Aldeia Nagô
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Pelegrino reúne amplo apoio para ser candidato por Osvaldo Lyra

10 - 13 minutos de leituraModo Leitura

pesar de considerar ainda cedo para um perspectivo anúncio de nomes para as eleições municipais de 2012, o deputado federal Rui Costa (PT) defende o correligionário deputado federal Nelson Pelegrino como pré-candidato do PT para a sucessão ao Palácio Thomé de Souza, em Salvador.


Confiante de que o bom
senso prevaleça na briga pela prefeitura, o deputado aposta no
afunilamento em torno de um só nome dentro da base que compõe o governo
Wagner.

O petista mais votado em 33 municípios baianos descarta seu
ingresso na disputa de Lauro de Freitas, mas enfatiza o objetivo da
sigla de conquistar pelo menos 100 prefeituras. Ele aproveita para
alfinetar os oposicionistas. "Não acho que a maioria da cidade se
alinhará à candidatura de quem se confronta com a presidenta Dilma e o
governador Jaques Wagner".

TB – O senhor é o homem forte da articulação do governo. Tem algum objetivo especial para 2012?
RC
– Não. Meu objetivo é partidário. É um objetivo de, junto com os outros
deputados federais, deputados estaduais e a direção do PT, conseguir em
2012 eleger o maior número de prefeitos possíveis e o maior número de
vereadores, seja do PT ou seja, daqueles que o PT se coligue nos
municípios. O PT tem hoje 67 prefeitos, e acho que o partido pode ir a
pelo menos 100 prefeitos, o que é algo bastante factível e podemos
também, em aliança com outros partidos, chegarmos a 300 prefeitos.

TB – Como o senhor analisa a disputa para as eleições municipais de 2012 na capital baiana?
RC
– Ainda é muito cedo para falar sobre a disputa em Salvador, aliás, não
só em Salvador, como em outros municípios. Nós estamos ainda a um ano e
três meses das eleições. Evidente que os bastidores começam antes, mas o
povo só pensa em eleição mesmo entre maio e junho, eu diria que todos
pensam, mesmo, após o São João. No entanto, é claro que o jogo
partidário e as conversas começam desde já. Acho que o PT entra com
força e eu tenho confiança de que nós conseguiremos eleger o candidato
do Partido dos Trabalhadores nas eleições de 2012 aqui em Salvador.

TB – A base demonstra estar dividida em Salvador com todos os aliados querendo ter candidatura. Qual a estratégia do governo?
RC
– Eu não diria que está dividida não porque é muito cedo ainda. É
natural que qualquer um queira fazer o seu partido crescer, e ninguém
faz um partido crescer anunciando que não vai ter candidato. É evidente
que essa não é a melhor tática de crescimento de partido. Portanto,
todos os partidos, obviamente, a um ano das eleições, têm que ter no
horizonte essa perspectiva de ter candidato em todas as cidades. Mas eu
diria que o jogo mesmo da sucessão vai acontecer nos primeiros meses do
ano que vem. É a partir dos mêses de janeiro e fevereiro que nós
entraremos na reta final do processo e a partir daí que os partidos
devem reavaliar se os candidatos deles cresceram ou não na opinião
pública. E isso vale para todos os partidos. Tem municípios onde o PT
tem dito que vai ter candidato, mas pode ser que, quando chegar março, o
partido perceba que o candidato não decolou, com isso verá que será
melhor compor com outro partido que está em melhor situação. Não é só
legítimo, como é fundamental para estratégia de crescimento dos
partidos, pois isso faz com que atraia para a prateleira dos partidos
vereadores fortes, é estratégia de fortalecimento. A um ano e três meses
antes das eleições, não considero que a base do governo esteja rachada,
pois essa realidade de a base ter mais de um candidato poderá se
materializar ou não. Acho que o bom senso vai prevalecer e deve haver um
processo de afunilamento com a candidatura daquele que está em melhor
situação. Aqueles que não se convencerem, que acharem que mesmo não
estando pontuando bem podem avançar no processo eleitoral, nós ainda
temos a chance do segundo turno.

