Quem vai pagar o pato da corrupção na campanha do pato? Por Bernardo Mello Franco
Bernardo Mello Franco resumiu em seu artigo na Folha, nesta quinta (16), o potencial escandaloso da delação do marqueteiro do PMDB Renato Pereira, que antecipou que até a campanha do pato – a que pediu a queda de Dilma Rousseff, em meados de 2015 – foi corrompida com fraudes e desvios de recursos.
Autor do “Quem vai pagar o pato?”, Pereira entregou Pezão, Cabral e Paes no Rio de Janeiro, além de Marta Suplicy e Paulo Skaf, em São Paulo. Sua delação – que, ao contrário das que eram contra o PT, não animam as panelas dos indignados – está em discussão no Supremo Tribunal Federal.
Por Bernardo Mello Franco
Na Folha
O pato caiu na delação
As delações dos marqueteiros Duda Mendonça e João Santana ajudaram a desvendar os esquemas do PT. Agora é a vez de Renato Pereira abrir a caixa-preta do financiamento das campanhas do PMDB.
As confissões do publicitário atingem figurões do partido nas duas maiores cidades do país. No Rio, ele delatou Sérgio Cabral, Luiz Fernando Pezão e Eduardo Paes. O primeiro está preso, o segundo é o atual governador e o terceiro quer disputar a cadeira em 2018. O plano pode ser abortado se a doutora Raquel Dodge completar o serviço do antecessor.
Na delação, Paes é acusado de organizar um caixa clandestino com dinheiro de empreiteiras e da máfia dos ônibus. Numa passagem, o marqueteiro diz que o ex-prefeito o orientou a buscar R$ 1 milhão em espécie na sede das empresas de Jacob Barata Filho, que voltou a ser preso nesta semana. Paes nega as acusações.
Em São Paulo, Pereira delatou Paulo Skaf e Marta Suplicy. A dupla defendeu as cores do PMDB nas últimas eleições para o governo e a prefeitura. No ano que vem, Skaf pretende disputar o mesmo cargo. Marta tentará a reeleição no Senado.
Segundo o publicitário, a ex-prefeita usou um contrato do Ministério da Cultura para cobrir gastos eleitorais. Se as provas forem suficientes, ela pode ser denunciada por peculato.
Na terça-feira, o ministro Ricardo Lewandowski cobrou ajustes no acordo de delação. A decisão abre espaço para que Pereira esclareça alguns pontos cegos do depoimento.
No capítulo sobre Skaf, o marqueteiro diz que recebeu dinheiro da Fiesp e do Sistema S para promover o empresário “com vistas à disputa eleitoral de 2018”. O desvio de finalidade está claro, mas o valor do serviço ainda é desconhecido.
Pereira também afirma que a campanha “Quem vai pagar o pato?”, que ajudou a instalar o PMDB na Presidência, foi fruto de uma fraude. Ele conta que Skaf direcionou uma licitação para beneficiar sua produtora. Falta dizer quanto ganhou pela ideia.
Foto: Agência Brasil