Aldeia Nagô
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Que futuro nos espera? por Leonardo Boff

3 - 4 minutos de leituraModo Leitura

Muitos analistas fazem prognósticos sombrios sobre o futuro que nos espera como
James Lovelock, Martin Rees, Samuel P. Huntington, Jacque Attali e outros.


 É
certo que a história não tem leis, pois ela se move no reino das liberdades que
estão submetidas ao princípio de indeterminação de Bohr/Heisenberg e das
surpreendentes emergências, próprias do processo evolucionário. No entanto, um
olhar de longo prazo, nos permite constatar constantes que podem nos ajudar a
entender, por exemplo, o surgimento, a floração e a queda dos impérios e de
inteiras civilizações. Quem se deteve mais acuradamente sobre esta questão foi o
historiador inglês Arnold Toynbee (+1976), o último a escrever dez tomos sobre
as civilizações historicamente conhecidas:A Study of History. Ai ele
maneja uma categoria-chave, verdadeira constante sócio-histórica, que traz
alguma luz ao tema em tela. Trata-se da correlação desafio-resposta
(challenge-response). Assinala ele que uma civilização se mantém e se renova na
media em que consegue equiibrar o potencial de desafios com o potencial de
respostas que ela lhes pode dar. Quando os desafios são de tal monta que
ultrapassam a capacidade de resposta, a civilização começa seu ocaso, entra em
crise e desaparece.

 Estimo que nos confrontamos atualmente com
semelhante fenômeno. Nosso paradigma civilizacional elaborado no Ocidente e
difundido por todo o globo, está dando água por todos os lados. Os desafios
(challanges) globais são de tal gravidade, especialmente os de natureza
ecológica, energética, alimentar e populacional que perdemos a capacidade de lhe
dar uma resposta (response) coletiva e includente. Este tipo de civilização vai
se dissolver.

 O que vem depois? Há só conjeturas. O conhecido
historiador Eric Hobsbawn vaticina: ou ingressamos num outro paradigma ou vamos
ao encontro da escuridão.

 Quero me deter nos prognósticos de Jacques
Attali, economista, ex-assessor de F. Mitterand e pensador francês em seu livro
Une brève histoire de l’avenir (2006), pois me parecem
verossímeis, embora dramáticos. Ele pinta três cenários prováveis que resumirei
brevemente.

 O primeiro e do superimpério. Trata-se dos EUA e de
seus aliados. Eles conferem um rosto ocidental à globalização e lhe imprimem
direção que atende seus interesses. Sua força é de toda ordem, mas
principalmente militar:  pode exterminar toda a espécie humana. Mas está
decadente, com muitas de contradições internas que se mostram na enexorável
desvalorização do  dólar.

 O segundo é o superconflito. É o que
segue à quebra da ordem imperial. Entra-se num processo coletivo de caos (não
necessariamene generativo). A globalização continua mas predomina a
  balcanização com domínios regionais que podem gerar conflitos de grande
devastação. A anomia internacional abre espaço para que surjam grupos de piratas
e corsários que cruzarão os ares e os oceanos, saqueando grandes empresas e
gestando um clima de insegurança global. Estas forças podem ter acesso a armas
de destruição em massa e, no limite, ameaçar a espécie humana. Esta situação
extrema clama por uma solução também extrema.

 É o terceiro cenário, da
superdemocracia. A humanidade, se não quiser se auto-destruir, deverá
elaborar um contrato social mundial com a criação de instancias de
governabilidade global com a gestão coletiva e eqüitativa dos escassos recursos
da natureza. Se ela triunfar, inaugurar-se-á uma etapa nova da civilização
humana, possivelmente com menor conflitividade e mais cooperação.

 Só nos
resta rezar para que este último cenário aconteça.
Lboff/ que futuro nos espera

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