Presidente da Academia de Letras da Bahia, professor e antropólogo Ordep Serra lança novo livro na próxima quarta-feira (25), na sede da ALB
‘Heidegger na caverna’ levanta questões relacionadas ao filósofo alemão Martin Heidegger
Com mais de 30 títulos publicados – ele mesmo já perdeu as contas – , o professor e antropólogo Ordep Serra se prepara para lançar mais um. Heidegger na Caverna (Editora Odysseus) chega aos leitores na próxima quarta-feira (25), às 18h, com sessão de autógrafos e bate-papo no Palacete Góes Calmon, sede da Academia de Letras da Bahia (ALB), instituição da qual é presidente pela segunda vez. O evento é aberto.
Heidegger na Caverna faz referência ao empenho com que Martin Heidegger (Alemanha, 1889-1976) se dedicou, em diferentes ensaios de sua lavra, a interpretar uma passagem famosa do diálogo de Platão, intitulado ‘A República’: a ‘Alegoria da Caverna’, como essa passagem ficou conhecida. Em um desses ensaios, o filósofo alemão se propôs a abordagem da Teoria Platônica da Verdade. No livro, Ordep Serra critica a crítica heideggeriana a Platão e discute também a leitura do filósofo a outros pensadores helenos, em que se inspirou, como Heráclito, Parmênides e Anaximandro.
Antes de empreender uma discussão de importantes teses do pensador alemão, considerado um dos maiores filósofos do Século XX, com vasta influência no mundo contemporâneo, Serra trata do ‘problema Heidegger’, ou, como ele diz, da intrigante história de um homem que foi ao mesmo tempo brilhante e estúpido: “A estranha combinação de inteligência fina e estupidez fica evidente quando se considera, por um lado, o alcance das intuições filosóficas de Heidegger e por outro a sua patética adesão ao nazismo”, ressalta.
Declaradamente anti-fascista, o antropólogo e professor baiano acredita que, embora esse não seja o principal objetivo de Heidegger na Caverna, em tempos de ascensão de grupos de extrema-direita em todo o mundo (no Brasil, inclusive), faz-se ainda mais necessário discutir o famoso filósofo alemão e sua infâmia, e abordar o que ele mesmo descreveu como sua maior asneira.
Depois de uma abordagem sucinta desse problema embaraçoso, Serra se dedica principalmente a discutir a concepção de verdade de Heidegger e seus reflexos em toda a obra do filósofo da Floresta Negra, desde o monumental ‘Ser e Tempo’ até os ensaios que se seguiram à famosa “reviravolta” em seu pensamento, detendo-se principalmente nos escritos do “último Heidegger”, ou seja, aqueles que a seu pedido foram publicados após sua morte.
Apesar do temário complexo, engana-se quem pensa que Heidegger na Caverna é voltado apenas para especialistas na área da filosofia: “Além da discussão dos principais marcos de extensa obra de Heidegger, algo por si só instrutivo para estudiosos do filósofo alemão, o livro oferece ótima oportunidade de pensar, de modo amplo e intrigante, quem eram os gregos e, sobretudo, como foram apropriados, interpretados, glorificados ou reduzidos na modernidade… É, antes, um diálogo franco e bem informado, em que a ironia, o humor e a divergência sadia se fazem presentes”, ressalta o prefaciado, M. R. Engler.
Professor da Universidade Federal do Paraná e especialista em filosofia germânica, ele acrescenta: “Serra é assaz generoso com seus leitores, e sua escrita exibe uma liberdade próxima da acrobacia: ao mesmo tempo que explica o pensamento de Heidegger, lança mão de comentadores renomados para tomar suas posições e faz todo o trabalho sério de um acadêmico, ele também deixa-se levar por digressões, recorre à tradição literária, à mitologia e, sobretudo a um estilo leve e algo aforismático”.
Sobre o autor
Ordep Serra é escritor, antropólogo e artista, bacharel em Letras e Mestre em Antropologia Social pela UnB e Doutor em Antropologia pela USP. Recebeu em 2023 o título de Professor Emérito da UFBA. Tem mais de 30 livros publicados, dentre os quais: ‘A Devoção do Diabo Velho’; ‘Águas do Rei’; ‘Dois estudos Afro-brasileiros’; ‘Um tumulto de asas – Apocalipse no Xingu’; e ‘Veredas: Antropologia Infernal’. Foi três vezes premiado em concursos nacionais de literatura e é membro Titular da Cadeira 27 da Academia de Letras da Bahia, instituição na qual está em seu segundo mandato como presidente.
SERVIÇO
- O que: Lançamento de Heidegger na Caverna, de Ordep Serra, com sessão de autógrafos
- Quando: 25 de setembro, quarta-feira, às 18h
- Onde: Academia de Letras da Bahia – Palacete Góes Calmon, Av. Joana Angélica, 198, Nazaré, Salvador
- Aberto ao público