“Fico te devendo uma carta sobre o Brasil” é selecionado para o IDFA – Festival Internacional de Documentários de Amsterdã
O documentário “Fico te devendo uma carta sobre o Brasil” será o representante brasileiro da 32ª edição do IDFA – Festival Internacional de Documentários de Amsterdã, o maior festival do mundo dedicado ao gênero. O anúncio dos selecionados para as mostras competitivas foi feito nesta quarta-feira, 23 de outubro, e o evento acontece entre os dias 20 de novembro e 1º de dezembro, em Amsterdã (Holanda). “Fico te devendo uma carta sobre o Brasil”, produzido pela Daza
Filmes, com coprodução Canal Brasil, VideoFilmes e Muiraquitã Filmes terá exibições nos dias 24/11, 26/11, 28/11 e 30/11, e concorre na categoria “Best First Appearance”, dedicada aos estreantes. O filme também foi selecionado para competir na categoria de melhor uso de material de arquivo (“Competition for best use of archive material”).
Em sua primeira direção de longas-metragens, a cineasta Carol Benjamin revela a história das três gerações de sua família, atravessada pela Ditadura Militar que se instalou no Brasil entre 1964 e 1985. Seu pai, César Benjamin, foi preso ilegalmente aos 17 anos, em 1971, e permaneceu como preso político por cinco anos, ficando três anos e meio desse período em uma cela solitária. A prisão e tortura do filho mais novo transformou a dona de casa Iramaya Benjamin, avó da diretora, em uma militante incansável pela anistia. A luta e a dor de ambos sempre foram, no entanto, pouco ou nada faladas em família. Ao mergulhar em uma história pessoal e a entrelaçar com a história do país – entre passado e presente – o filme investiga a persistência desse silêncio como ferramenta de apagamento da memória.
“Este filme começou como uma jornada ao passado da minha família, mas acabou esbarrando em conflitos que se mostraram vivos no presente – tanto no âmbito familiar, quanto no político. A Lei da Anistia promulgada por Figueiredo em 1979 foi uma espécie de “pacto de silenciamento”, que nos impediu de produzir memória sobre o período dos militares no poder. Este processo é muito diferente do que ocorreu em países vizinhos como Chile e Argentina, por exemplo, que possuem ampla cinematografia dedicada ao tema. E, no meu ponto de vista, esta é uma lacuna-chave para compreendermos o que está acontecendo no Brasil hoje, quando o legado da Ditadura Militar vem sendo ressignificado”, comenta a diretora Carol Benjamin.
Para resgatar a história do pai, Carol inicia o filme em Estocolmo (Suécia), onde Benjamin ficou exiliado por dois anos após sair da prisão. É lá também que a diretora reencontra Marianne Eyre, membro da Anistia Internacional desde 1966, com quem Iramaya trocava cartas regularmente e de quem se tornou amiga e confidente. O filme, narrado pela diretora, é entremeado, sobretudo, pelas leituras dessas cartas, depoimentos de Iramaya captados em diferentes momentos, fotografias, e imagens raras de arquivo (incluindo a emocionante chegada de César à Suécia e de seu encontro com o irmão Cid, também um exilado político).
“Existia um pedaço da minha vida na Suécia, e eu fui lá buscar. No filme, eu tento articular documentos históricos e reportagens de jornal com escritos íntimos e registros de família, como um rastro precioso para um período do nosso passado que ainda não foi propriamente formulado no Brasil”.
Sinopse:
FICO TE DEVENDO UMA CARTA SOBRE O BRASIL revela três gerações de uma família atravessada pela Ditadura Militar Brasileira (1964-1985). Ao mergulhar em uma história pessoal e a entrelaçar com a história do país – entre passado e presente – o filme investiga a persistência do silêncio como ferramenta de apagamento da memória.
Ficha Técnica:
Direção: Carol Benjamin
Produção: Carol Benjamin, Leandra Leal e Rita Toledo
Coprodução: João Moreira Salles, Eliane Ferreira, Maria Carlota Bruno e Pablo Iraola
Produção Associada: Fernando Fraiha e Maria Barreto
Produção Executiva: Danielle Villanova, Eliane Ferreira e Maria Flor Brazil
Montagem: Marília Moraes, edt e Isabel Castro, edt
Fotografia: Mauro Pinheiro Jr., ABC
Som: Edson Secco
Roteiro: Carol Benjamin e Rita Toledo
Id. Visual: Tatiana C. Bond
Pesquisa: Patricia Machado
Produção: Daza Filmes
Coprodução: Canal Brasil, VideoFilmes e Muiraquitã Filmes
Apoio: Sonideria, Psycho n’ Look e Histórias que Ficam
Distribuição: Bretz Filmes
Duração: 88’
Idioma: Português e Inglês
Sobre a diretora:
Sócia-fundadora da Daza Filmes, Carol Benjamin é documentarista, roteirista e produtora. Com seus projetos, já circulou os principais laboratórios e mercados de cinema do mundo. Como produtora e roteirista, lançou três documentários de longa-metragem: DIVINAS DIVAS, de Leandra Leal, CAPOEIRA: UM PASSO A DOIS, de Jorge Itapuã, e AS MIL MULHERES, de Rita Toledo. FICO TE DEVENDO UMA CARTA SOBRE O BRASIL marca sua estreia na direção. Atualmente, Carol escreve a série de ficção “A vida pela frente”, de sua autoria, em produção pela Daza Filmes para a Globoplay/GNT.
Sobre a produtora:
Fundada em 2010 por Carol Benjamin, Leandra Leal e Rita Toledo, a Daza Filmes conta hoje com sete longas e dois curtas em seu catálogo. Todos os nossos filmes tiveram boas carreiras em festivais de cinema – DIVINAS DIVAS, nosso último lançamento comercial, foi o documentário de maior bilheteria no Brasil em 2017 e ganhou diversos prêmios de crítica, público e indústria. Atualmente, a Daza Filmes produz sua primeira série de ficção para a Globoplay, maior plataforma VOD do Brasil.
Sobre a distribuidora:
A Bretz Filmes iniciou as atividades em 1990, atuando no mercado de vídeo como distribuidora e representante das principais empresas. Em 2011, a Bretz Filmes iniciou sua atuação nacional e internacional, passando a adquirir filmes nacionais e estrangeiros para distribuição própria em cinema, vídeo, televisão e VOD, especializando-se na distribuição de documentários e filmes de autor. A partir de 2015, a Bretz Filmes se voltou para o mercado de cinema nacional e independente, lançando títulos como: Woody Allen, O Cavalo de Turim, Nostalgia da Luz e Another Year. Mais recentemente, foram lançados os filmes brasileiros
e independentes Gabriel e a Montanha, On Yoga, Cézanne e eu, dentre outros.