TB – O deputado federal Nelson
Pelegrino tem sido colocado como o nome do PT, mas, nos bastidores do
próprio partido, fala-se que sua pré-candidatura demora pra ganhar
força.
RC – Eu não considero isso não. Eu já vi sondagens feitas por
outros partidos e outras pessoas que tive acesso e Nelson está muito bem
colocado nas pesquisas. No PT, o processo formal de decisão ainda não
aconteceu. Ele reúne hoje um amplo apoio dentro do partido para ser o
candidato. Agora também acho muito prematuro esse fechamento de questão
porque repito: está muito longe. É preciso que as coisas ganhem um ar de
naturalidade. Eu considero sempre que a política deve ser dominada pela
naturalidade dos fatos. Toda vez que você tenta alterar e forçar a
naturalidade dos fatos não funciona bem. Então, acho natural que o
processo se dê dentro do partido ou fora do partido e nós temos tempo
suficiente. Em setembro vamos ter um congresso do PT que vai, inclusive,
rediscutir os casos de disputa dentro do partido. Hoje, pelo estatuto,
quando há duas pessoas querendo ser candidato se faz uma prévia. Existem
teses que vão ser debatidas, que propõem que não sejam feitas mais
prévias, por desgastar os candidatos que participam. Nenhum método de
definição de candidatura ainda teve martelo batido no PT.

TB – Na hipótese de o nome de Pelegrino não ganhar fôlego, a carta na manga do PT seria o senador Walter Pinheiro?
RC
– Eu não trabalho com essa hipótese. Em política você não pode
trabalhar com hipóteses porque isso não ajuda a construir a estratégia.
Política é aposta, é você acreditar. Política é também uma ação de fé.
Você faz uma aposta e constrói um caminho para aquela aposta. Como
outras coisas na vida, política é uma ação de fé. Você não pode dizer:
‘Eu tenho três estradas e vou tentar pavimentar as três’. Quem escolhe
três não consegue pavimentar nenhuma. Você escolhe uma e vai pavimentar
aquela estrada e fazer com que aquele caminho tenha êxito. A partir de
setembro, quando a regra do jogo tiver definida em nível nacional, nós
vamos definir uma data para escolher o candidato interno e a partir
dessa definição aí sim nós começaremos a afunilar esse debate. Eu acho
que o nome de Nelson é um nome que vai reunir apoio de outros partidos.
Evidente que se tivermos cenários diferentes a esse, o partido, seja em
Salvador ou em outros municípios, vai ter que sentar e analisar.

TB
– Uma suposta chapa formada pelos deputados federais ACM Neto (DEM) e
Antonio Imbassahy (PSDB) seria uma ameaça ao sonho do PT de assumir o
Palácio Thomé de Souza?
RC – Eu não acredito nisso, primeiro porque o
nome de Imbassahy (Antonio) já provou na eleição passada que não reúne
esse amplo apoio popular que ele acreditava ter. Mesmo porque ele já
teve dois mandatos de prefeito, o que nos traz aquela velha máxima: quem
não fez quando pôde não vai fazer quando puder. Isso eu acho que vale
para o caso dele. No caso de ACM Neto, eu não aposto. Evidente que tem
um público e um eleitorado conservador, ou que representa os valores
conservadores ou até mesmo que contestem eventualmente o governo federal
e do estado que se alinharão ao projeto dele. Mas, eu não acho que a
maioria da cidade se alinhará à candidatura dele, que faz frontal
polarização aos governos do estado e federal. A Presidência da República
e o governo do estado – os dois fazem uma gestão republicana e que
buscam atender independente do partido político – mas mesmo assim
Salvador já foi maltratada demais nos últimos anos e precisa de alguém
que consiga pensar a médio e longo e prazo e que aponte soluções
urgentes para os seus problemas. Está impossível viver nessa cidade do
ponto de vista da mobilidade urbana e do tráfego. As pessoas são
maltratadas e a cidade tem um transporte publico de péssima qualidade. O
município ainda é muito carente, principalmente em seus grandes
aglomerados urbanos, a exemplo do Nordeste de Amaralina, do miolo da
Chapada e do Bairro da Paz, que precisam, sobretudo, de projetos de
requalificação, além das áreas mais tradicionais e do Subúrbio. É
preciso haver um prefeito que não meça esforços, não meça nenhum tipo de
dificuldade ou constrangimento pessoal para fazer parcerias necessárias
com o governo estadual e federal para materializar aquilo que Salvador
precisa. Eu não acredito, sinceramente, que Salvador apostará numa
candidatura que tenha confronto, principalmente no estilo que o (ACM)
Neto faz com a presidenta Dilma e o governador Jaques Wagner. Eu não
acredito que a maioria da cidade aposte nisso. Ele talvez possa sair na
frente nas pesquisas em função de ele ter um público cativo, que votou
nele nas eleições de 2008, mas 70% disse que não queria ele como
candidato. Ele até pode sair na frente com 20%, enquanto não tiver
candidatura definida na base do governo, mas à medida que se afunile
isso, acredito que o candidato da base será o vencedor da eleição e eu
aposto que esse candidato seja o do PT. Vamos ter vários investimentos
na cidade, a exemplo do estádio (Arena Fonte Nova), a ponte
(Salvador-Itaparica) e o sistema viário. Espero que consigamos
materializar os projetos de mobilidade para melhorarmos a viabilidade
urbana. Isso tudo terá reflexo na eleição.

