Sinto um imenso orgulho da raça humana. Por Lívia Sampaio
Ontem, passeando muitoooooooooo, pelos murais alheios lá no facebook, resolvi ler em minúcias os posts da Lorena Morena – a negra gata que passou em 15º lugar em Letras na UFMG e deu uma voadora na racista que não teve c o m p e t ê n c i a para passar no mesmo curso -, e nos da Amanda Palha – travesti que passou em 1º lugar em Serviço Social na UFPE.
Os dois perfis tem posts interessantíssimos sobre diversos assuntos, especialmente sobre a necessária militância pela igualdade de oportunidades para os negros – Lorena – e para a causa trans- Amanda.
Fui lá atrás e li posts antigos delas, antes de ficarem conhecidas pós Enem/ 2015. São duas pessoas inteligentes, coerentes, reflexivas, sábias, mostram garra, determinação, e certamente o ingresso na Universidade vai aumentar as oportunidades não só para elas, como também para nossa sociedade que só tem ganhar na explosão da bolha em que viviam os universitários, especialmente os das Universidades Federais ( nos cursos mais concorridos, então, era uma alvura de jovens oriundos de escolas particulare$ de ponta que, percebo bem agora, era uma vergonha) : brancos, classe média, “gênero definidíssimo” e por aí se estagnava a vida de todos.
Não será fácil. Na explosão da bolha veio muito lixo. Lixo de um tempo – passado/recente – quando nem se sonhava que um dia negros, trans, presos ( bandido bom é bandido morto?!! ) pudessem cursar uma Universidade. Teremos que lidar com esse lixo. Vai levar muito tempo para limpar. Não ficará 100% limpo, mas vamos caminhando com a vassoura.
Começamos lá atrás, quando o governo Lula abriu diversas oportunidades aos menos favorecidos – ou nunca favorecidos -, e até hoje ouvimos ( e lemos ) , e cada vez mais alto, o coro da indignação, que costuma vir carregado de ódio, avareza, extrema maldade e algumas vezes de burrice. É…pq infelizmente existem pessoas inteligentes e más, o que é uma hecatombe. Um desânimo só.
Das pessoas que, por infortúnio, tenho que conviver e estão carregadas desse ódio, me afasto o máximo que posso, mas observo aqui e ali. Quando ouço ou leio algo bem tosco – tipo piadas de péssimo gosto com Lula/Dilma, ódio ao PT ( falo de ódio. Não de crítica ), racismo, homofofiba & afins – , penso “mas é claro !! Fulano não poderia pensar de outra forma”. As que eu não conhecia antes desses processos inclusivos e entraram na minha vida, já foram devidamente afastadas.
Para pessoas como Lorena Morena e Amanda Palha, meus parabéns !!!! Entre tanto desgosto com gente – especialmente na minha condição de branca, classe média, hetero – lendo Lorena e Amanda sinto um imenso orgulho da raça humana.