, não é imoral, é amoral) de apoiá-lo em 1998. Inaugurou o mensalão com a
compra de votos de deputados e senadores para aprovar a reeleição.

FHC sabe que não
tem chances sequer de ser senador. É o político mais rejeitado do País ao lado
de notórios bandidos como Paulo Maluf, Joaquim Roriz e outros. Mas não admite
perder o controle e é homem de confiança de Wall Street.

Essa história de cartões corporativos é bem mais complexa que os
cartões propriamente ditos. Isso pouco interessa a FHC.  Nutre esperanças de vir
a ser secretário de Estado caso Hilary Clinton seja eleita presidente dos
EUA.

Todos as denúncias levantadas contra o governo Lula fazem parte do
projeto norte-americano para o Brasil, ainda mais agora, com a realidade de
governos de esquerda tanto na América do Sul como na América Central. O Brasil é
a chave dessa jogada toda e isso Nixon já dizia.

Nem tanto absorver Lula que paga o preço de tentar equilibrar-se
numa corda roída, a da institucionalidade, deixando de lado os compromissos
históricos do PT e dele próprio.

Mas é um golpe que se tenta. Terminado o período Lula o que os
acionistas do Brasil S/A querem é alguém confiável e capaz de implementar as
políticas de Washington/Wall Street.

Em termos de Brasil isso significa completar o processo de
privatização da PETROBRAS (grupos estrangeiros detêm o controle da maioria das
ações preferenciais). Privatizar o Banco do Brasil. Entrar no jogo de
Amazônia internacionalizada na concepção de Al Gore. Arrematar o "negócio",
passar escritura na conversa fiada dos tratados de livre comércio, ressuscitar a
ALCA (Aliança de Livre Comércio das Américas).

            Os oito
anos de Lula serão jogados no limbo e os anos seguintes retomam a agenda
neoliberal in totum, sem qualquer restrição.

Todas as denúncias têm esse caráter e visam construir 2010. Não
importa que o governador de São Paulo José Serra tenha cartões corporativos em
sua administração e que mais de cem milhões de reais tenham sido gastos no ano
de 2007, pois o papel da mídia, comprada e comprável (GLOBO, VEJA, FOLHA DE SÃO
PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO, ÉPOCA, a mídia regional, RECORDE, SBT, etc) é
esconder o jogo e tratar o telespectador/leitor como Homer Simpson, na
definição de um robô vestido de gente, William Bonner.

Nem importa que a privatização da VALE DO RIO DOCE tenha sido um
crime contra a soberania nacional. Ou que toda a sorte de trapaças tenha sido
cometida em seu período.

FHC foi o condutor de um processo de recolonização do Brasil. Lula
não rompeu por inteiro esse processo, mas provocou e provoca fendas que abalam
os projetos futuros dos donos do mundo.

            Energia
é a palavra chave. Petróleo (ainda mais agora com a descoberta de novas
reservas, de campos de gás natural). Água. Bases para enfrentar adversários como
Chávez, Evo Morales, Castro, Ortega, Corrêa (Equador), eventuais desacordos com
os governos do Chile e da Argentina e o risco que a fazenda Paraguai venha cair
em mãos da esquerda nas eleições deste ano.

PSDB/DEM, toda essa turma que arrota a hipocrisia da moralidade
nos negócios públicos, que cobra de Lula o que nunca fizeram, cumpre esse
papel.

            A
proposta do PT de uma CPI que apure gastos com os cartões corporativos desde
1998 assusta e não interessa a essa gente. Foi o que disse o mais dissimulado
dos senadores, Álvaro Dias. Querem apenas apurar os gastos no governo Lula. O
deles é secundário. Está incorporado à prática política que exercem desde tempos
imemoriais.

Os bandidos estão vencendo.

Lula enfrenta armadilhas dentro da própria infantilidade de seus
companheiros de partido, ou o deslumbramento de figuras guindadas a funções de
governo e que metem os pés pelas mãos.

            O
problema da corrupção não é só uma questão de moral ou conduta nos negócios
públicos. Transcende a isso e essa é a diferença entre Lula e FHC.

Lula não fala sete línguas, volta e meia erra o português, mas
tem, ele Lula, algo que FHC e suas sete línguas não tem. Dignidade
pessoal.

            O
que se assiste é a tentativa de desmoralizar um presidente da República com
objetivos de pegar a chave do cofre e entregá-la aos acionistas que controlam o
Estado brasileiro
.

            O
Estado DASLU/FIESP. Sonegadores, lavadores de dinheiro, o de sempre. O
preconceito mal disfarçado das elites.

            De
colocar um governo de joelhos e neutralizar as fendas abertas por setores
responsáveis e lúcidos do governo (Celso Amorim, Patrus Ananias, Luís Dulci e
outros evidente) não importa o espectro dentro do campo da esquerda, é outra
história.

            Na
cabeça dessa gente é preciso reverter o voto dos nordestinos. A elite paulista
sempre achou que o Nordeste era um adereço desnecessário, mas sempre explorou os
migrantes. O voto de cada cidadão que não se deixa ludibriar por GLOBOS da vida.
Impor a candidatura José Serra, projeto neoliberal que "vem de
longe".

Encher a cabeça da classe média (mérdia) que acredita que faz
parte desse projeto, desse "negócio" e não percebe que é apenas adereço
colorido, tipo bola sete nas sinucas onde encaçapam um país e um
povo.

            A opção
é simples. É de sobrevivência da classe trabalhadora. A teimosa luta de classes
disfarçada em matizes DASLU/FIESP de progresso como privilégio de elites que
hoje são, por si, adereços dos donos do mundo.

           
Apátridas.

E nem se trata de ser patriota. Costuma ser o "último refúgio dos
canalhas" (Samuel Johnson).

           
Trata-se de perceber que o Estado está falido, o modelo esgotado e essa
"institucionalidade"  é farsa.

            O erro
de Lula terá sido o de não ter percebido isso. Nem por isso o golpe é
aceitável.

            Há
léguas de distância entre Lula (que fala errado, mas tem caráter) e FHC (que
fala certo e representa a amoralidade do neoliberalismo).

            Quem
não perceber isso vai acabar dentro de uma caçapa escura guardada numa pasta
cheia de podridões.

            Eles
estão apenas reformando as mesas de sinuca. Preparando as bolas e os tacos para
voltarem ao poder.

            E não
pense que o preconceito é só contra quem fala o português de forma incorreta e
não fala pelo menos mais uma língua, a da colônia, o inglês. É contra você cara
pálida louro/a, moreno/a, negro/branco, que acha que VEJA tem a receita certa da
elegância e do sucesso.

            Tem
não. Sabem é fazer pastel e encher desse vento fátuo da falsa moralidade. Isso
tem nome.

           
Mentira.

Compartilhar:

Mais lidas