TB – Sobre a sucessão à prefeita Moema Gramacho em Lauro de Freitas, tem lhe empolgado uma possível candidatura?
RC
– Não é que não me empolgue, mas eu acho que nós temos que ter metas e
nós assumimos compromissos com a população. Eu sou muito de honrar os
compromissos que assumo. Essa hipótese nunca foi colocada, Moema nunca
colocou essa hipótese, mas eu fico orgulhoso, confesso, em ter meu nome
lembrado para prefeitura de Lauro de Freitas. Mas fiz um compromisso no
ano passado, rodei muitos municípios e fui o mais votado em 33
municípios, o segundo mais votado em 18 cidades, o terceiro mais votado
em 17 cidades, tendo 212 mil votos. Quando percorri esses lugares, eu
disse para a população desses municípios que queria representá-los no
Congresso Nacional e junto ao governo do estado, portanto eles confiaram
em mim. Por mais que me encha de orgulho ao ser lembrado para a
disputa, ingressar nela significa dizer que estou traindo o que eu
combinei com essas pessoas.

TB – O presidente da Assembleia
Legislativa, deputado Marcelo Nilo, admitiu que pode trabalhar para
suceder Wagner. Como observa essa possibilidade?
RC – Acho um direito
de todos tentarem se viabilizar para as eleições de 2014, mas acho
também muito precipitado qualquer anúncio de nome para 2014. O
governador nem completou ainda o seu sexto mês de governo e nós ainda
temos as eleições de 2012. Se para 2012 acho cedo afunilar os nomes,
quanto mais 2014. Nós temos que começar a partir do segundo semestre a
preparação para as eleições de 2012, começar a mapear os municípios e
articular os nomes, conversar com os partidos e parlamentares porque
isso leva tempo. Acho que a base do governo deve sair o máximo possível
unida nos 417 municípios, reduzindo ao mínimo eventuais disputas. Temos
aí sete a nove meses para fazer um processo intenso de discussão sobre
2012. Pensar em 2014 é absolutamente prematuro, mas cada um utiliza a
estratégia que achar mais adequada. Não é bom para o governador Jaques
Wagner antecipar o fim de seu governo. Só se discute sucessão de forma
antecipada quando se tem um governo fraco. Quando se tem um governo
forte, evidente que se discute sucessão no tempo adequado. O governador
foi eleito com mais de 62% dos votos, portanto é um governo forte,
continua forte e, com fé em Deus, vai encerrar o segundo mandato ainda
mais forte, com bastante popularidade e com uma força grande. Além do
mais ele será o grande condutor no tempo em que ele achar necessário

TB – E quanto à divisão de cargos no segundo e terceiro escalões? Apagaram os incêndios?
RC
– Hoje eu não tenho essa responsabilidade, o que significa que eu tirei
um grande peso das costas porque essa área de articulação política de
governo é muito árida pelo fato de todos quererem contribuir com o
governo, todos querem ajudar e todos têm bons nomes para diversas áreas.
Às vezes você tem bons dez nomes indicado por dez partidos diferentes,
por dez parlamentares diferentes para uma função só, então você vai ter
que escolher entre os dez, e ao escolher um, você deixa nove
insatisfeitos. É sempre natural que haja insatisfeitos.

Artigo publicado originalmente na Tribuna da Bahia

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