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‘Preto Ozado’: Poeta Lucas de Matos lança novo vídeo-poesia nas redes sociais

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Lucas-de-Matos

O poeta soteropolitano Lucas de Matos lançou seu novo vídeo-poesia nas redes sociais. Intitulado ‘Preto Ozado’, o poema foi gravado na Casa do Benin, e lançado no Sarau Virtual em homenagem aos 33 anos do museu que fica localizado no Centro Histórico de Salvador, e traz peças originárias do Golfo do Benin em seu acervo.

“É uma poesia que fala de negritude, acessos e possibilidades”, comenta Lucas, que também homenageia a socióloga Vilma Reis, com quem teve aulas sobre temas raciais. “Vilma é uma mulher preta, intelectual, militante, que nos ensina a andar com a ‘cabeça erguida e bico na diagonal’ contra o racismo.

Ela também compartilha o pensamento de Lélia Gonzalez, filósofa que preconiza que, numa sociedade racista, pessoas negras devem se apresentar com nome e sobrenome”, explica.

O poeta, que também dirigiu e editou o material, comentou sobre a grafia do título. “Preto Ozado, assim mesmo com z, revela a “ozadia” preta e baiana em se rebelar frente às agruras seculares, numa ascensão coletiva. É isso que minha arte almeja”, finaliza. Assista o vídeo e confira o poema na íntegra: https://www.youtube.com/watch?v=q4gABI10hRE

PRETO OZADO
LUCAS DE MATOS

Deve doer, né?

Querer me ver trancado no porão da história
Enquanto eu continuo a ascender
Querer me ter capacho, na escória
Agora que eu tenho acesso à escola
E escolho enegrecer

Te irrita enxergar, mas estou lá

Tete-a-tete com seu filho na Universidade

E tem hora que até o ajudo a estudar

Vai ter que aceitar:
Você quase coroa sua tentativa de apagamento
Mas não contava com o aquilombamento
– Mandinga para viver, salvaguardar a memória
E hoje museus versam essa trajetória
De força que ressoa

Tapa os ouvidos, veda os olhos, se te atordoa
Deve doer, e se dói, deixo que doa

Não vai passar batido do meu close

E nem jogar quebranto no meu corre

Eu corro há séculos

E ainda continuo a driblar as curvas da morte

Não me venha dizer que o sangue derramado foi sorte

Cantei sobre o breu,
Mas hoje quero cantar sobre o brilho

Quero subir de tal forma que os meus subam junto comigo

Te segura! Eu vou atravessar o portal

Sou crua de Vilma Reis:

“Cabeça erguido, bico na diagonal”

E já que nesse país

Pra não ser preso

Tenho que andar identificado,

Toma aí meu RG:

Preto Ozado

Diga meu nome e sobrenome,

E mesmo que doa,

Diga alto!

Siga o poeta nas redes sociais: https://www.instagram.com/_lucasdematos/

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