Quem tem medo da internet? por Emir Sader
Os grãos-tucanos, entre eles o próprio presidente, fizeram tudo
o que puderam para censurar a internet. Um colunista da empresa dos Frias vem perguntar
"como me livro da internet livre"? Fica clara a resposta: terminando com a
internet livre – isso o que pedem e outros.
Mas quem tem medo da internet? Por que tem gente com medo da internet? É uma
pergunta que todos nos devemos fazer, para entendermos o tipo de "democracia"
que eles pregam.
A isso haveria que acrescentar a perguntar que, nem por ter vindo de Sarney,
deixa de ser pertinente: Quem elegeu os donos das empresas monopolistas da
mídia? Quem escolheu Otavio Frias Filho, foi seu pai. Da mesma forma as
famílias Mesquita, Marinho e Civitas fazem passar de pai para filho. Quem votou
por eles? O dinheiro, que permitiu a essas famílias montar uma empresa de
mídia, situação que está vedada ao resto dos brasileiros. Aceitariam eles se
submeter a um referendo público?
Medo da internet – que os fez torcer, calados, para não aparecer publicamente
como estavam a favor da aprovação da censura na internet – tem os que detêm e
goza dos privilégios do monopólio. São afetados pelas noticias semanais não somente
sobre a crise financeira da mídia tradicional – a receita de publicidade dos
jornais norteamericanos caiu 29% só na primeira metade deste ano -, mas também
da sua credibilidade: quase dois terços dos nortemaericanos desconfiam das
noticias divulgadas pelo jornalismo, o índice de credibilidade mais baixo desde
que o Pewe Research Center começou a fazer esse tipo de pesquisa, em
1985.
Respondamos cancelando a assinatura dos seus jornais, deixando de ver seus
programas de rádio e televisão. Mostrando como a internet nos permite
informar-nos de maneira muito mais pluralista. Na internet se pode ler aos
jornais que nos interessam, de qualquer lugar do mundo, interagindo, opinando,
criando novos espaços.
Tenhamos claro que os que têm medo da internet são os que usufruem dos
monopólios, os que se submetem aos patrões que lhes pagam salários e lhes
garantem espaços de que eles acreditavam que dependeríamos para conhecer o
Brasil e o mundo. São os que acusam governos, partidos, movimentos sociais, de
não serem democráticos, mas estão a favor da censura e da ditadura, como agora
fica claro.
Quem têm medo da internet, têm medo da democracia, têm medo da cidadania, têm
medo do povo. Têm medo de ser derrotado de novo nas urnas. Têm medo de que o
povo, uma vez mais, como declarou um deles, "derrote a opinião pública".
Opinião pública que, nas palavras do Millor, quando não era empregado dos
Civita e tinha graça: "Opinião pública é a opinião que se publica". Prezam uma
falta opinião pública. Têm medo da internet, porque ela faz com que o que se
publique não seja apenas o que eles decidem. Viva a internet, viva a
democracia, viva o pluralismo.