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O último dia de vida de um rei prestes a ser assassinado pelo próprio povo é narrado na peça "Laudamuco - Senhor de Nenhures", escrita em 1976 por Roberto Vidal Bolaño, um dos mais reconhecidos dramaturgos contemporâneos da Galícia. O texto, já montado por diversas companhias europeias, ganha nova versão em Salvador, assinada pelo grupo Toca de Teatro, com estreia em 5 de novembro e temporada aos sábados e domingos, às 20h, no Teatro SESI Rio Vermelho, com apresentações até 27 de novembro.
A montagem é a sétima do grupo, que completa 10 anos de estrada em 2016, e marca a terceira parceria artística com o encenador espanhol Moncho Rodríguez. O artista assinou também a direção de "Bartolomeus" e de "Bululú - Histórias da Invenção do Mundo", que venceu o Prêmio Braskem de Teatro 2015 nas categorias melhor espetáculo adulto e melhor ator, este último para Danilo Cairo e João Guisande, que também repetem a parceria em "Laudamuco - Senhor de Nenhures". No palco, a dupla ganha reforço com a atriz Fernanda Beltrão (Na Coxia, As Confrarias).
"A peça é uma sátira divertida e cruel que denuncia aqueles que exercem o poder com abuso e opressão, atendendo apenas aos seus interesses, e indiferentes, como se fosse normal e inevitável, à miséria que impõem ao seu povo", comenta Moncho Rodríguez, que considera o espetáculo "infelizmente oportuno". Na obra, o rei tem ao seu lado o último e fiel servo, que tenta a todo custo dissimular a decadência do reinado e entretê-lo com a ilusão de que ainda é poderoso. A esposa do servidor, terceira personagem da trama, faz um contraponto ao tentar chamá-lo à lucidez, e por vezes representa o povo, trazendo notícias da revolução popular que se aproxima.
Em cena, relações de poder e submissão, autoritarismo, passividade e revolta evidenciam a atualidade da obra, dando ao público a tarefa de fazer as associações possíveis com a experiência vivida. "Esse é um texto que mostra como o passado teima em ser presente, dissimulado como uma cebola com muitas e muitas capas, caras, peles, falsas transparências que encobrem a verdadeira essência de quem usa o poder para oprimir", complementa o diretor Moncho Rodríguez. O espetáculo foi concebido em Portugal, em 2014, tendo em seu elenco original, além do ator baiano João Guisande, dois intérpretes portugueses. Na nova montagem, que estreia em Salvador, além de novo elenco, novos sentidos devem surgir a partir da interação com o público.
Ficha Técnica
Texto: Roberto Vidal Bolaño Dramaturgia a partir de texto original: Helenma Sá Lima Encenação e Direção geral: Moncho Rodríguez Elenco: Danilo Cairo, Fernanda Beltrão e João Guisande Figurinos: Moncho Rodriguez e Marília Martins Adereços: Equipe FAFE Cidade das Artes Cenografia: Moncho Rodriguez e Guilherme Castro
Projeto de Luz (Criação): Moncho Rodriguez
Adaptação de Iluminação e Coordenação Técnica: Allison de Sá
Operação de Luz: Elsa Pinho
Produção: Toca de Teatro
Realização: Toca de Teatro e FAFE Cidade das Artes |