Os paladinos de ocasião. Por Claudio Guedes
Em cada época crítica da história se fizeram presentes. Duros com os adversários, implacáveis senhores de destinos. Foram, à maneira da sociedade em que viviam, saudados e reverenciados por algum tempo.
Girolamo Savonarola, Tomás de Torquemada, Roland Freisler e Joseph McCarthy e outros tantos que sequer ficaram reconhecidos para a posteridade.
Todos, sem exceção, foram julgados pela história. Representam hoje paradigmas do pior que a humanidade produziu em ódio e desprezo pelo ser humano.
Adaptado aos tempos modernos temos um juiz com fama de implacável, que, apesar de ocupar um cargo modesto numa 1° Instância Federal, foi ungido pela mídia e nela “surfa” com prestígio que parece inextinguível.
Não é uma unanimidade. Principalmente no meio jurídico. Juiz de processos polêmicos, de atitudes, muitas vezes, em desacordo com as regras e leis existentes. Mas a fama faz com que seu comportamento seja relevado pelas instâncias superiores.
Onde trabalha? No Brasil?
Vive em tour pelos EUA e pelo país, dando lições de moral para platéias selecionadas por investidores & milionários e se refastelando em regabofes de poderosos – dinner jacket e a mulher de longo, ela também funcionária do estado, são trajes habituais. Revela, ainda, proximidade inusitada com lideranças políticas com forte atuação partidária no cenário nacional.
Um comportamento amoral, antiético, não compatível com a função um magistrado responsável. A magistratura exige discrição, sobriedade e distância da vida das colunas sociais. Principalmente dos poderosos que hoje assim são reconhecidos e amanhã podem estar denunciados por crimes vários pelo estado – como usual.
Talvez seja o herói talhado ao momento vivido no país. Tempos obscuros, onde a mediocridade assume protagonismo, onde a inteligência, o conhecimento e a cultura são desprezadas. Onde o prestígio depende não do mérito individual, mas de ser um elemento útil ao jogo politico bruto da conquista do poder.
Talvez não dure muito como herói. Talvez.
Talvez dure muito menos do que duraram os seus modelos. Afinal a lógica do século XXI é a da velocidade, da rapidez da informação, das famas passageiras.
Como dizemos por aqui pela Bahia, quanto maior o coqueiro, maior o tombo do coco afinal.
Claudio Guedes é empresário e professor