Aldeia Nagô
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Perspectiva da Bahia por Romeu Temporal

3 - 5 minutos de leituraModo Leitura

Todos nós sabemos, que a gravidade da crise não precisa ser exagerada:
o ano de 2009 será provavelmente o pior dos últimos 70 anos da história
econômica dos países ocidentais, e, portanto, não é sequer admissível
que alguém possa supor que a Bahia fique imune aos impactos deste
formidável abalo que está sacudindo a ordem econômica internacional.


Entretanto, se é uma crise de grande complexidade, é preciso analisá-la com cautela, buscar uma perspectiva que considere os interesses específicos da Bahia; já que existem grandes diferenças entre os diversos fatores que atuam nas diferentes partes do mundo.
 
Diferentemente do que acorre nos países desenvolvidos, cabe notar que a natureza exógena da crise na Bahia; aonde os impactos chegam através dos canais das relações comerciais e financeiras que mantemos com o exterior. De qualquer forma, a gravidade dos impactos não pode ser ignorada, conforme comprova a queda da arrecadação dos impostos nos últimos dois meses. Uma situação que exigiu do Governo do Estado a adoção de medidas de apoio para mitigar o choque sentido por alguns dos setores da economia baiana.
 
Os mecanismos de transmissão da crise sobre a economia basicamente são três:
 
1. Retração do crédito para financiar a produção e o comércio externo.
2. Forte redução dos preços das mercadorias que o estado exporta.
3. Diminuição da demanda dos paises compradores das nossas exportações.
 
Face um ataque desta amplitude, o governo armou sua defesa da seguinte forma:
1. Medidas para normalizar o crédito garantindo o financiamento do setor exportador, e, no âmbito interno, garantir financiamento imobiliário para a construção civil; que foi atingida pela retração do crédito quando estava sobre-investida, crescendo ao ritmo de 86% aa.
2. Medidas de estímulo às atividades voltadas para o mercado doméstico: carros usados, consórcios, postergando e parcelando impostos, etc.
3. Fomentar os investimentos na infra-estrutura que sustenta o crescimento.
 
Preventivamente, no âmbito interno, o Governo do Estado anunciou o contingenciamento de R$ 600 milhões do seu orçamento de R$ 22 bilhões para 2009, concentrando os cortes sobre gastos de custeio, e preservando criteriosamente os projetos do Programa Acelera Bahia, e das áreas prioritárias da educação, saúde e segurança, que não sofrerão cortes.
 
Manter a carteira de projetos estruturantes que prever a construção de dois hospitais, o do Subúrbio e o de Crianças, em Feira de Santana. Investir no sistema das estradas estaduais no entorno da região metropolitana, das plataformas logísticas, ampliação dos Portos e das ferrovias.
O complexo rodoviário no aeroporto, o estádio do Pituaçu, o emissário submarino foram as primeiras obras físicas. Outras virão em seguida: a via expressa portuária ligando o Porto de Salvador até a BR 324; que será reconstruída pelo consórcio que venceu o recente leilão da concessão pública.
As rodovias estaduais atenderão ao escoamento de 60% do PIB estadual, aumentando a competitividade das empresas através da redução do custo dos transportes.
O mundo desenvolvido está vivenciando uma crise que ainda não se sabe quando terminará. Aqui na Bahia, o desemprego é crônico, e semelhante ao que estes países só conhecem nas grandes depressões, como esta agora, que nos últimos três meses já causou a perda de dois milhões de postos de trabalho nos EUA. No último trimestre o produto nacional americano encolheu à impressionante taxa de 6,2%aa; maior contração já ocorrida desde 1982.
 
A Bahia sentirá os efeitos da crise, mas será um dos estados que primeiro dela sairá porque os fatores que dinamizam a sua economia emergem dos efeitos benéficos da distribuição de renda, do controle da inflação, e da vitalidade da população; estes são os reais motores que impulsionam os mercados. É o trabalho do baiano que faz girar a roda da economia que nos interessa.

Romeu Temporal  é economista 

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