Palhaçada. Por Claudio Guedes
O grande esforço da mídia hegemônica e mesmo de parte dos empresários é, no momento, buscar mil artifícios e explicações para não colocar como culpado principal a atual administração da Petrobras pelo caos vivido no país nos últimos dias.
Mas, mesmo sob a proteção de jornalistas fofos e jornalistas que possuíam alguma credibilidade e que se venderam à lógica do liberalismo extremo, a verdade dos fatos vai se impor mais dia, menos dia.
Os prejuízos do setor produtivo são imensos. Estamos falando de dezenas de bilhões de reais. Também o setor de serviços duramente afetado com a paralisação amargará queda no faturamento e verá os resultados de maio irem para o ralo.
Na hora de contabilizar os prejuízos a pergunta inevitável será feita: de quem foi a culpa?
A estupidez de jogar mais essa conta em cima dos governos Lula e Dilma está sendo tentada. Como sempre. Imputar ao medíocre governo de Michel Temer, um governo de vigaristas, corruptos e oportunistas, não está de todo errado. Este é culpado, pois a Petrobras é empresa comandada pela União, que possui a maioria das ações ordinárias e controla a gestão da empresa. Mas entre a administração direta e a direção de uma estatal existem muitos graus de autonomia.
De sorte que não vai adiantar esconder a verdade.
O responsável pelo caos no país, pelo prejuízo gigantesco para a economia e para os bolsos de milhares de brasileiros empresários e profissionais autônomos, é o atual gestor da Petrobras, Pedro Parente, e sua política de precificação (pricing, como gostam os boçais do mercado) de combustíveis que desprezou a realidade do país e visa atender os interesses dos acionistas privados da estatal.
Qual é o objetivo maior, principal, fundamental, de uma empresa do estado, que é praticamente monopolista na produção de combustíveis e derivados de petróleo no país? Atender os interesses da sociedade brasileira ou atender os interesses de seus acionistas privados? Qual é a justificativa para a União manter o controle do setor produção, refino e grande parte da distribuição de derivados de petróleo no país?
A resposta é óbvia para qualquer pessoa de bom senso, seja de direita, de centro ou de esquerda. O que justifica a controle da União sobre a Petrobras é a necessidade que o estado – e não setores privados, que muitas vezes competem entre si – tenha controle sobre produtos e insumos essenciais para o funcionamento global
da economia nacional.
Ao precificar os preços dos combustíveis em paridade com os preços no mercado internacional e dolarizá-los, Pedro Parente fez uma escolha fácil para garantir resultados expressivos à Petrobras, já que os custos (a maior parte) de produção da empresa são em reais. Mas criou um problema enorme para os clientes dos produtos da empresa, notadamente para os que usam combustíveis como insumo para suas atividades econômicas. A metodologia de correção diária, ou quase diária, nos preços dos combustíveis, desorganizou as atividades destes setores.
A gritaria era imensa no setor de comercialização de combustíveis (postos), da aviação comercial e executiva e, particularmente, no setor de transportes rodoviários. Explodiu por este último, em especial, no de transportadores autônomos, pois o impacto neste subsetor das variações abruptas e enormes do preço do óleo diesel desestabilizou e inviabilizou o funcionamento sustentável da atividade.
A paralisação do país – o caos provocado, pois o transporte rodoviário é atividade essencial ao funcionamento da economia nacional – é culpa única e exclusiva de Pedro Parente e sua gestão despropositada e temerária à frente da Petrobras.
A forma errática e incompetente de lidar com o problema, após a ocupação das estradas pelos manifestantes, pelo atual governo foi apenas decorrência do seu próprio caráter: um governo medíocre, ilegítimo e prófugo.
Claudio Guedes é empresário e professor