Por que será que “descobriram” a corrupção dos corruptos. Por Fernando Brito
Mais de 40 anos de janela na política, por vezes, me deixam na “contramão”. Fico desconfiado quando “descobrem” a corrupção da qual todo mundo já sabia.
A dos empresários de ônibus, por exemplo, e não só no Rio de Janeiro.
Afinal, temos quase 40 anos de Ministério Público independente e, ao que parece, não passamos a ter juízes de dois ou três anos para cá.
Os Barata são velhos conhecidos dos políticos, há 40 anos, tão conhecidos que merecem a deferência de um Gilmar Mendes apadrinhando o casamento dos seus rebentos.
Ou “novidades” como Delfim Netto a dizer na Folha que “o Brasil deixou o poder econômico controlar o político“.
Deus meu, o poder econômico controlava até os camburões da Operação Bandeirantes, no tempo em que Delfim era Ministro e ele não sabia?
A ladroagem é tão velha quanto era velha a inação dos órgãos de persecução penal do Estado.
Os que fecharam os olhos durante décadas fazem, com ajuda da mídia, arregalarem-se os olhos da opinião pública por uma razão bem diversa de um súbito acesso de honradez e eficiência.
Os bons frutos que se colhe com o desmantelamento (será?) de velhos esquemas de corrupção têm, cada vez mais, a cara do dourado da pílula de um sistema judicial autoritário.
O monopólio da verdade é pior do que o monopólio das linhas de ônibus.
Artigo publicado originalmente em http://www.tijolaco.com.br/blog/por-que-sera-que-descobriram-corrupcao-dos-corruptos/